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Diversidade e inclusão: como pensar as cidades para pessoas com deficiência
Josh Appel
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“Um turista me perguntou recentemente por que há tantas pessoas em cadeiras de rodas em Reykjavik”, disse Haraldur Thorleifsson, um ativista islândes no Twitter. “Eu contei para ele que no país dele também há pessoas assim, mas por não possui acessibilidade, elas permanecem em casa. Se você não as vê é porque elas estão escondidas“, finaliza Berry, que teve uma repercussão de mais de 100 mil curtidas e 17,4 mil republicações.

Em outro mensagem da rede social, Haraldur Thorleifsson comentou o quão importante foi crescer em um país com um sistema de ensino público e gratuito, além de um sistema de saúde de qualidade, fundamentais para o seu desenvolvimento e inclusão na sociedade, por também ser uma pessoa com deficiência.

Como ativista, Berry participou da construção de 100 rampas para cadeirantes em oito meses na cidade de Reykjavik, capital da Islândia, além de estabelecer uma projeção de construção de mais mil rampas nos próximos quatro anos.

Debater sobre a acessibilidade de pessoas com deficiência (PCDs) nas sociedades é um tema que nos últimos anos vem crescendo nos espaços públicos, além de ter se tornado uma pauta cada vez mais urgente, porque defender acessibilidade e mobilidade urbana é possibilitar o acesso de todos à cidade e às atividades que ela oferece.

Só no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do ano de 2019, 17,3 milhões de pessoas com dois anos ou mais (8,4% da população) possuíam algum tipo de deficiência física. Neste 21 de setembro, Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, a Vida Simples trouxe sete pontos fundamentais para refletir sobre cidades inclusivas e acessíveis para toda a população.

https://www.instagram.com/p/CakKTTlADdc/

Mobilidade urbana

Debater mobilidade urbana é fundamental, como a melhoria do transporte público, o aumento na quantidade da malha cicloviária, mais estações de metrô, trem e veículos leves sobre trilhos (VLTs), entre uma série de outras ações que possibilitem a locomoção das pessoas pela cidade da forma mais segura, rápida e confortável possível.

Mas não é só isso, é preciso que os transportes públicos e os lugares onde operam estejam preparados para atender pessoas com deficiência, incluindo acessibilidade nos ônibus, rampas de acesso, placas de sinalização, textos alternativos em braile, elevadores e profissionais capacitados para atenderem qualquer necessidade que possa surgir.

Países como Portugal e Finlândia, por exemplo, possuem sistemas de acessibilidade nos ônibus e metrôs, não só para deficientes, mas também para pessoas que utilizam bicicletas e mães com carrinhos de bebê.

Escolas inclusivas

Grande parte dos especialistas afirmam que a maneira mais inclusiva de possibilitar o acesso de crianças com deficiência nas escolas é criar um sistema integrativo onde todos possam viver em harmonia, baseados na coletividade, compartilhando experiências, vivências e ajuda mútua.

Programas governamentais e políticas públicas que reformem os colégios – especialmente aqueles com arquitetura mais antiga – para possibilitar maior acessibilidade, intérpretes de libras, orientações em braile, acervo bibliotecário com leitura acessível e investimento na formação de professores são essenciais para que pequenos passos possam ser dados.

Bibliotecas acessíveis

Bibliotecas são fontes essenciais que armazenam milhares de livros e possibilitam a consulta gratuita da sociedade às pesquisas, obras e romances literários disponíveis no acevo. É importante lembrar que esses espaços precisam ser planejados para que pessoas com deficiência possam acessá-los com facilidade e existam produções disponíveis em braile, por exemplo, para que pessoas com deficiência visual possam ter acesso aos livros.

Locais de trabalho inclusivos e abertos à diversidade

De acordo com os dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) divulgado pelo Ministério da Economia em 2021, apenas 486 mil profissionais com deficiência trabalham com carteira assinada no Brasil. O número é de apenas 1% de toda a força de trabalho do país, além de ser uma quantidade muito inferior a de PCDs registrada pela última vez no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além de vagas de emprego exclusivas para pessoas com deficiência, é importante que as empresas ofertem todas as ferramentas de acessibilidade e fomentem a formação continuada desses profissionais, especialmente na criação de um ambiente acolhedor e inclusivo à diversidade.

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Serviços públicos de saúde gratuitos

Um sistema público de saúde gratuito e de qualidade é essencial para o acesso das pessoas mais empobrecidas a tratamentos, consultas médicas, exames e acompanhamento profissional adequado, até para a obtenção de equipamentos necessários para a locomoção, como cadeiras de rodas, por exemplo.

Democratizar o sistema de saúde é possibilitar que todos sejam atendidos e tenham as suas necessidades sanadas.

Audiodescrição e tecnologias de leitura visual

A internet ainda é um espaço pouco inclusivo para pessoas com deficiência, especialmente visual ou auditiva. Muitos sites não possuem acessibilidade em libras, outros não adicionam a descrição das imagens inseridas e muitos vídeos no YouTube, por exemplo, não estão legendados, impossibilitando com que muitas pessoas possam assisti-los.

Smartphones, laptops e canais de TV também precisam aprimorar suas ferramentas da inclusão, já que muitas redes de televisão não utilizam audiodescrição ou não tem intérpretes de libras em programas ao vivo ou gravados, assim como a maioria dos celulares que possuem um bom sistema de acessibilidade, que geralmente são mais caros e exigem um maior investimento financeiro.

Espaços pensados para a convivência na diversidade

Parques, restaurantes, complexos esportivos, museus, cinemas, shoppings, calçadas… Uma infinidade de locais que precisam ser pensados para a convivência e harmonia com todos os seres humanos. Como mostramos no início, com o exemplo de Haraldur Thorleifsson, as pessoas com deficiência existem, embora haja inúmeros espaços que excluem ou impossibilitam com que essas pessoas possam frequentar esses locais.

É preciso superar o capacitismo – o preconceito com pessoas com deficiência – e entender a sociedade como um espaço diverso, com múltiplas diferenças e pessoas de todos os tipos, gêneros, gostos, interesses e, também, deficiências.

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