Crescer com animais de estimação traz responsabilidade para crianças
Ter um bichinho de estimação na infância pode ser benéfico para o desenvolvimento do senso de responsabilidade no cuidado com a vida animal e com outras pessoas.
As filhas de Declev Reynier e sua esposa vivem em uma grande família. Além das pequenas de 9 e 6 anos terem a companhia uma da outra, as meninas convivem com seus animais de estimação: dois cachorros shih-tzu, um aquário repleto de peixes, camarões e caramujos, além de baratas de madagascar.
E as filhas do casal de professores ainda querem mais animais. “Toda hora pedem coelho, pedem hamster, pedem um monte de bichinhos”, relata o pai. Mas a companhia dos pets vem acompanhada de muita responsabilidade. Declev conta que, como as meninas escolheram ter os bichinhos, elas são ensinadas a cuidar também.
“A gente pede que elas tomem conta, que elas brinquem com eles. Se tiver que passear na rua, elas vão com a gente para levar”, conta o professor. A família, que faz muitas viagens por conta do blog de turismo dos pais, costuma levar os bichinhos juntos. “Elas cuidam deles. Os animais vão no banco de trás com elas, e as meninas têm a preocupação de levar as coisas deles, levar o cobertor, levar a comida”, compartilha o pai.
Crianças com animais de estimação podem crescer mais responsáveis
Envolver as crianças nos cuidados com o animal é possível, e para ocorrer da melhor forma basta atribuir tarefas adequadas à idade e capacidade de cada uma. Quem explica isso é a médica veterinária Carla Maion. “Desde alimentar e pentear, arrumar o banheiro do pet até passear e brincar, as responsabilidades devem incentivar a participação ativa, promovendo o senso de responsabilidade e empatia”, exemplifica a profissional.
Para além da responsabilidade, conviver com um animal de estimação pode proporcionar às crianças a oportunidade de desenvolver outros valores e habilidades. “Desde a empatia e o respeito até a paciência e a comunicação eficaz, os pets podem ser excelentes professores para as crianças, ajudando-as a crescer e a se tornar adultos responsáveis e compassivos”, complementa a profissional.
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Como saber se devo adotar um bichinho?
Apesar dos diversos benefícios, adotar um animal de estimação é uma decisão que deve ser feita com cuidado. Isso porque tanto a criança, quando o pet, precisam ter um lugar seguro para conviver. “Antes de adotar um animalzinho, é crucial iniciar diálogos claros e educativas com a criança. Explique as responsabilidades envolvidas e a necessidade de atenção diária para garantir o bem-estar do novo membro da família”, sugere Carla.
A profissional elucida que ao escolher adotar um animal, é preciso considerar o tempo disponível para dedicar ao bicho de estimação, o espaço disponível em casa e a estabilidade emocional da família.
“Leve em consideração não apenas a preferência pessoal, mas também o temperamento do pet, o espaço disponível em casa e o estilo de vida da família”, complementa a médica. Para crianças mais novas podem ser mais indicados animais de estimação dóceis e de fácil convivência, como gatos ou cachorros.
Também é essencial garantir um ambiente seguro e supervisionado para os pets. “Ensine as crianças a respeitar os limites do animal e a reconhecer seus sinais de comunicação. Estabeleça regras claras sobre como interagir com o pet e forneça orientações sobre segurança, especialmente quando se trata de animais desconhecidos ou de grande porte”, orienta a veterinária.
Criando um melhor amigo
No vínculo entre a criança e o pet, existem estratégias que podem contribuir para melhorar a relação. O comportamentalista animal Wagner Brandão conta algumas estratégias. “Fazer atividades com o pet como, por exemplo, ensinar as crianças como jogar uma bolinha, ou brincar de cabo de guerra com o animal, sem colocar nenhum dos envolvidos em risco”, explica.
Além disso, o especialista sugere que é possível ensinar a criança o jeito certo de interagir e fazer carinho no animal, sem o apertar. “É possível envolver a criança nos passeios diários com o animal, em caso de cães, ou colocar o animal em uma prática de esporte. Um exemplo é o agility, onde o cão será conduzido pela criança na pista montada pelo instrutor, ajudando bastante na interação de ambos”, exemplifica Wagner.
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Atenção para além dos animais de estimação
Crescendo com animais de estimação, a criança pode aprender a ter carinho e atenção para além dos pets. Declev conta que já percebe, em suas filhas, como cuidar dos animais aumenta o senso de empatia.
O pai relata que a filha mais velha passa os dias observando o aquário, e percebe quando tem algo de errado. Um dia, ao ver que um peixe estava perseguindo outro, ficou preocupada e sugeriu trocar um dos animais de aquário. “Isso ajuda a criar esse olhar. E é um cuidado com o ser vivo, independente se é um peixe, se é uma barata, se é um cachorro, ou se é um colega”, comenta Declev.
Para o pai, o principal benefício de crescer com animais é como as meninas aprendem a ter cuidado com a vida e com outras pessoas. “Eu percebo que se tem alguém pedindo dinheiro na rua, elas sempre querem oferecer. Se alguém está com fome, elas querem levar uma comida. Se veem crianças em situação de rua, elas querem doar um brinquedo. Elas têm esse cuidado, não só com animais, mas com o ser humano também”, finaliza o pai.
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