Poesia para o dia a dia: rumo a novos hábitos

O urubu

saiu um inseto da tua boca
revelando o que você pensa sobre mim.
tentei ouvir de olhos abertos
mas eu já era um animal morto
quase vivo pelo susto ainda fresco de ter um carro levando o meu
corpo para o outro lado do rio, na minha boca: a fruta que eu comia
e que se mantém suspensa
para além dos séculos.
o que você disse sobre mim
agora está entre nós
como um filho que cresce em fumaça
e você sabe, um filho não é um túnel
na verdade um Labirinto.
me sento
na varanda de casa
como se fosse cansaço o nome da
minha doença, as pedras que nascem
dos meus olhos e caem
não só pela chuva
na telha de plástico
mas também