Amigos para contar

Permitir que o outro entre em nossa vida e faça parte de nós é também um exercício diário e permanente de compreensão e partilha

Uma das minhas melhores amigas se mudou. Lembro-me bem: era um dia de setembro e ela me chamou na cozinha da empresa em que trabalhávamos para contar que, dentro de alguns dias, partiria para a Itália. Não éramos amigas de muito tempo, nos conhecemos no trabalho e, por afeto e algumas afinidades, passamos a conviver mais de perto. A notícia da partida dela me entristeceu e alegrou, ao mesmo tempo. Confesso que, no fundo, senti um medo vergonhoso de que aquela amizade se desfizesse ou enfraquecesse em meio ao tempo e à distância. Mas, mesmo diante do espanto e do receio que tomaram conta de mim, juntei toda a admiração e o carinho que sentia por ela, e tratei de estender a mão e o abraço para o que precisasse dali em diante.