A cidade em movimento de Roberto Svolenski
A cidade em movimento. O fotógrafo Roberto Svolenski fala sobre sua trajetória, o futuro da profissão e como busca inspiração nas pessoas e no movimento das cidades.
O fotógrafo e professor de Fotografia curitibano Roberto Svolenski fala sobre sua trajetória, o futuro da profissão e como busca inspiração nas pessoas e no movimento das cidades.
Roberto Svolenski começa a conversa falando que hoje a fotografia é a sua paixão e o seu ofício. A Fotografia como profissão entrou na sua vida de um jeito tardio e, ao contrário do que geralmente acontece, não foi a foto que levou ao vídeo e sim o oposto.“Eu estudei Matemática, depois Cinema e só então fui para a Fotografia. Estava sempre buscando algo novo para fazer, então ingressei em Artes Visuais na Faculdade de Artes do Paraná. Foi quando eu percebi que mesmo sem saber o que ia encontrar pela frente, era aquilo que eu queria”, conta.
Atualmente Roberto transita entre as funções de fotógrafo e professor de Fotografia. Cineasta premiado na década de 2000, ele revela que ainda tem dificuldades em se apresentar como artista. “É estranho, mas acaba sendo uma coisa estrutural. A gente cresce ouvindo que a arte não é uma coisa boa e isso acaba cortando nossa capacidade de criar”, explica.
Quebrar regras
Do cinema, o Roberto fotógrafo trouxe seu interesse pelo que chama de ruído na imagem, e na Fotografia. O Roberto professor aprendeu a não seguir regras na hora de fotografar. “Não existe certo ou errado, existem formas diferentes e ângulos diferentes. Digo sempre aos meus alunos que conheçam as regras e depois quebrem todas. É assim que vão encontrar seu estilo”. Quando falamos de inspiração, Roberto é quase um antropólogo. “Pessoas me inspiram, me comovem. As formas de refletir sobre o mundo, as histórias, as expressões. O que mais me inspira são as pessoas”, revela.
Ele fala de Roland Barthes, Susan Sontag e Diane Arbus com o mesmo entusiasmo com que lembra dos irmãos e com que cita seu trecho preferido de Dom Quixote, personagem do livro de Miguel de Cervantes: sempre com um sorriso nos lábios e com os olhos voltados para cima, como quem busca a palavra certa e o afeto condizente com a lembrança.
Futuro da Fotografia
Conversar com Roberto é uma aula, mas uma aula em que ele ensina e aprende, sempre interessado no que o outro lado tem a dizer. Novamente o fotógrafo e o professor se esbarram: tudo é aprendizado para ele. E tudo é fotografia também. “Eu não olho as coisas, eu enquadro”.
Ele fala sobre o futuro da Fotografia e do seu processo de criação dizendo que a única coisa que importa é o olhar. “É o que diferencia o fotógrafo. E treinar o olhar vai além do ato de fotografar. É toda a bagagem que a gente traz, as viagens feitas, os livros lidos, as conversas, os cheiros, tudo.”
Cidade em movimento
Em sua fotografia de rua – sempre em preto e branco – fica clara essa bagagem de que ele fala. “Deixo-me levar pela urbanidade, pelo constante movimento da cidade. Isso também é para mim uma enorme fonte de inspiração”, explica Roberto. O fotógrafo diz que suas fotos são reflexos do corpo. Uma resposta involuntária a partir de algum estímulo, como ser espetado por uma agulha, por exemplo. “Reflexos que, como a luz, refletem sobre uma superfície que devolve de maneira direta ou difusa. São reflexos de um outro, que não conhecemos, mas que está lá, invertido”, finaliza.
Os comentários são exclusivos para assinantes da Vida Simples.
Já é assinante? Faça login