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Guardiã das plantas medicinais
Crédito: Derketta | IStock
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Lucely Morais Pio, geoterapeuta, especialista em terapias naturais | Sua missão é ensinar sobre o poder das plantas medicinais.

Foi num lugar antigamente conhecido como sertão de Goiás que a história do Lucely Pio começou. Em 1830, seu tataravô fundou a comunidade quilombola do Cedro, no município de Mineiros, em Goiás. Ela pertence à quinta geração desse povo, que ao longo dos anos foi descobrindo os efeitos poderosos das plantas medicinais daquela parte do Cerrado.

De acordo com Lucely, aos 5 anos, ela começou a acompanhar a avó em suas andanças pela mata. Foi com ela que aprendeu o poder de cura das plantas medicinais. Assim, desde que saiu com a avó pela primeira vez, nunca esqueceu de suas palavras: “As plantas se revelam para nós”.

Cura pela natureza

Lucely viveu a vida toda entre elas. E aos poucos foi conhecendo as propriedades terapêuticas de cada planta. Mãe de três filhos e avó de sete netos, Lucely sempre usou os remédios da natureza para tratar as enfermidades da família. Especialista em distúrbios emocionais, ela faz atendimentos em sua clínica, na comunidade e em redes sociais.

Dessa forma, sabe de cor os benefícios de quase todas as 457 espécies que estão catalogadas no centro de plantas medicinais da comunidade, onde as fórmulas são manipuladas. A esse conhecimento transmitido por gerações, Lucely somou outros que adquiriu em cursos e no mestrado sobre a eficácia das plantas medicinais. “A planta trata a pessoa como um todo, até a energia é equilibrada. Mas tem que saber o que está tomando para não ter um malefício”, diz.

plantas Crédito: Derketta | IStock

Saberes que ganham o mundo

Apesar de Lucely nunca ter saído da chácara onde nasceu, seus saberes ganham o mundo. Além de dar aulas na pós-graduação do curso de Farmácia, é representante da Rede Pacari de Plantas Medicinais do Cerrado, capacitadora de plantas medicinais e alimentação enriquecida em Goiás pela Pastoral da Criança. Além de todas essas funções,  ela ainda coordena uma carteira de projetos do Banco Mundial. “Cada hora surge uma doença diferente, um microrganismo diferente. Isso me faz estar sempre estudando.”

Por fim, ela acredita que nosso jeito de viver contribui para o adoecimento. “As pessoas vivem por meio das máquinas e esquecem que tem um ser humano ali, que precisa conversar com o outro, pisar na terra.” Para ela, ter uma vida mais conectada à natureza é o caminho para recuperarmos o equilíbrio tão em falta nos nossos dias.

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