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Cadê a culpa que estava aqui?
iStock Happy young mother having fun with her kid - Son hugging his mum outdoor - Family connection, motherhood, love and tender moments concept - Focus on woman eye
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Precisamos entender que tudo bem não dar conta de tudo.  Ninguém precisa, nem deve, ser perfeito o tempo todo

Tenho me perguntado em que momento surge a culpa materna. Sei apenas que sentir culpa fomenta inseguranças e mantém as mulheres encasteladas, longe de uma frente de trabalho poderosa e transformadora. Sutilmente cedemos nossos lugares aos homens, que, apesar de pais, não acessam questões emocionais que parecem inevitáveis para as mulheres. Nutrir a culpa as paralisa e faz com que reafirmem a necessidade de estar sempre ao lado dos filhos, como únicas cuidadoras suficientemente boas.

A culpa é a bola de ferro nos pés das mães contemporâneas. O julgamento e a comparação alimentam esse sentimento, que faz aflorar outras emoções: medo de errar, de frustrar, de deixar ser. E assim, sem refletir, vamos repassando essa autorização de não estar por inteira para nossos filhos e filhas, como uma herança emocional indesejada.

Com o tempo entendi que a culpa não nos abandona. A grande lição é saber moldá-la ao tamanho que lhe cabe: bem pequena. E isso acontece quando entendemos que é possível que todas as nossas versões nos habitem. Somos ao mesmo tempo mães, mulheres, amantes, amigas, produtoras, motoristas.

Cada uma tem um tempo para existir durante o dia e elas vão se alternando, desempenhando seus papéis do jeito que é possível. E quando as 24 horas terminam, podemos trocar a exaustão pelo orgulho de ter oferecido o melhor que tínhamos. O entendimento sobre nossa multiplicidade precisa vir também com a responsabilidade de nossas escolhas. Não vamos, nem precisamos, dar conta de tudo.

E partilhar nossas obrigações é também um jeito bonito de ensinar aos filhos que temos limites e que a vida se faz com a ajuda do outro. Te convido a tentar deixar o fardo mais leve. É possível e transformador.

LUA FONSECA é pernambucana, educadora parental e mãe de quatro filhos, mas também consegue ser outras coisas quando sobra tempo. Escreve mensalmente na edição impressa de Vida Simples

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