Desenvolvimento pessoal e expansão de consciência
Em um relacionamento sempre haverá um com raízes e o outro com asas, um com pés no chão e outro nos sonhos...
Em um relacionamento sempre haverá um com raízes e o outro com asas, um com pés no chão e outro nos sonhos…
…e essa linda dança se alterna no compasso da música da vida que acontece a todo instante, variando e se alternando dependendo do assunto, do entorno e dos objetivos.
Somos potencialidades manifestas e não manifestas.
Amar é tornar-se complemento, deste modo a verdadeira e genuína energia do amor floresce quando percebemos que todos somos asas e raízes, luz e sombra, karma e dharma. Amar é se colocar à serviço da unidade que existe através do encontro, da potencialidade que existe quando ambas as partes servem a algo maior que a individualidade e a visão pessoal de cada um; desta forma, sempre haverá aquele que dará o primeiro passo na direção do encontro. Não espere que seja o outro! Tome a frente.
Seja aquele que assume a auto responsabilidade de levar a relação ao próximo nível. Assuma a reponsabilidade por elevar a sua visão de mundo e expandir.
Na minha relação por exemplo, por muito tempo só fui capaz de ver aquilo que eu queria ver e me frustrar quando não encontrava o que eu esperava ver, era uma percepção egóica e superficial. Através dela havia julgamento, comparação e expectativa de forma que eu percebia minhas grandes asas prontas para um voo solo e via no outro a falta delas e a incapacidade de voar a dois; não sendo capaz de perceber que indo além das aparências e da superfície da minha percepção mental haviam raízes luminosas profundas nele que me davam suporte, confiança e que na verdade eram elas que estavam sustentando e alimentando o meu próprio vôo.
Sem suas raizes, não existiriam aquelas asas brilhantes que brotaram através da nossa convivência e da nossa co-criação.
Não somos seres individuais e separados como aparentamos e acreditamos ser, somos seres que vivem e se relacionam através da interdependência, da complementaridade e da expansão mútua.
As raízes aparentemente opostas e conflitantes com as minhas enormes asas eram justamente o que me davam a segurança e a força para que eu pudesse alçar voos cada vez mais altos.
Percebi que nós, seres humanos, somos aparentemente muito diferentes, mas somos todos asas e raízes o tempo todo.
Somos a própria árvore da vida, plena, completa, porém com alguns aspectos na luz, sendo iluminados, manifestos e percebidos e outros ainda intangíveis aos sentidos do homem, na escuridão, existindo como potencialidades adormecidas e ainda não manifestas, esperando o encontro para virem a luz. Uma não existe sem a outra. O voo em si não acontece sem asas e sem raizes … Asas não voam sem raízes, da mesma forma que as raízes só existem para dar vida as asas.
Essa percepção poderia ser uma otima descrição de Deus como a Unidade perfeita, omnipresente, omniciente ou o Absoluto, como explica a filosofia Taoista.
O TAO significa o Absoluto. É a totalidade, incluindo o visível e o invisível. É o ser e o não-ser juntos. TAO, em chinês apresenta três sentidos, ao mesmo tempo: é “caminho”, é “caminhante” e a ação de caminhar; por conseqüência o TAO é, ao mesmo tempo, o Criador, a Criatura e a criação.
O universo só existe enquanto UNIDADE, nós só existimos enquanto unidade, mesmo que nossos olhos tenham sido projetados para perceber o mundo através do contraste e da dualidade.
Quando me dei conta disso, de que podia olhar através das aparências e que existia uma unidade dentro do aparente contraste que a dualidade me mostrava, deixei de julgar a aparente “falta” do outro, pois entendi que quando falta de um lado é porque sobra do outro, e onde reconheço sobra no outro, muito provavelmente é um indício de que “falta” em mim, no sentido de ser alguma potencialidade que ainda não foi despertada na minha existência.
Asas e raízes representam aspectos opostos da mesma árvore, portanto igualmente importantes e necessários para viver e experimentar a totalidade e a autorealização em vida.
Quanto mais profundas são as raízes, mais nutrição chegará às extremidades opostas, mais elevada aos céus e mais frondosa e frutífera será sua copa.
Agora compreendemos que neste plano vivemos a dualidade, o contraste luz e sombra, karma e dharma. Seremos sempre uma parte luz e outra escuridão, uma parte talentos e habilidades manifestas e outra parte potencialidades ainda não manifestas; o que nos mostra que a complementaridade se torna fundamental para caminharmnos no sentido do auto desenvolvimento e da totalidade.
Onde somos asas, precisamos compartilhar das raízes de alguém, recebendo a energia e a força da sua estrutura para sermos leveza; da mesma forma precisamos compartilhar as nossas asas, permitindo que quem está raiz experimente a energia da liberdade, da expontaneidade e da criatividade que o voo oferece.
Relacionamento é um conceito lindo na teoria, mas na prática exige muito autoconhecimento, atenção e um punhado de desapego mútuo para permitir a liberdade de ser do outro. Liberdade em um relacionamento é quanto há permissão para o outro ser a sua complementaridade sem a necessidade de tranformá-lo para caber em suas expectativas; assim como permissão para o aprendizado acontecer dentro de um fluxo harmonico de troca livre.
O que fazemos porém, quando ainda não compreendemos a grande figura é aprisionar o outro em nossos julgamentos para que ele caiba em nas nossas expectativas, da mesma forma que limitamos a infinitude do mundo para que ele caiba no formato ideal dos nossos sonhos.
Nossa mente trabalha por comparação e ao olharmos a grande figura, identificamos e validamos apenas o mundo das aparências, do visível e consequentemente da “falta”, ignorando o fato de que somos seres inteiros, luz e sombra, visível e invisível, força e potencialidade, karma e dharma. Neste movimento nos desencontramos, vemos o erro, a inadequação, nos magoamos, encontramos culpados e nos sentimos vítima do que nos falta na relação, sem perceber que somos nós mesmos que estamos fechando o fluxo para a expansão.
Tudo o que rouba a expressão da nossa natureza humana expontânea nos aprisiona. Toda vez que nos colocamos em uma posição sobre humana de ter que corresponder a expectativas do outro, onde detectamos a falta e o”erro” não é possível, colocamos a nós mesmos e aos nossos parceiros de vida em uma grande armadilha.
Se aprendermos a nos colocar abertos, com a intenção de enxergar os dois lado – mesmo que não seja óbvio à princípio – compreenderemos que nada é 100% bom ou 100% ruim.
Nós enxergamos no mundo apenas o que a nossa mente coloca sua atenção e reconhece como verdade, portanto, quem cultiva uma mente neutra, uma ação centrada no coração irá sempre ser capaz de ver asas e raízes em si mesmo, em tudo e em todos. E será capaz de conter a tendência da mente em julgar e enxergar a falta e a impotência no outro. Da mesma forma não “comprará” mais a opinião do outro sobre si, compreendendo que nem todos são capazes de ver a grande figura.
O que é capaz de ver e o que faz da sua vida depende da sua capacidade de perceber a grande figura, para além da aparência. Orai de vigiai seus próprios pensamentos e julgamentos de valor e busque sempre o caminho do meio. Esse é o caminho que os grandes mestres e avatares que passaram pela terra nos ensinaram.
Lembre-se: Amar é se colocar à serviço da unidade que existe através do encontro, da potencialidade que existe quando ambas as partes servem a algo maior que a individualidade.
Você é um recurso marvilhoso sim, mas assim são aqueles com quem você encontra pelo caminho. Nos encontramos na estrada da vida para amar e servir ao outro com nossos dons, talentos e potencialidades, assim como sermos servidos por eles como iguais. Não há professores e não há alunos, há diferentes pontos de vistas e diferentes áreas da vida a serem iluminadas.
Ilumine sim, mas também permita-se ser iluminado.
Mariana Nahas é coach de vida, terapeuta integrativa, facilitadora de meditação e idealizadora do Programa de Desenvolvimento Pessoal Ser Humano. Acredita que o autoconhecimento e a autocompaixão são as chaves para despertar em nós o ser de infinitos recursos internos que somos enquanto seres conscientes. Escreve quinzenalmente no Portal Vida Simples. Seu instagram é @mariananahas_.
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