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Quem foi um exemplo de vida para você?
Kal Visuals | Unsplash
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Neste artigo:

País, avós, tios, o irmão mais velho, professores e figuras históricas podem ser um exemplo, um norte, para a nossa jornada.

Normalmente quando pensamos em alguém que nos tenha inspirado como exemplo de vida, nos lembramos dos grandes nomes da história. Provavelmente você irá se recordar de alguma figura emblemática. Talvez Jesus Cristo, Buda, Gandhi, Marie Curie… O que não falta é biografia de gente servindo de modelo.

É comum também se pensar em um membro da família. Os mais cotados pela ordem são os pais. Depois vêm os avós, os tios e, finalmente, os irmãos mais velhos. Faz parte dessa relação também alguns professores, já que além de ensinar, serviram como referência para os rumos da carreira e até da forma de viver de muitos alunos.

Um norte só nosso

De todos os faróis de que poderíamos nos valer é a nossa própria luz, entretanto, que deverá iluminar os caminhos que precisamos percorrer. Podemos buscar inspiração aqui e ali, mas são as conquistas e tropeços que acumulamos ao longo da nossa jornada que nos proporcionarão o norte a ser seguido.

Quase sempre, ao cometer um erro nós nos penitenciamos. Em alguns casos, passamos até uma vida inteira nos remoendo. Chegamos a enrubescer só de nos lembrarmos do fato. Eu tive uma experiência muito marcante. No início da minha carreira, com muita insegurança, participei do programa “Mundo Corporativo”, comandado pelo jornalista Heródoto Barbeiro, na extinta rádio Excelsior, hoje CBN. Eu me lembro de que fui afiado para aquela entrevista.

Lições que marcam

Logo no início ele perguntou o que uma pessoa deveria fazer para vencer o medo de falar em público. Maravilha! Era o que eu mais queria, pois estava tendo a oportunidade de circular tranquilo na minha própria praia.

Falei com minúcias sobre cada detalhe do tema. Tudo estava indo melhor que a encomenda. Em determinado momento, ouvi um alerta que mais pareceu uma martelada na minha cabeça: ok, professor. Fiz de conta que não era comigo e continuei as minhas explicações. Ainda faltava muito para terminar.

exemplo de vida

Austin Distel | Unsplash

Pouco tempo depois, surgiu outro ok, professor, bem mais alto. Acelerei e pedi só mais um instante para concluir. Não teve jeito, Heródoto cortou a minha fala dizendo que já dera para entender o que precisaria ser feito. Fora do ar veio o tiro de misericórdia. Com voz calma, mas firme, ele explicou: sabe o que é professor, o rádio é muito dinâmico, cada segundo aqui é precioso. Quase morri!

Aquele episódio jamais saiu da minha cabeça. Virou uma obsessão retornar um dia àquele programa e tentar apagar a imagem negativa que eu havia deixado. Após muito tempo, talvez uns 15 anos depois “daquela verdadeira tragédia”, recebi um convite do próprio jornalista para uma entrevista. Era o que eu mais desejava. Finalmente eu poderia me redimir.

Aprender com o exemplo

A rádio Excelsior já havia se transformado em CBN. Quase não acreditei quando ele fez a primeira pergunta. Queria que eu desse explicações sobre o medo de falar em público. Eu já havia aprendido que entrevista não era aula. Em pouco tempo resumi as informações mais relevantes e dei a resposta. E assim o programa transcorreu normalmente.

exemplo de vida

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No final, terminada a minha participação, mais uma vez ele falou comigo. Disse: muito bom professor. Bela entrevista. Eu não pude resistir. Enchi o peito e falei todo orgulhoso: pois é Heródoto, essa foi bem diferente da anterior. Ele, com voz surpresa, retrucou: ué, mas você já tinha participado desse programa?

Melhor lição

Aquela foi uma das maiores lições que recebi na vida. Algumas experiências negativas ficam pressionando a nossa cabeça, mas não somos tão importantes assim para a humanidade. A vida segue, cada um na sua, preocupado com suas próprias ações. E uma curiosidade: Heródoto Barbeiro publicou um livro intitulado “Mundo Corporativo”. Nessa obra selecionou as 50 melhores entrevistas do programa – a minha está lá.

Para mim não poderia ter acontecido nada melhor. Foi uma ótima oportunidade para eu aprender como me comportar nas entrevistas. E a melhor de todas as aulas: nem sempre o que acontece conosco será lembrado por outras pessoas. E mais, o que pode ser visto como algo extraordinário para nós, para os outros talvez não tenha o menor significado.

Esse aprendizado com os meus próprios erros, com a minha própria experiência, dificilmente poderia ser concretizado nas páginas de um livro, em uma sala de aula, ou por conselhos de gurus que eu pudesse respeitar. Talvez a única orientação que poderia ser dada seja esta: encontre os bons exemplos nas pessoas que você admira. Tire de cada uma delas o que pode ser útil para a sua vida, mas saiba que serão sempre os seus próprios erros e acertos os melhores conselheiros para a sua existência.


Reinaldo Polito é mestre em Ciências da Comunicação, palestrante, professor nos cursos de pós-graduação em Marketing Político e Gestão Corporativa na ECA-USP e autor de 34 livros que já venderam 1,5 milhão de exemplares em 39 países. Sua obra mais recente éOs Segredos da Boa Comunicação no Mundo Corporativo. @polito

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