Afinal, você tem pressa de quê?

Vivemos cada vez mais em um ritmo acelerado, com cobrança de produtividade e respostas rápidas. Mas o que deixamos para trás quando não paramos para respirar?

Acordamos já conectados, e a sensação de que tudo é urgente acompanha o dia inteiro. Mas pressa nem sempre é sinônimo de foco. Como afirma a psicoterapeuta Elainne Ourives: “Muita gente acha que está sendo produtiva só porque está ocupada o dia todo. Mas existe uma diferença enorme entre agir com foco e correr por medo.”

Se a mente está sempre acelerada, se o dia termina com exaustão e a sensação de insuficiência, talvez o ritmo precise ser revisto. Nem tudo que é rápido é eficiente — e nem toda urgência é real.

A pressa, segundo Elainne, tem uma vibração própria. Quando nasce da comparação, da cobrança ou da ansiedade, ativa os circuitos do medo e da escassez. O corpo entra em modo de sobrevivência, adrenalina, cortisol, insônia, baixa imunidade. E, aos poucos, ele começa a gritar o que insistimos em ignorar.

Corremos com medo de ficar para trás. Desde cedo, aprendemos a competir por notas, por afeto, por reconhecimento. E carregamos a falsa ideia de que só há espaço para quem chega primeiro. Mas a verdade é que não existe um relógio universal: cada um tem seu tempo.

Às vezes, corremos não porque algo precisa ser feito com urgência, mas porque não sabemos estar no agora. Não sabemos lidar com o vazio, com a dúvida, com o silêncio. E transformamos isso em movimento.

É claro que há momentos em que decisões rápidas são necessárias. Mas, quando a pressa se torna nosso modo padrão, ela deixa de nos servir. Se ela nasce da comparação ou da cobrança, é sinal de que algo está desconectado.

A pressa pode ser uma fuga disfarçada. Fugimos de nós mesmos, da dor, da presença. E nos convencemos de que seremos felizes quando chegarmos lá, seja lá onde for. Mas, enquanto isso, a vida passa.

A mudança começa com perguntas sinceras: por que eu vivo assim? O que estou tentando provar... e para quem? Respirar com consciência, observar os próprios pensamentos e reprogramar crenças limitantes podem ser um bom ponto de partida.

A verdadeira maestria não está em fazer tudo ao mesmo tempo. Está em viver inteiro no presente, mesmo enquanto se move. Viver com mais verdade é diferente de viver com mais pressa.

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