Cuidado com os pensamentos: eles podem mentir para você
Nossos pensamentos são a lente pela qual enxergamos o mundo. Mas nossa mente é afetada pelo nosso passado, nossas crenças e nossos medos
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Os pensamentos controlam a nossa forma de agir e se posicionar no mundo. Mas, antes de acreditar de olhos fechados em tudo que passa pela nossa cabeça, é preciso lembrar que nem sempre o cérebro é nosso amigo mais confiável.
Apesar de supostamente nos manter agindo sob a tutela da lógica, a verdade é que o cérebro é movido por crenças, emoções e traumas que modificam nossa forma de ver o mundo e analisar situações. Especialistas explicam os motivos pelos quais não devemos crer em tudo que pensamos.
Nem tudo que pensamos é verdade
O nosso cérebro não sabe distinguir o que é realidade e o que é imaginação. Portanto, é preciso tomar cuidado com o que se passa pela mente. “Estudos comprovam que o cérebro produz de até 50 mil pensamentos em um dia, sendo que 80% deles são negativos”, explica Carla Brandão, psicanalista e escritora.
Segundo a especialista, se não buscamos direcionar o que se passa na cabeça, teremos sempre uma repetição de padrões, geralmente influenciados por nossas vivências e crenças.
O passado determina o futuro
Nossos pensamentos são fortemente influenciados pelo passado. “O lugar onde eu nasci, a cultura onde eu cresci, a religião que fui ensinada, tudo isso determina a maneira como eu percebo os acontecimentos”, explica a psicanalista Ana Tomazelli.
Carla concorda e aponta que nossas crenças prévias têm um papel protagonista quando o assunto é interpretar o que está acontecendo ao nosso redor.
“A reação que temos está vinculada ao que já vivemos e construímos como verdade em nossa mente. Por isso, muitas vezes, temos atitudes não esperadas ou repetidas”, elucida.
Dessa maneira, se não percebermos de onde vem o sentimento que nos move, seremos sempre reféns do passado e da mente, que tende a rever o que já foi vivido, interpretado e consolidado em nossa vivência.
Buscando proteção, o pensamento cria padrões
Para Carla, somente quando rompemos com o funcionamento padrão do cérebro e entendemos de forma consciente os nossos pensamentos, podemos avançar.
“O órgão mais complexo do nosso corpo funciona de uma forma que promova a economia de energia. Repetindo as mesmas tarefas de sempre, o cérebro costuma utilizar 20% do oxigênio. Mas quando inserimos novos desafios, como estudar, sobe para 50%”, explica a especialista.
Se desafiar e encarar mudanças exige esforço, e os pensamentos buscam se proteger fugindo disso. “Estamos sempre repetindo condicionamentos prévios, histórias já vividas ou sentidas, conteúdos que conhecemos. Somente quando dizemos para a nossa mente que estamos no controle, é que as coisas podem ser transformadas”, complementa.
Mudar o que acreditamos depende de “surpreender” o nosso cérebro. E para isso é preciso um comando consciente. Nesse sentido, a terapia desempenha um papel importante para uma maior análise dos pensamentos.
“Afinal, o medo de uma situação adversa se repetir precisa ser olhado de frente, pois ele é, muitas vezes, repetição de comportamentos e sentimentos. Quem nunca acreditou que tinha um monstro embaixo da cama quando éramos crianças?”, aponta.
Crenças podem ser limitar pensamentos
“As crenças são as coisas nas quais a gente acredita, e não necessariamente se baseiam em fatos reais”, aponta Ana. Por conta disso, temos que nos atentar com o que acreditamos e levamos como verdade.
E aquilo que a gente escolhe acreditar não apenas afetam a nossa visão de mundo, mas são determinantes pela nossa maneira de pensar, na nossa visão de mundo. “Elas são os nossos pensamentos. A crença não é algo à parte, ela não é algo separado”, completa.
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