“O Silêncio dos Homens”: uma conversa necessária
Documentário fornece ferramentas para que a sociedade ajude a educar meninos sensíveis e para que homens já adultos tornem-se mais humanos
Documentário discute masculinidade e fornece ferramentas para que a sociedade ajude a educar meninos sensíveis, bem como para que homens já adultos tornem-se mais humanos
“É preciso coragem para abrir nosso coração aos outros e expor nossa vulnerabilidade. Podemos parar de nos esconder e de temer que alguém possa ver quem realmente somos, porque estaremos escolhendo ser vistos”. É com essa frase, publicada no livro “Um Coração Sem Medo”, de Thupten Jinpa, que o documentário “O Silêncio dos Homens” começa um diálogo marcante.
Produzido pelo Papo de Homem e disponível no YouTube, o filme apresenta dados e conversas com personagens reais e especialistas ligados à saúde mental e sociologia sobre masculinidade tóxica, que é ensinada, de forma geral, desde que pais e mães descobrem que estão grávidos de um menino.
Masculinidade tóxica
Quantos homens emocionalmente frágeis você conhece? Eles simplesmente não são assim ou são frutos de uma criação para viver em sociedade? A maneira como meninos são tratados em detrimento à educação e sensibilidade cobradas de meninas, todos sabemos. O resultado são adultos enclausurados dentro de seus sentimentos, violentos e incapazes de manter relações saudáveis.
Além disso, os números não mentem: homens têm uma expectativa de vida menor do que mulheres. Também se acidentam mais. Compõe a maioria esmagadora da população carcerária. Suicidam-se mais. São criados para serem machões, no sentido mais cruel e retrógrado que o termo tem. Em suma, o fardo de se enquadrar no que se espera de um homem, pode ser devastador. “Os homens se matam e matam uns aos outros”, disse Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista da Água Branca.
Azul para menino, rosa para menina
Levante a mão se você nunca ouviu que ‘tal coisa é de menino e tal coisa é de menina’ ou ‘homens não choram’? Frases como essas, reproduzidas constantemente por aí, são um dos gatilhos para gerar homens menos humanos, que, apesar de ter voz, não falam com emoção. Sofrem e sentem-se sozinhos. E para extravasar, machucam quem está no entorno.
A quietude verbal e emocional está enraizada nos homens. Assim, romper com isso é um movimento de coragem. “Quebrar o silêncio de sua própria fraqueza e vulnerabilidade, é humanizar-se”, ressalta o psicólogo e pesquisador em masculinidades, gênero e saúde Eduardo Chakora.
Desse modo, em uma sociedade que experimenta cada vez mais atos de violência em camadas tão profundas, o silêncio dos homens precisa ser rompido. É preciso falar com a alma para que tenhamos mais pessoas humanas entre nós. E o documentário aborda, com sensibilidade, a história que permeia muitos de nós e o processo doloroso, mais possível, de tornar-se melhor para si e para o outro.
O Silêncio dos Homens
Disponível no YouTube
100 minutos
2019
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