Menu
  • CONTEÚDO
  • PARA ASSINANTES
  • E MAIS
  • NEWSLETTERS
  • ANUNCIE
  • REDES SOCIAIS
    • Google News
  • EDIÇÃO DO MÊS
  • COMPARTILHE
    Como equilibrar o que o futuro promete com o que o presente exige?
    (FOTO: UNSPLASH) Tentar aprender tudo ao mesmo tempo é um dos fatores que contribuem para a exaustão emocional
    Siga-nos no

    Você provavelmente já ouviu por aí que, para se manter relevante no mercado (e no mundo), é preciso aprender o tempo todo. O conceito de life long learning — ou aprendizado ao longo da vida — vem sendo apontado como chave para o futuro, para a empregabilidade e até para a saúde do cérebro. O problema é que o futuro cobra velocidade, mas a vida cobra boletos, louça lavada, descanso, filhos e prazos.

    É como se a gente ficasse preso no dilema entre “aprender o conceito de Big Data ou arrumar a pilha de roupas que está na cadeira do quarto”. O que vale mais: uma nova habilidade ou a capacidade de viver o agora sem se sentir insuficiente? É possível aliar as duas coisas? E será que nosso cérebro dá conta de tanto estímulo, novidade e exigência?

    Aprender sempre pode ser uma coisa boa — desde que a gente também aprenda a descansar, a dizer “não sei”, a respeitar o próprio ritmo. O desafio não é só se preparar para o amanhã, mas atravessar o hoje com plenitude. Talvez a pergunta não seja “o que mais eu preciso aprender?”, e sim “do que eu realmente preciso agora?”. Esse “talvez” aí é genuíno.

    A ilusão de estar sempre atrasado

    “O tempo ficou mais curto”, ouvimos com frequência. Mas será que foi o tempo que encolheu ou fomos nós que começamos a querer demais?

    Para Alfredo Castro, professor da FIA Business School, essa sensação de urgência permanente tem relação direta com a forma como lidamos com o conhecimento hoje. “Vivemos um momento em que precisamos aprender o tempo todo, e isso pode parecer angustiante. Mas o aprendizado, na verdade, sempre foi uma necessidade. A diferença é que, agora, queremos acelerar esse processo, como se fosse possível aprender tudo de uma vez.”

    Essa ansiedade por atualização constante gera um ruído interno que bloqueia o verdadeiro aprendizado. “A aceleração é real, mas a percepção de colapso é, em parte, uma construção emocional — amplificada por redes sociais, algoritmos e discursos de escassez de tempo”, afirma.

    “De nada adianta adquirir novos conhecimentos sem nos preocuparmos em esquecer os antigos. O maior desafio é saber o que aprender, quando aprender e por quê”, complementa Edson Carli, CEO da Academia Brasileira de Inteligência Comportamental. “O mundo não nos exige saber tudo. Somos nós que criamos essa expectativa.”

    Como o cérebro influencia na hora de aprender?

    Nosso cérebro é plástico, adaptável — e essa elasticidade é justamente o que nos permite aprender ao longo da vida. Mas até essa flexibilidade tem limites: ela depende de pausas, sono adequado, motivação e propósito. Aprender cansa. E cansa ainda mais quando a motivação vem do medo de ficar para trás, e não de um desejo genuíno de crescer.

    “Criamos um ideal de que precisamos estar em constante movimento, que se não estivermos atualizados o tempo todo, seremos excluídos. Mas isso é exaustivo. Há um limite entre querer aprender por desejo e querer aprender por medo de ficar para trás”, pontua Alfredo.

    A ideia do aprendizado ao longo da vida não deveria ser uma corrida para alcançar o amanhã, mas uma disciplina para sustentar o presente em constante transformação.

    “O futuro que tentamos identificar é, em boa parte, uma construção mental, uma atitude. Tentamos projetar cenários baseados em tendências, dados, intuições… mas o futuro em si é volátil, ambíguo, até caótico”, afirma Castro. “Os mais inovadores estrategistas não acreditam em prever o futuro. O que podemos — e devemos — fazer é nos preparar para responder, mais do que prever.”

    Ninguém precisa ser bom em tudo

    Diante de tantas exigências, é comum acreditar que precisamos ser multicompetentes, capazes de tudo o tempo todo. Mas isso é real ou apenas mais uma ilusão de produtividade?

    Segundo o docente, “essa ideia de que precisamos saber tudo o tempo todo é um novo tipo de opressão. Ela ignora nossos ciclos, nossa necessidade de descanso e até a complexidade dos próprios aprendizados”.  “Nenhum de nós será competente em tudo — e nem deveria tentar. A exigência de sermos ‘multicompetentes’ é muitas vezes usada como desculpa para a falta de clareza sobre o que realmente importa. O maior risco não é não aprender tudo, mas aprender superficialmente”.

    Essa pressão por desempenho constante também tem raízes mais profundas, ligadas à forma como lidamos com a insegurança e a busca por validação. “O maior medo do ser humano é ser considerado incapaz de algo. Daí vem a tentativa de acumular saberes e títulos, como se isso resolvesse a nossa insegurança interna, mas quem faz boas perguntas é muito mais interessante do que quem tenta ter todas as respostas”, completa Edson.

    Como eu me preparo para aprender algo sem ficar ansioso?

    Se o mundo está em constante mudança, como acompanhar tudo sem sucumbir ao cansaço ou à cobrança? A resposta, segundo Castro, não está em correr mais, mas em desacelerar com intenção.

    “O sucesso nesse cenário dependerá da capacidade de adaptação e da disposição para adquirir novos conhecimentos ao longo da vida. Mas, acima de tudo, da sabedoria de reconhecer o que é essencial agora”. “Devemos investir no que chamo de alicerces silenciosos: pensamento crítico, ética, escuta ativa, colaboração, empatia.”

    Para Edson, é preciso entender que o termo pode ser substituído por ‘aprendizado suficiente’. “Pare, reflita sobre seu propósito e, a partir dele, defina o que é essencial aprender. O resto é só ruído de fundo”. Além disso, outras práticas de como lidar com tudo isso e manter a calma:

    • Defina seu propósito atual: antes de sair acumulando cursos ou informações, pergunte-se: ‘qual meu objetivo neste momento da vida?’. Isso ajuda a direcionar o aprendizado e filtrar o que é essencial;
    • Estabeleça um ritmo saudável: aprender não precisa ser uma maratona. Organize uma rotina leve e realista para adquirir novos conhecimentos, com tempo para descanso;
    • Crie pausas conscientes: o cérebro precisa de tempo para processar. Inclua momentos de ócio, silêncio e desconexão digital no seu dia;
    • Troque comparação por curiosidade: em vez de se comparar com o que os outros estão aprendendo, exercite a curiosidade genuína sobre o que desperta seu interesse e faz sentido para você.

    ➥ Leia mais
    Afinal, você tem pressa de quê?
    Grande carga de trabalho ‘deixa Terra com burnout’
    Carga mental: o trabalho invisível que pesa no emocional

    Para acessar este conteúdo, crie uma conta gratuita na Comunidade Vida Simples.

    Você tem uma série de benefícios ao se cadastrar na Comunidade Vida Simples. Além de acessar conteúdos exclusivos na íntegra, também é possível salvar textos para ler mais tarde.

    Como criar uma conta?

    Clique no botão abaixo "Criar nova conta gratuita". Caso já tenha um cadastro, basta clicar em "Entrar na minha conta" para continuar lendo.

    0 comentários
    Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

    Deixe seu comentário

    Ao se cadastrar, você concorda com a Política de Privacidade e Dados da Vida Simples
    Sair da versão mobile