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    Como o apoio emocional ajuda na jornada de mulheres tentantes
    (FOTO: UNSPLASH) Impacto emocional de quem tenta engravidar é real e precisa ser reconhecido como parte do processo
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    Para muitas mulheres, o desejo de engravidar é acompanhado por sonhos, expectativas e planos feitos cuidadosamente. Mas quando a gravidez não acontece no tempo esperado, o que era para ser uma fase de alegria e esperança pode se transformar em um percurso silencioso de angústia, ansiedade e frustração. Além da questão física, a tentativa de engravidar mexe profundamente com o emocional, especialmente em um mundo que ainda insiste em romantizar a maternidade como algo natural ou fácil.

    É como se a vida entrasse num modo de pausa. Cada mês começa com uma pontinha de expectativa e termina com um mix de decepção e dúvida. Nos aplicativos do celular, o ciclo menstrual é monitorado como se fosse um cronômetro. A prateleira do banheiro vai ganhando novos testes. E, mesmo com a rotina seguindo em frente, sempre há um pedacinho da mente voltado para essa espera que parece nunca ter fim. 

    Uma montanha-russa emocional

    Tatiane Paula Souza, psicóloga cognitiva- comportamental, explica que é muito comum que mulheres tentantes vivenciem uma verdadeira montanha-russa emocional mês após mês. “A espera por um resultado positivo pode ser extremamente desafiadora. É comum surgirem sentimentos como angústia, frustração, medo de não conseguir e até culpa. Cada novo teste negativo pode representar uma queda brusca após um pico de esperança”, diz.

    A ginecologista Larissa Pires, especializada em reprodução humana e medicina fetal, reforça que o estilo de vida tem influência direta na fertilidade feminina. “Cuidar da fertilidade é, antes de tudo, cuidar da saúde como um todo. O ideal é manter uma rotina equilibrada. Claro que adotar hábitos saudáveis não garantem uma gravidez imediata, mas melhora significativamente as chances e contribui para uma gestação mais segura”.  

    Ela lembra ainda que hábitos como fumar, consumir álcool em excesso e a exposição constante a poluentes e substâncias químicas também são fatores que afetam a fertilidade. “Tanto o excesso quanto a falta de peso podem comprometer a ovulação. Exercícios físicos intensos demais, alimentação pobre em nutrientes e qualidade de sono interferem no equilíbrio hormonal”, explica.

    Larissa também chama atenção para a influência do emocional sobre o sistema reprodutivo. “O estresse crônico e a ansiedade afetam o eixo hormonal responsável pelo ciclo menstrual. Isso pode levar a irregularidades no ciclo ou até à anovulação”, afirma. Além disso, a ansiedade pode reduzir o desejo sexual, afetar o sono, a alimentação e a percepção do próprio corpo.

    Ela destaca que, embora o emocional não seja o único fator, ele pode agravar dificuldades já existentes. “É comum ouvir relatos de mulheres que engravidaram ao ‘relaxar’. Isso mostra o quanto o corpo e a mente estão interligados”.

    A pressão que ninguém vê

    Além dos fatores físicos e emocionais, o ambiente social pode se tornar um peso extra. Comentários como “relaxa que acontece” ou perguntas como “e o bebê, vem quando?” reforçam a ideia de que a maternidade é um caminho obrigatório e natural, o que nem sempre corresponde à realidade. “Isso aprofunda o sentimento de inadequação e gera um silêncio emocional. A mulher deixa de compartilhar o que sente por medo de julgamento ou por cansaço”, pontua Tatiane.

    A idealização da maternidade como destino universal para todas também colabora com esse fardo. “Cria uma expectativa quase obrigatória, e a dor pela não concretização da gravidez não é socialmente legitimada”, reforça. Para ela, desconstruir essa lógica é essencial para que cada mulher se reconecte com o próprio desejo e possa lidar com o processo com mais autenticidade.

    “Não se trata de negar a frustração, mas de reconhecê-la e encontrar formas mais saudáveis de enfrentamento”, afirma. Claro, sempre atuando diretamente nos pensamentos automáticos, que muitas vezes se tornam distorcidos, como “nunca vai acontecer comigo” ou “meu corpo está falhando” e que cada vez mais alimentam o sofrimento. O foco é aprender a dialogar com esses pensamentos com mais compaixão e realismo. 

    Nomear a dor é o primeiro passo

    Para a psicóloga, validar as emoções é fundamental: “Nomear é reconhecer. Validar é dar dignidade ao que se sente. Muitas mulheres tentam esconder o sofrimento, achando que não têm o ‘direito’ de se sentirem assim porque ainda não houve uma perda concreta. Mas a dor emocional que acompanha a tentativa frustrada é legítima.”

    O apoio do parceiro(a) e dos familiares é fundamental nesse processo, mas vai além de frases prontas. “A presença emocional é o que mais importa. Ouvir sem interromper. Estar junto mesmo quando não há o que dizer. Às vezes, o ‘vai dar certo’ pode soar como um apelo para que a dor passe rápido. A mulher precisa sentir que está acompanhada, não apressada”, orienta Tatiane.

    Ainda que o processo seja difícil, algumas estratégias podem suavizar a jornada. “Estar cercada de pessoas que respeitem o seu tempo e o seu processo faz diferença. Criar rotinas com momentos de autocuidado, prazer e desconexão da ansiedade da espera também ajuda.”

    Além disso, outras práticas podem contribuir para fortalecer o bem-estar emocional durante esse período:

    • Grupos de apoio com outras tentantes, que compartilham experiências semelhantes e oferecem escuta sem julgamentos;
    • Terapias integrativas, como acupuntura, meditação guiada e yoga, que auxiliam na redução do estresse e na reconexão com o próprio corpo;
    • Escrita terapêutica ou diário emocional, como forma de nomear e organizar sentimentos;
    • Limitar o consumo de conteúdo gatilho nas redes sociais para proteger a saúde mental;
    • Conversas honestas com o(a) parceiro(a), cultivando um espaço de apoio mútuo, sem pressão ou cobranças;
    • Estabelecimento de limites sociais, inclusive recusando comentários invasivos ou perguntas indesejadas, com gentileza.

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