Sedentarismo, exagero em bebidas alcóolicas e outras substâncias, tabagismo e, além de tudo isso, deixar aquela ida ao médico sempre para depois. Na juventude, algumas pessoas vivem como se não houvesse amanhã. No entanto, o amanhã chega e, junto com ele, problemas de saúde causados por hábitos prejudiciais podem dar as caras em uma idade bem específica: os 36 anos.
É o que mostra um estudo de pesquisadores da Universidade de Jyväskylä, na Finlândia. Os resultados, publicados no jornal acadêmico Annals of Medicine, foram baseados na pesquisa que durou mais de 30 anos. Nestas três décadas, pessoas de 8 a 61 anos foram acompanhadas em seu estilo de vida. Quando elas chegavam aos 36 anos com hábitos ruins, os efeitos nocivos foram notados e intensificados.
Saúde física e mental
Claro que a partir dos 30 (ou antes, dependendo da pessoa) a ressaca já começa a ficar pior, o treino começa a render menos e a vida traz mais responsabilidades que afetam a saúde mental e o bem-estar emocional. Entretanto, o estudo mostra que a partir dos 36 anos o corpo demonstra com mais intensidade o excesso de hábitos prejudiciais que, uma hora ou outra, desencadeia em doenças.
A geriatra Thaís Bertholini explica que os danos causados são físicos e mentais, com o surgimento de doenças crônicas multifatoriais que envolvem vários sistemas do nosso organismo.
“As doenças físicas mais comuns são as cardiovasculares (hipertensão arterial, infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico), diabetes tipo 2, obesidade, doenças respiratórias (doença pulmonar obstrutiva crônica), alguns tipos de câncer (mama e cólon) e doenças musculoesqueléticas (sarcopenia, osteoartrite, artrose).”
Thaís também afirma que os principais sinais estudados pela pesquisa em relação à saúde mental foram sintomas depressivos, bem-estar psicológico, autopercepção de saúde e risco metabólico.
“Curiosamente, o acúmulo temporal de comportamentos de risco à saúde foi particularmente associado aos sintomas depressivos. No entanto, a perspectiva do curso de vida também deve ser levada em consideração no desenvolvimento de sintomas depressivos e depressão na idade adulta. O agrupamento dos comportamentos de risco à saúde ao longo do tempo pode ser um dos fatores importantes na prevenção de sintomas depressivos e depressão.”
Pise no freio aos poucos
Para que os 36 anos não cheguem com problemas, é interessante buscar alternativas na rotina. Trocar a cervejinha e o cigarro do fim de semana por uma simples caminhada é um passo que, talvez, seja difícil. Até porque alguns hábitos caem no campo do vício. Porém, com certeza alterações aos poucos ajudam o corpo e a mente. E lembre-se: cada um tem sua própria história e seu tempo. Mudanças não acontecem no dia para a noite.
A geriatra elenca hábitos saudáveis que devem ser incluídos no dia a dia independente da idade:
- Avaliação médica: antes de qualquer mudança, procure um médico para identificar pontos de atenção e definir metas seguras e personalizadas para sua saúde;
- Alimentação equilibrada: inclua mais frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras nas refeições. Reduza, gradualmente, o consumo de alimentos processados, açúcar e gorduras saturadas. Lembre-se: hidratação também conta. Beba mais água e evite o excesso de bebidas açucaradas e alcoólicas;
- Movimento com prazer: incorpore a prática de atividade física à sua rotina de forma prazerosa e progressiva. O importante é manter o corpo ativo, respeitando seus limites;
- Sono de qualidade: não subestime o poder do descanso. Criar uma rotina de sono saudável é essencial para a recuperação do corpo e o equilíbrio mental;
- Vacina em dia: é imprescindível manter o calendário vacinal atualizado conforme as orientações dos órgãos competentes (Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Imunizações).
De acordo com Thaís, incluir esses hábitos na rotina traz diversos benefícios: “Aumento de energia e produtividade, redução de estresse e ansiedade, melhora do humor, fortalecimento do sistema imunológico, regulação do peso, recuperação muscular e ajuste do equilíbrio hormonal.”
➥ Leia mais
– Mudanças sociais e medicina impulsionam gravidez após os 40 anos
– Prática popular, jejum intermitente pode trazer riscos à saúde
– Treinar fora de casa funciona como respiro na correria da rotina
Os comentários são exclusivos para assinantes da Vida Simples.
Já é assinante? Faça login