Meu nome é Sindhu. Rodei por 66 países, morei em quinze. Hoje minha base é em Israel. Vim passar 20 dias no Burning Man daqui e nunca mais saí.
Não sei se foi sorte, mas dei um workshop de Tantra e outro de Constelação Familiar em Tel Aviv, e lá recebi um convite de uma participante, a Moran: “vem morar na minha casa, tenho um quarto pra você”. Depois de 10 minutos de conversa, já cheguei com as malas.
Moran é metade judia, metade palestina. Depois de meses, descobri que era filha de um grande músico israelense e embaixador da paz, chamado David Broza, e que ela era chef em um restaurante com estrelas Michelin. Foi muita sorte!
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Parceiro de vida
Na fila do sabich, uma comida de rua iraquiana vegana, conheci meu atual companheiro. Mas não dei bola e levei um ano para reencontrá-lo na mesma fila e começar a namorar naquele mesmo dia. Um mês depois fomos morar juntos.
Ou seja, nunca paguei aluguel na cidade mais cara do mundo. E não foi por não querer. Nunca me deixaram.
Encontrei um companheiro de viagens e levei ele aos países árabes. Ele morria de medo e hoje já tem vários amigos, fala árabe também. Ele me ajuda nos retiros e visitas aos lugares mágicos, museus, templos e festivais de todos tipos de artes. Constantemente, damos vivências e workshops de meditação Sufi, tântricas, ecstatic dance, banho de gongos e instrumentos sônicos…
Além de resolver problemas de água e de sustentabilidade, também é DJ e, como típico israelense, é um bom dono de casa, afinal, são os homens que fazem os afazeres por aqui. Em Israel, na parte não religiosa, existe uma cultura muito feminista, na qual assédio e traição são bem mau vistos. Os homens fazem mais terapia que as mulheres… Em comparação com os brasileiros, há diferenças culturais muito grandes.
Diferenças culturais
As israelenses não permitem “brincadeirinhas machistas”. Elas nunca aceitariam novelas e músicas que desrespeitem a mulher. E são bravas! Vive-se uma cultura matriarcal, que segue ritos milenares no calendário lunar que relembram a força e resiliência dos ancestrais.
Já os meus ancestrais são refugiados de guerra, fugiram da perseguição de Hitler, perderam tudo na Europa e foram para o Brasil com a roupa do corpo. Acho que herdei deles o nomadismo e a adaptação a qualquer situação sem frescura. Foram muitas gerações em fuga, desde a Terra Santa, no Leste Europeu e, por fim, o Brasil, onde chegaram sem falar um A em português!
Sai do Brasil com 16 anos. Fui morar na Austrália, fui trabalhar em fazendas de alimentos orgânicos e estudar permacultura, construção de florestas e sustentabilidade, naquela época assunto ainda inexistente no Brasil. Não imaginava que alguns anos depois construiria uma ecovila no interior de São Paulo.
Formação em Naturologia
Retornei para fazer a graduação e fiz uma faculdade que na época só tinha no Brasil: Naturologia. É uma formação acadêmica de vanguarda que estuda terapias, medicina Ayurvédica, Chinesa e até Psicoterapia Junguiana.
Depois, fui para o mundo… Morei em um barco por seis meses, cruzando países do Norte da Europa. Após isso, ainda passei por outros 13 países. A história é longa.
No ramo da música, tive três bandas. Rodamos ao todo 12 países, recebemos uma indicação pra Grammy Latino, tocamos em incontáveis festivais, moramos em uma van, viajamos de balão e vivemos muitas aventuras. Tocamos para 100 mil pessoas e, muitas vezes, para ninguém nas ruas. Também em enterros, casamentos, bares, e até para os peregrinos do Caminho de Santiago de Compostela, próximo a uma cidade no meio do nada na França.
Crescimento e expansão das terapias
Trabalhei com ciganos franceses, tocando música típica dos Balcãs com influências do Oriente Médio. Fui bailarina por muitos anos e também morei em países árabes com contrato em hotéis cinco estrelas. Pude trabalhar com uma banda marroquina. A história é longa e foram outros tantos países e aventuras.
Agora, estou indo para a Ilha de Creta, trabalhar inserindo retiros no hotel mais maravilhoso da região. Ainda continuo indo para o Brasil, onde ofereço algumas imersões em Valinhos. E o namorido vai junto, não é fácil seguir uma mulher independente!
Brasileiros pelo Mundo é um espaço de histórias em Vida Simples que nos ensina muito. Por meio dos depoimentos dos brasileiros que desbravam o planeta, vemos que vale a pena correr atrás dos nossos sonhos e que é possível desacelerar, buscando sentido no simples da vida.
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