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O despertar espiritual e a loucura
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Afinal, o que é loucura pra você? Talvez apenas mais um ponto de vista diferente do meu

O que é loucura pra você? O que é ser normal neste mundo? Hoje quero compartilhar uma reflexão – talvez seja mais um desabafo…

Esses últimos 20 anos, os quais me dediquei ao autodesenvolvimento, a expansão da consciência e a espiritualidade, fui levada por muitos caminhos diferentes. Passei por diferentes linhas filosóficas e de pensamento: da psicologia clássica a Kabbalah, Filosofia dos Vedas, estudo da biologia do cérebro, budismo, meditação, espiritualidade moderna, um pouco de sufismo. Também flutuei por física quântica, estudo do sistema nervoso, astrologia, história das religiões, chacras, uma verdadeira salada russa.

Minha voz

Acho que o fato de sempre buscar um novo ponto de vista para as questões fundamentais à vida é a minha eterna busca pela verdade, pela totalidade, a compreensão da essência da vida, de Deus e o entendimento de toda existência. Quanto mais eu estudo e aprendo, mais eu entendo que estamos todos falando da mesma coisa. Não existe uma verdade absoluta, existem vários pontos de vista sobre a mesma verdade. Não tem absolutamente ninguém equivocado nesta história. Portanto, estou na mesma linha de pensamento de Sócrates; quanto mais eu sei, mais descubro que nada sei mesmo. Pois existem infinitas outras formas de olhar para a verdade de outras formas.

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Ao mesmo tempo, essa compreensão me libertou de fórmulas prontas, de seguir doutrinas, da rigidez da religião, de métricas de sucesso, padrões de comportamento e hierarquias de valores para o conhecimento. Entendi que o meu olhar sobre tudo isso tem tanto valor como qualquer livro sagrado ou estudo científico, pois está sendo vivido e percebido através do meu lugar no mundo agora. Deste lugar incluo e honro tudo que aprendi, mas sem rigidez, com fluidez e auto compaixão, co-criando a vida por meio da minha percepção de realidade.

E essa liberdade foi me levando cada vez mais perto do que eu chamo “a minha voz” – autoral, livre, amorosa e criativa. Uma voz que muitas vezes nem parece ser minha, pois carrega uma sabedoria maior, um amor maior que transcende minha compreensão racional. Essa é a minha consciência superior. Essa nova consciência me fez perceber que eu fazia parte de um grande organismo chamado existência, que todos e tudo contém e que está contida em tudo e em todos, mesmo naqueles que ainda não estão cientes da sua presença.

Existência divina

A existência divina é composta de muitos e muitos seres, que são como células que atuam individualmente, mas coletivamente nesse grande organismo da vida. Cada um ocupa seu lugar único e fundamental. O organismo da existência é vivo, está em movimento, em transformação e em evolução exatamente como toda e cada célula do nosso corpo. Somos essas infinitas células divinas, parte de um todo divino que é a grande criação.

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Nosso despertar espiritual e de consciência é como as renovações celulares que o nosso corpo físico passa. Olha que lindo! Segundo um dos maiores sábios e filósofos da antiguidade, visto por todos como um mensageiro de Deus, Hermès Trismegisto, nos presenteou com as 7 leis fundamentais que regem o Universo e uma delas é a Lei da Correspondência que diz o seguinte: “Tudo o que está em cima é como o que esta embaixo.” “O que está fora, é como o que está dentro.”

O micro e o macro são correspondentes. É muito interessante observarmos que o nosso corpo também passa por essas transformações o tempo todo. O corpo passe por uma “recauchutagem celular” da cabeça aos pés em intervalos que variam entre 7 e 10 anos. Temos um novo corpo a cada 7 anos, aproximadamente. Vale lembrar que as células de diferentes órgãos e tecidos se renovam com ritmos diferentes, dependendo do quanto cada uma precisa trabalhar para desempenhar suas funções.

Renascimentos

Isso acontece com o nosso despertar aqui na Terra também como humanidade. Cada ser humano “morre” e renasce para uma nova consciência várias vezes na mesma vida por meio dos seus processos pessoais de expansão de consciência. Casa processo é único, pessoal, subjetivo e intransferível. E isso faz com que cada um de nós passe a perceber o mundo de uma forma completamente nova, através de novas lentes depois desses processos. É como se cada vez mais os véus de separação, medo, julgamento, culpa, impotência, solidão, escassez fossem caindo por terra e a realidade divina fosse se revelando mais translúcida, brilhante, cristalina e colorida.

Precisamos admitir a fluidez

Ao longo do meu processo pessoal, por várias vezes, questionei se eu não estava ficando louca, pois a minha mente consciente e racional – que aprendeu a ver o mundo ameaçador e desafiador – entendia que algo deveria estar errado uma vez que eu estava tão feliz e leve por tanto tempo consecutivamente. Por muitas vezes questionei minha sanidade.

– Mariana, você não acha que está indo longe demais com a espiritualidade? Como você pode estar em paz e feliz frente a essa realidade?

Entendem o local que chega a loucura da nossa mente? Felicidade, alegria de viver, criatividade, paz de espírito, adaptabilidade e otimismo são patologias nos dias de hoje. Ultimamente quando tenho atravessado períodos mais longos de muita inspiração, luz e conexão espiritual e me vejo neste estado de abertura e flow criativo com a vida, minha mente logo bate a porta pra questionar a minha lucidez e sanidade. Como se houvesse uma não permissão pela leveza, pelo flow, pela prosperidade, paz e alegria de viver. Vivemos um inconsciente coletivo doente que não admite a fluidez.

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– Tem que ser difícil pra ter mais valor.
– Tem que ter dor pra ter aprendizado.
– Não dá pra ser pleno e feliz o tempo todo.
– O sofrimento faz parte da vida.
– É preciso matar um leão por dia.

E então, continuamos vivendo escravos desta forma de pensar, sentir, agir e reagir ao mundo e com isso o mundo continua nos dando exatamente aquilo que esperamos receber.

Auto-observação

Hoje uma das minhas principais práticas de auto desenvolvimento é a auto-observação, para não permitir que minha mente insana questione minha sanidade quando minha alma está livre brincando de viver nesta existência divina, fluindo, criando e desfrutando da alegria enquanto vivo, trabalho e me experimento nesta vida.

Afinal, o que é loucura pra você!? Talvez apenas mais um ponto de vista diferente do meu. Mas se temos a opção de escolher sobre qual ponto de vista viver uma vez que todos estão disponíveis. Será que não é hora da gente começar a escolher a liberdade dos loucos que conversam com as flores, sentem o cheiro das estrelas e riem de si mesmos?

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Mariana Nahas é coach de vida, terapeuta integrativa, facilitadora de meditação e idealizadora do Programa de Desenvolvimento Pessoal Ser Humano. Acredita que o autoconhecimento e a autocompaixão são as chaves para despertar em nós o ser de infinitos recursos internos que somos enquanto seres conscientes. Escreve quinzenalmente no Portal Vida Simples. Seu instagram é @mariananahas_.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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