As amizades são parte essencial da nossa vida e têm reflexos importantíssimos na nossa saúde. Entender essa relevância nos faz enxergar o porquê é necessário fazer uma manutenção e dedicar atenção para nossos amigos.
“O estudo mais longo sobre felicidade, feito por Harvard, diz que o segredo está em bons relacionamentos. E não só os amorosos e conjugais, que a gente sempre imagina, mas os relacionamentos entre pessoas”, explica Chrystina Barros, especialista em ciência da felicidade pela Universidade de Berkeley, na Califórnia.
Na psicologia, entende-se que para aguentar o sofrimento que a vida nos traz durante todos os dias, a gente precisa sempre do suporte de uma rede de apoio.
“São pessoas que nos ajudam a superar os problemas e nos trazerem ideias de como a gente pode melhorar e mudar na nossa jornada, de formas que nem sempre a gente consegue ver.”
Por conta disso, a manutenção tem um papel fundamental na nossa relação com amizades.
A manutenção das amizades
Para a especialista, tem muita gente que confunde ter amigos com ter uma rede social virtual grande. “Eu tenho milhares de amigos no Instagram, dezenas de amigos no Facebook, eu falo com os meus amigos todos no WhatsApp. Mas redes sociais não requerem manutenção ou esforço”, explica.
E quando a gente fala em baixa manutenção, detalha Chrystina, existem estudos que mostram que as pessoas estão dedicando mais de 70% do tempo para a vida virtual. “Por conta disso, de repente a gente se dá conta que encontra nossos melhores amigos talvez uma vez, duas vezes por ano.”
“E para quem tem 50 anos, por exemplo, se a gente pensar em uma expectativa de vida até os 80 anos, isso significa que a gente só vai encontrar com esse amigo talvez mais 30 vezes. E isso é tão pouco”, reflete.
É muito importante enxergar a manutenção de amizades não como uma obrigação, mas como prazer, como aquilo que nos fortalece, que mantém o vínculo e a conexão.
É preciso entender, afinal, que as amizades, assim como os relacionamentos, precisam de cuidado. “Se não, assim como uma planta, esses relacionamentos murcham e podem morrer. O dia a dia afasta muito e isso acontece em todas as relações”, finaliza.
Sem culpa ou obrigação: como manter amizades
Para não perder esse vínculo, manter o contato físico é essencial. “E se nem sempre for possível, como a pandemia nos mostrou, as videoconferências nos salvam. A gente poder falar e ver pessoas. E se isso for o que cabe na agenda, tudo bem”, pontua. O importante é não deixar de lado uma parte tão grande do nosso viver.
A vida está corrida, e parece que para todos o tempo está correndo cada ano mais rápido. “Devemos parar e ver aquilo que ocupa a nossa agenda. O quanto de tempo temos para a gente se cuidar e cuidar dos nossos relacionamentos”, pontua.
No ritmo acelerado em que vivemos, ações simples são muito poderosas. “Pode ser uma mensagem para saber como a pessoa está, uma ligação para escutar a voz ou um bom dia rápido, nem que durante o próprio dia de trabalho ou no momento de almoço”, exemplifica.
É importante tentar de alguma forma fortalecer a relação, celebrar as datas especiais, perceber que existe um interesse genuíno do cuidado. “E sempre que puder, declarar o amor sem vergonha nenhuma, sem medo. Até porque quando a gente constrói uma verdadeira amizade, dizer eu te amo faz parte, é natural e reforça o amor”, completa.
Impactos dos amigos na saúde
A amizade tem um impacto direto na saúde mental e física. “São vários os trabalhos já feitos sobre isso, não só para felicidade, mas de que a amizade traz mais bem-estar, traz mais longevidade’, pontua a especialista.
Por esse motivo, quando não temos amigos próximos, a gente está se isolando socialmente. “E o isolamento social é fator de risco para a saúde, tal qual o tabagismo e a obesidade, como apontado pela Associação Americana de Psicologia.”
Então, é muito importante estimular, cultivar e buscar sempre fortalecer e criar novas amizades. Afinal, não ter amigos próximos pode ter grandes impactos negativos na nossa vida.
“Sem uma boa amizade, perdemos desde o prazer de estar com um amigo, das substâncias químicas que isso nos libera, até a companhia que nos motiva a praticar exercícios, sair de casa, ver a luz do sol. Viver isolado não nos permite sobreviver”, finaliza.
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