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Quarentena é oportunidade de resgatarmos o convívio em família 
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A crise nos obriga a ver com mais clareza o valor do tempo e do convívio familiar. Será que todos nós sairemos mais resilientes e empáticos?

Num mundo frenético e hiperconectado, acabamos por não nos atentarmos aos detalhes do cotidiano: não vemos o recado pregado na geladeira de casa há semanas, a pintura da filha ou a caixa-surpresa na estante do quarto. Alguns de nós sequer se lembram o que comeram no café da manhã porque nos acostumamos a responder e-mails do trabalho sem sentir o sabor e o cheiro característico da padaria. Pressa era, até então, a palavra de ordem.

O cérebro humano tem a capacidade de absorver um número limitado de informação por unidade de tempo, mas a sociedade cada vez mais competitiva fez a gente desrespeitar os limites do próprio corpo. Não à toa os remédios controlados mais consumidos no mundo são os ansiolíticos e os antidepressivos.

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Com a quarentena, tivemos que interromper o “piloto automático” e a reavaliar as nossas vidas – e até as nossas atitudes. Estávamos todos num ritmo muito frenético de forma coletiva? Em momentos de crise como essa temos duas escolhas: reclamar por estarmos confinados ou reaprendermos a conviver com as pessoas que amamos.

Um dos maiores desafios da humanidade é viver em proximidade com outras pessoas (ainda que essas sejam do nosso próprio sangue). Sartre, filósofo e escritor francês, dizia que “o inferno são os outros” porque na verdade é pelo olhar do outro que reconhecemos a nós mesmos. Já que a convivência expõe nossas fraquezas, os outros são um verdadeiro “inferno”. Daí a origem da célebre frase do pensador francês.

O que é essencial?

A pandemia global pelo coronavírus talvez seja conhecida como a maior crise enfrentada pela humanidade no século 21. Períodos como esse são uma oportunidade para refletirmos sobre a consciência coletiva e o que efetivamente importa em nossas vidas.  Se você está em home office, por exemplo, há de se reconhecer que você é um privilegiado – enquanto muitas outras famílias mais pobres não sabem nem o que vão comer no jantar.

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A percepção de vulnerabilidade e falta de controle podem acelerar o nosso pensamento, mas é nessa hora que nos damos conta que não fazemos nada sozinhos e que cada um de nós pode fazer a diferença para a comunidade. Existem projetos de crowdfunding para apoiar favelas de todo o país e campanhas de doação com o intuito de oferecer suporte a grupos mais vulneráveis ao coronavírus.

Durante o confinamento, provavelmente, nos sentiremos mais ansiosos e impacientes. Ao mesmo tempo será exigido de nós mais calma, comunicação interpessoal e a escuta para manter a harmonia em casa. A falta de empatia é a principal causa de discussões e brigas em qualquer ambiente. Se conseguirmos respirar fundo, recuperar o fôlego e não se deixar levar pela raiva fortaleceremos ainda mais os laços afetivos com as pessoas ao nosso redor.

Dica pessoal: tenho um diário emocional que me ajuda muito a reconhecer os gatilhos ansiosos da minha mente. Nele separo a folha em três colunas: emoção (identifico o sentimento que estou naquele momento), pensamento (que fica se repetindo na minha cabeça) e fatos (o que é real). Assim, consigo diminuir significativamente a irritabilidade e os pensamentos catastróficos.

O valor da família e o que eu estou aprendendo

Eu vim passar a quarentena na casa dos meus pais (que são grupo de risco) no último domingo e confesso que num primeiro momento fiquei preocupada como seria ficarmos todos confinados por tempo indeterminado num mesmo lugar. A verdade é que está sendo incrível e estamos tendo a oportunidade de fazer coisas que nunca fizemos antes. Estes dias tenho chamado a minha mãe para fazer aulas de dança comigo e estamos nos divertindo demais. Eu não fazia algo assim com ela desde a minha infância e tem sido maravilhoso – sinto muita gratidão e felicidade por tê-la em minha vida.

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Estou, também, aprendendo a cozinhar – tarefa que eu sempre fugi – e aprimorando essa habilidade inexistente até então. Tenho jogado xadrez com o meu irmão, aprendido algumas estratégias russas e visto séries com o meu pai que queria há muito tempo. Almoçamos e jantamos todos juntos. Nos sentimos muito mais integrados do que antes. Além disso, estou fazendo vários cursos online gratuitamente sobre neurociência e comunicação não-violenta.

Durante o trabalho home office reestruturei a minha rotina dentro do novo contexto: horário para trabalhar (se possível fora do ambiente que eu durmo), pausas e momentos em família. A crise nos obriga a ver com mais clareza o valor do tempo e do convívio familiar. Será que todos nós sairemos mais resilientes e empáticos? Reaprenderemos a administrar o nosso tempo? Olharemos mais nos olhos das pessoas que amamos? Como dizia John Lennon: “Pode ser que eu seja um sonhador, mas se você quer saber o caminho é o amor”.

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Beatriz Bevilaqua é jornalista de tecnologia e ansiosa desde menina. Há anos estuda sobre a ansiedade e têm buscado alternativas não medicamentosas para conviver com a TAG. Seu instagram é @beatrizbevilaqua

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