Celebrado em abril (19), o Dia Nacional dos Povo Indígenas é uma data que lembra a luta, resistência e a cultura dos povos nativos do território conhecido hoje como Brasil. Segundo o último Censo, realizado pelo IBGE em 2010, há 817.963 indígenas, representando 305 diferentes etnias e 274 línguas, uma riqueza cultural e linguística que se mantém no Brasil.
No cinema, as representações dos povos indígenas partiram de cenas caricaturais e participações coadjuvantes que não deram conta da sua diversidade e particularidades. Ainda assim, a primeira produção audiovisual aclamada pela crítica, justamente por ouvir os nativos, foi produzida ainda durante a Ditadura Militar.
Terra dos Índios (1979), como foi chamada a obra, é um documentário dirigido por Zelito Viana que reúne depoimentos de indígenas brasileiros sobre os interesses da Funai, das multinacionais e dos latifundiários por trás da política de emancipação indígena. Mas a lista não se encerra por aqui. Reunimos uma série de filmes que trazem as perspectivas e cosmologias de vida dos povos que são os primeiros habitantes do nosso país.
Um tempo para mim (Festival de Gramado)
O curta-metragem gaúcho Um tempo para mim (2022) acompanha Florência (Juliana Timóteo), uma criança mbya guarani, e explora questões femininas, como a primeira menstruação, a partir de uma ótica cultural indígena. Ela, que é criada pela avó e segue a rotina e os costumes de sua tradição mbya guarani, passa a ser recolhida do convívio social e vive uma transformação.
O filme foi exibido pela primeira vez na Mostra Competitiva de Curtas Brasileiros no 50º Festival de Cinema de Gramado e ganhou um kikito de melhor trilha musical. Além disso, é rodado inteiramente em Guarani, na aldeia de São Miguel das Missões (RS).
Para’í (nos cinemas)
Para’í conta a história de Pará, menina guarani que encontra por acaso um milho guarani tradicional, que nunca havia visto e, encantada com a beleza de suas sementes coloridas, busca cultivá-lo.
A partir dessa busca ela começa a questionar seu lugar no mundo, quem ela é, por que fala português e não guarani, por que é diferente dos colegas da escola, por que seu pai vai à igreja Cristã, por que moram numa aldeia tão perto da cidade, por que seu povo luta por terra.
A obra será lançada aos cinema no dia dia 20 de abril (quinta) e conta com a direção do cineasta Vinicius Toro.
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Piripkura (Amazon Prime)
Dois indígenas nômades, do povo Piripkura, sobrevivem cercados por fazendas e madeireiros numa área ainda protegida no meio da floresta amazônica. Jair Candor, servidor da FUNAI, acompanha os dois índios desde 1989.
Ele realiza expedições periódicas, muitas delas acompanhado por Rita, a terceira sobrevivente Piripkura, para monitorar vestígios que comprovem a presença deles na floresta e para impedir a invasão da área. Packyî e Tamandua vivem com um facão, um machado cego e uma tocha.
Piripkura aborda as consequências de uma tragédia e revela a força, resiliência e autonomia daqueles que foram expostos a todo tipo de ameaças e têm resistido ao contato.
As hiper mulheres (Amazon Prime)
Temendo a morte da esposa idosa, um velho pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente.
Uma história de amor e fúria (Netflix)
Um homem (Selton Mello) com quase 600 anos de idade acompanha a história do Brasil, enquanto procura a ressurreição de sua amada Janaína (Camila Pitanga). Ao longo da narrativa, ele enfrenta as batalhas entre tupinambás e tupiniquins, antes dos portugueses chegarem ao país, e passa pela Balaiada e o movimento de resistência contra a ditadura militar, antes de enfrentar a guerra pela água em 2096.
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