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    Zero é o único número aceitável para a fome no Brasil
    JOSHUA HOEHNE UNSPLASH Combate ao desperdício de comida. Foto de Joshua Hoehne Unsplash
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    Zero é o único número aceitável para a fome no Brasil. A expressão usada por representantes da ONU (Organização das Nações Unidas) durante o lançamento do Pacto contra a Fome, lançado em São Paulo. A meta do movimento é erradicar a fome até 2030 e permitir que até 2040 as pessoas estejam bem alimentadas e bem nutridas.

    Atualmente, 33 milhões de pessoas não tem o que comer no país. Há 30 anos, em 1993, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, mobilizou toda a sociedade brasileira no combate à fome. Na época, o país tinha a missão de tirar 32 milhões de pessoas da fome, em outras palavras, nas últimas décadas, caminhamos para trás. Desses 33 milhões de pessoas que passam fome, 14 milhões são crianças com menos de um ano, conforme os dados da organização Ação da Cidadania.

     

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    Os números se tornam mais assustadores porque revelam como lidamos de maneira contraditória com a comida. O Brasil desperdiça 8 vezes a quantidade de alimentos capaz de alimentar aqueles que não tem o que comer. Cálculos feitos pelos organizadores do movimentam mostram que para alimentar os 33 milhões de brasileiros que passam fome, seriam necessárias pouco mais de 7 milhões de toneladas de comida em um ano. O país costuma desperdiçar 55 milhões de toneladas no mesmo período, o que dá quase oito vezes o necessário.

    Segundo Simone Silotti, da ONG Faça um Bem Incrível, e uma das representantes do terceiro setor que apoio o Pacto Contra a Fome, o Brasil chega a perder 40% das hortaliças que produz. “E quando falamos em uma alface que foi para o lixo, falamos também de uma semente que se perdeu, de nutrientes do solo que não foram aproveitados e de desperdício de água também”, avalia. “Temos de combater a fome e o desperdício de alimentos, que começa no campo.”

    Ao mesmo tempo que a insegurança alimentar cresce no país, a obesidade avança, principalmente pelo aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. Em sua fala durante o lançamento do Pacto contra a Fome, Iara Rolnik, diretora de programas do Instituto Ibirapitanga, entidade parceira do movimento, fez uma breve reflexão sobre esse problema e como os alimentos saudáveis devem ficar mais caros nos próximos anos, dificultando o acesso a uma alimentação saudável.

    E como resolver esse problema? Para Maria Siqueira, diretora do Pacto contra a Fome, a resposta não é simples e exige o envolvimento de toda a sociedade. “Além de apoiarmos ações que já existem e aprendermos com elas, chamamos o governo para serem elaboras políticas públicas consistentes de combate à fome, mas mais do que isso, nossa meta é chegarmos em 2040 com pessoas bem alimentadas e nutridas.”

    Como Maria bem observou, a fome impacta todos os aspectos da vida. “Está na criança que não consegue aprender na escola, o que impacta todo o futuro, dessas pessoas que não conseguem romper com o ciclo de pobreza, como com o país.”

    Nosso papel contra a Fome

    Em um vídeo exibido durante o lançamento do Pacto, o sociólogo Herbert de Souza contou a seguinte anedota:

    Esta é uma história sobre quatro pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.

    Havia um importante trabalho para ser feito, e TODO MUNDO tinha certeza que ALGUÉM o faria.

    QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM fez.

    ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.

    TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixaria de fazer.

    No final TODO MUNDO culpou ALGUÉM porque NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.

    A fome é um problema de todos nós. Cada um precisa fazer a sua parte para vivermos em um mundo melhor, sustentável e com qualidade de vida para todos. Por essa razão, a Vida Simples apoia o Pacto contra a Fome. E você? Vamos embarcar juntos nesse movimento?

     

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