Recentemente, o ator Sérgio Marone declarou-se “ecossexual”, um termo abrangente, mas que é utilizado para pessoas que sentem prazer por quem demonstra consciência ambiental. Vez ou outra algum famoso faz alguma declaração do tipo que nos deixa curiosos para compreender a questão. Para além dos nomes diferentes, é fato de que o autoconhecimento é fundamental para saber o que provoca – em cada um – prazer sexual.
Embora o assunto ainda seja considerado um tabu, é preciso deixar claro que o prazer sexual não se resume só ao sexo ou ao orgasmo. “A libido é sobre a energia de viver e não é descarregada só no âmbito sexual, mas no tesão que temos no nosso trabalho, de se alimentar, nos relacionar com outras pessoas, não só sexualmente”, explica a educadora sexual Clariana Leal.
Para a especialista, diz respeito a uma possibilidade de relacionamento com o mundo, não apenas consigo mesmo. “A gente tem a ideia de que a libido é uma coisa que a gente liga e desliga quando quer transar, e não é assim”, complementa. Assim, a educadora enfatiza que é importante, ao longo da vida, ter momentos de sociabilidade e construção de referências. Não só no âmbito sexual, mas na forma como nos colocamos no mundo.
LEIA TAMBÉM
– A influência do sexo na saúde mental e emocional
Construindo relacionamentos saudáveis
Conhecer a si mesmo e o que traz prazer para seu corpo é também se permitir vivenciar relações saudáveis. Mais do que isso, é compreender limites e acordos que podem ser estabelecidos em uma relação. Há pessoas que adotam práticas como o BDSM (dominação, submissão e sadomasoquismo), já outras não tem o menor interesse em interações como essa. O importante, na verdade, é reconhecer as suas particularidades e respeitas as dos outros.
A importância do autoconhecimento no prazer sexual é tamanha que ele nos permite saber um pouco mais de quem nós somos. “A partir do momento que essa questão se torna mais clara, teremos uma manifestação em torno das formas da sexualidade”, explica o psiquiatra Alexandre Valverde. Isso significa, segundo o especialista, uma compreensão das identidades, orientações sexuais e das corporeidades.
Assim, quando debatemos a autoconsciência no contexto do prazer e de outras experiências, estamos também abordando a maneira como entendemos a nós mesmos. “É importante conhecer os caminhos, os meios e o tempo para o orgasmo acontecer, por exemplo, assim como em que partes do corpo a gente sente prazer e que locais nós gostamos de transar”, explica Valverde.
VOCÊ PODE GOSTAR
– O que é o amor? Um conto sobre sentidos
– A felicidade mora nas relações
Os benefícios do prazer sexual
O prazer sexual aciona uma complexa e dinâmica rede de hormônios que são liberados quando estamos com a libido em alta. Isso vai desde um abraço afetuoso com alguém que gostamos até um orgasmo em uma relação sexual. Alguns deles são a dopamina (sensação de prazer e motivação), endorfinas (euforia e bem-estar) e serotonina (regulação do humor).
O autoconhecimento também permite com que as decisões sejam mais conscientes. “Se compreender na esfera sexual significa que a pessoa está preparada para fazer escolhas mais assertivas que permitam relacionamentos mais saudáveis na medida em que o outro também está disposto a se entender nessa relação”, explica a psicóloga Mônica Budete Lourenço.
Mas é necessário lembrar que o sexo não pode ser uma obrigação a todas as pessoas. “Se uma pessoa não frui do prazer do próprio corpo e não se permite, a questão pode estar ligada a uma assexualidade. Portanto, se ela não vive essa dimensão, mas se entende como assexual, a gente precisa respeitá-la“, explica Alexandre Valverde.
Entenda termos comuns na esfera das práticas sexuais
É verdade que existe uma ampla variedade de práticas sexuais e termos que as definem. Algumas palavras são conhecidas por poucas pessoas, enquanto outras se tornaram parte do cotidiano. É importante ressaltar que nem todas essas práticas trazem prazer para as mesmas pessoas, e é fundamental entender o que funciona para cada indivíduo.
A seguir, apresentamos uma lista com alguns conceitos e breves explicações sobre cada um deles:
BDSM: Sigla que abrange as práticas de Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo. Envolve a exploração de poder e o jogo erótico através de papéis dominantes e submissos.
Poliamor: Refere-se a relacionamentos consensuais envolvendo múltiplos parceiros simultaneamente, com a devida comunicação e acordos estabelecidos entre todas as partes.
Swinger: Envolve casais que consensualmente participam de trocas de parceiros sexuais com outros casais, geralmente em encontros ou festas específicas.
Fetichismo: Consiste em encontrar prazer sexual por meio de objetos, materiais ou partes específicas do corpo.
Voyeurismo: É o ato de obter excitação sexual ao observar outras pessoas praticando atividades sexuais, sem necessariamente participar diretamente delas.
Tantra: Sistema filosófico e espiritual que explora a conexão íntima e energética entre os parceiros sexuais, valorizando a intimidade e o prazer prolongado.
Pansexual: Se refere à atração por pessoas, independentemente da sua identidade de gênero.
Sapiossexual: O termo é comum para descrever pessoas que têm atração principalmente pela inteligência ou pela mente de outra pessoa.
Ecossexual: É um conceito que surgiu para descrever uma orientação sexual que se baseia na atração por entidades ecológicas, como a natureza, o meio ambiente e o planeta Terra em geral.
Demissexual: Comportamento no qual uma pessoa só desenvolve atração sexual por outra pessoa após estabelecer uma conexão emocional profunda e significativa com ela.
LEIA TAMBÉM
– Não-monogamia: uma nova perspectiva para as relações
Os comentários são exclusivos para assinantes da Vida Simples.
Já é assinante? Faça login