Contação de histórias

Narrar acontecimentos reais, banais, extraordinários ou imaginários é essencial para a perpetuação da nossa presença no mundo

Era uma vez um menino das Minas tão Gerais. Menino sim, porque gostava de brincar com as palavras feito bolinhas de gude em chão de terra batida: umas para cá, outras para lá. Algumas, quase no mesmo lugar. Às vésperas de completar 35 anos, resolveu narrar histórias da contação de histórias. Para tanto, lembrou-se de quem, em um passado quase presente, tornou-se a sua Sherazade, povoando-lhe a infância com mil e uma tardes de narrações. O ponto inicial daquelas epopeias mirabolantes inventadas por Seu Orlando, o avô, era sempre o mesmo: uma expedição para a floresta liderada por um tal de Docha Camelo. Parênteses: mesmo aflorando, minha meninice criativa não saberia dizer com exatidão se o dito-cujo era humano, bicho ou a mistura dos dois. Fico com a combinação.

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