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Mãe e filho viralizam com vídeo fofo sobre Síndrome de Down
Arquivo Pessoal Raquel e Marcello
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Um vídeo simples, mas com uma mensagem poderosa se espalhou pelas redes sociais e grupos de mensagens nos últimos dias. Mãe e filho, Raquel e Marcello falam de um jeito espontâneo, mas muito profundo, sobre a Síndrome de Down.

Na gravação que viralizou, eles abordam naturalmente a descoberta da Síndrome de Down durante a gravidez e, de forma muito afetuosa, dizem que “Síndrome de Down não tem grau, não é doença, não pega e é só uma condição genética.

Vídeo leve e positivo para desmitificar a Síndrome de Down

“Essa história no vídeo publicado no Instagram a gente conta todos os dias. Na verdade, ele pede para contar todas as noites antes de dormir, chamamos de ‘Era uma vez a mamãe grávida'”, revela a arquiteta Raquel Cabral, mãe de Marcello, com 5 anos.

Em entrevista à Vida Simples, ela relata como o menino aprendeu a sequência de palavras do vídeo. “À medida que o entendimento dele foi ficando maior, eu acrescentava informações e ele repetia. Aos poucos, ele já sabia contar a história inteira. O vídeo caseiro, feito no meu celular, foi em uma tomada só.”

Raquel explica que tanto o vídeo, como a página do Instagram de Marcello têm como propósito “furar a bolha” e desmistificar a Síndrome de Down, levando informações para todas as pessoas. “Acredito que esse vídeo feito de forma leve, positiva, que captou muito bem a nossa relação, contribui para isso.”, afirma a mãe.

Raquel: “uma mãe nada convencional”

Raquel sempre soube que seria “uma mãe nada convencional”. Casada, ela é mãe de Bernardo, 13 anos e Marcello, 5 anos, e madrasta de Maria Alice, 10 anos. “Bernardo é adotado. Maria Alice eu amo como filha, e o Marcello, o caçula, veio como a cereja do bolo”, conta.

Antes de engravidar do caçula, Raquel sofreu três abortos. Quando soube da condição genética do filho, ela não se assustou, muito pelo contrário. Sua maior preocupação era saber se o filho estava bem.

“Ao checar a translucência nucal durante o ultrassom, o médico me avisou que havia uma alteração e que poderia ser Síndrome de Down. Eu recebi muito bem a Síndrome de Down naquele momento. Depois das experiências que tive, só queria saber se o coração dele estava batendo.

O médico sugeriu o exame de amniocentese para ter certeza, mas, por se tratar de um procedimento invasivo (consiste na aspiração transabdominal duma pequena quantidade de fluido amniótico da bolsa amniótica) e com risco de aborto, Raquel não quis.

Com 22 semanas de gestação, um pequeno susto obrigou a mãe a passar 90 dias em repouso absoluto para evitar um parto muito prematuro. Marcello nasceu com 34 semanas, com uma cardiopatia, que o levou a ficar 16 dias na UTI. Até os seis meses de vida do caçula, a família viveu um período de “quarentena”, aguardando a cirurgia cardíaca. “Ele só fazia fono nesse período, mas após a cirurgia e o período de resguardo, começamos todas as terapias.”

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“A Síndrome de Down é só uma das muitas características do Marcello”

Raquel diz que primeiro enxerga o filho, e depois a Síndrome de Down. “Muitas pessoas veem a Síndrome, e isso é limitante. A Síndrome de Down é só uma das muitas características do Marcello”.

“Sempre que uma mãe me procura para compartilhar, digo: ‘Olhe seu filho, veja características suas e do pai nele, veja as características que são só do seu filho antes de qualquer coisa’.”

A criança desde cedo ouve histórias e a música faz parte da rotina da casa. A mãe também tem o cuidado de conversar sempre olhando para Marcello para que ele perceba o movimento dos lábios, a pronúncia e o som das palavras.

Assim, os estímulos vieram de forma leve e descontraída. “Não deixava ficar na frente de telas até os 2 anos.  Começou a balbuciar bem depois de um ano. Andou com 1 ano e 9 meses. Nunca me preocupei com isso. Sabia que ele faria no tempo dele, sempre com acompanhamento de fonoaudióloga e fisioterapia”, diz.

Empoderamento através do “método Mamãe”

Além das terapias, Marcello sempre foi constantemente estimulado e incentivado pela própria família. “E existe o método Mamãe: eu incentivo e acredito nele. Marcello precisa de um tempo diferente, sim, mas ele aprende. Marcello é muito atento, tem uma memória fantástica, hoje acompanha a escola e já está lendo.”

Palavras de apoio e empoderamento fazem parte do vocabulário da família e hoje o pequeno até pergunta: “Mamãe, você quer ter autonomia?”.

“Ele repete essas frases de tanto que falo para ele, eu empodero o meu filho, quero que ele saiba que pode fazer tudo o que quiser”, defende Raquel.

E como é um menino muito esperto e se comunica muito bem, tem as suas tiradas. A mãe, claro, se diverte: “Tem coisas que ele fala que nem posso postar. Um dia cheguei na fisio, e ele disse: ‘Oh, preguiça! Eita que pariu!'”.

Uma mensagem de acolhimento para outras famílias

Pelo Instagram @marcellomeninim, muitas pessoas procuram Raquel para pedir conselho, orientação e em busca de acolhimento. Tem pessoas que buscam uma cura, mas, como bem disse Marcellinho no vídeo, a Síndrome de Down não é uma doença.

“Vejo preconceito dentro da gente e isso precisa ser desconstruído. Costumo dizer: ‘Aceite seu filho, olhe para ele, é uma pessoa única’.  Não gosto de generalizações: ‘Uma criança com Down vai fazer isso ou não vai fazer’. Não. Cada um é um.”, diz. “Quando as mães me procuram eu digo: ‘Parabéns, você não tem ideia da preciosidade que seu filho é na sua vida’.”

Por fim, nada de comparações. A mãe explica que cada criança tem o seu tempo e suas características. Esse respeito, segundo Raquel, é fundamental para um desenvolvimento saudável. “Meu sonho é ter um instituto aqui em Fortaleza para ajudar as famílias que não podem arcar com as terapias, a estimulação precoce é fundamental para o desenvolvimento das crianças.”

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