Como encontrar a forma que viemos servir este mundo?
Assim como a argila, é o homem. Pode permanecer bruto, disforme e adormecido por toda a vida ou determinado a tomar vida para servir a um fim indispensável
Assim como a argila, é o homem. Pode permanecer bruto, disforme e adormecido por toda a vida ou determinado a tomar vida para servir a um fim indispensável. Essa é uma decisão que só compete a si mesmo
Lendo o livro “O Caminho dos Essênios”, de Daniel Meurois e Anne Givaudan guardo em meu coração uma passagem que me marcou profundamente. Ela dizia que nós, seres humanos ainda adormecidos, somos como um punhado de terra que nossos pais aguam durante nossa primeira infância para criar a liga e assim nos tornarmos argila bruta e disforme. Somos nós que, ao longo da vida, precisamos decidir nos tornar taças para receber a energia da criação. Esse ato é uma decisão.
Porém, não podemos nos esquecer que uma taça não se destina apenas a receber. Metade da sua riqueza evapora se ela demorar muito a chegar aos lábios daqueles que tem fome e sede. Essa é a mais linda e pura verdade que muitos de nós negligenciamos ao longo da vida. Nos queixamos do caos da vida moderna, do estresse, da correria, do desequilíbrio de nossos corpos, da dificuldade em estabelecer relacionamentos verdadeiros e viver uma vida próspera. Mas, não paramos para, realmente, assumir a nossa parcela de responsabilidade pelo caos que está em nossas vidas.
Ainda são muito poucos aqueles que param para perceber que a vida é uma via de mão dupla: dar e receber. Suas taças não foram criadas apenas para receber e servir seus lábios sedentos por mais, mas sim todos aqueles que a vida conduz até vocês. É nossa responsabilidade, e de mais ninguém, dar forma a nossa argila já rachada e seca pelo tempo em que permaneceu sem ser utilizada.
Confia e vai
Vai, busca sua essência, encontra a força na terra do seu ser, encontra na fluidez e flexibilidade da água, que é sua essência divina, o poder de moldar teu destino. Também de encontrar a forma que poderá servir ao mundo de uma maneira que nem mesmo você acreditava ser capaz de fazê-lo. Esse texto vem te dizer isso.
Confia que você sabe como fazê-lo. Mas, para isso é preciso escutar uma voz que, aparentemente, não é tua. Mas que te conduz como um maestro de volta pra si mesmo e te mostra quão valiosa pode ser a sua taça quando colocada a serviço de todos. Conheço esse lugar e, hoje, é o berço da minha morada. Vai que esse lugar também te pertence, é lá que nossos corações se encontrarão.
Sei que, às vezes, duvida do seu poder, duvida da sua capacidade de encontrar sua forma, mas isso acontece porque ainda acredita que a sua forma está atrelada a lei dos homens. E nessa lei, a taça precisa ser rígida e perene, modelada pelo esforço e pela disciplina. Uma obra de arte, porém, não é moldada pelo músculo, mas sim pelo fluxo da criação que chega como vento que sopra nos ouvidos e traz a boa nova. Lembre-se que a qualidade de uma taça não está apenas na hábil mão do artesão, mas no sol que seca e no vento que endurece a argila.
Apenas sinta…
Você trilhou um longo caminho até aqui. Quanta sabedoria adquiriu, quantos olhares hoje são teus, quantos encontros te marcaram profundamente, quanta história carrega tua alma. Entende como nenhuma outra taça pode ser igual a você? Coloca água nessa terra seca, sente lá no fundo da alma a voz que só o coração pode sussurrar e modela.
Existem momentos em que poucas palavras bastam para sentir e se tornar quem você sempre foi, mas havia se esquecido.
Mariana Nahas é coach de vida, terapeuta integrativa, facilitadora de meditação e idealizadora do Programa de Desenvolvimento Pessoal Ser Humano. Acredita que o autoconhecimento e a autocompaixão são as chaves para despertar em nós o ser de infinitos recursos internos que somos enquanto seres conscientes. Escreve quinzenalmente no Portal Vida Simples. Seu instagram é @mariananahas_.
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