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Como encontrar a pessoa certa?
Andrik Langfield
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Você cultiva valores e princípios éticos, está relativamente feliz no trabalho e com você mesmo. Então, quer me explicar por que sua vida amorosa nos últimos anos tem sido um desastre? Ou, então, por que, depois de tanto tempo, tudo parece se encaixar milagrosamente na relação atual? Ou, ainda, por que o que antes era bom agora está ficando ruim ou, então, por que o que antes era ruim agora está ficando bom? Dá para responder, medir ou avaliar e, dessa maneira, chegar a uma conclusão que possa servir de orientação para outras pessoas? Existe uma razão, ou várias, para que isso ocorra? 

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Antes de tentar responder essas perguntas, fica aqui uma sugestão: leia com atenção o que dizem alguns terapeutas a respeito da relação a dois. Eles têm algo muito importante a dizer que talvez você não tenha considerado antes. Com base nesse novo conhecimento, é possível que seu olhar para sua vida amorosa, e as dificuldades que você tem com ela, mude completamente. Experimente ir até o fim, e depois me diga.

Existe o par perfeito?Se você acha que essa conversa de par perfeito é apenas nome de site de relacionamento, está enganado. Muitos psicólogos sérios apostam nessa equação (bem, há psicólogos sérios que também a renegam, mas isso a gente vai ver depois).

O match ideal

Basicamente, o que esses experts dizem é que há pares que têm, sim, muito mais predisposição para darem certo. Para afirmar isso sem margem de dúvida, eles se fundamentam em pesquisas feitas durante anos com um número expressivo de pessoas, como a antropóloga americana Helen Fisher, que reuniu 40 mil voluntários para fazer seus estudos. Outros carregam especializações de reconhecimento inegável, como licenciaturas em Harvard, como a psicóloga americana Linda Blair.

Os estudos desses profissionais partem de critérios às vezes estranhos ou inesperados. Por exemplo, a especialista Linda Blair afirma que a ordem de nascimento na família (isto é, o fato de ser o filho ou filha mais velho, do meio ou caçula) influi drasticamente numa relação a dois. Isso mesmo. Para ela, algo que pode passar batido durante uma vida inteira pode ser fator de importância crucial numa parceria amorosa…

Mas olhando com cuidado sua proposta, antropologicamente, pelo menos, ela não parece ser descabida. Segundo a pesquisadora, filhos mais velhos tendem a ser mais responsáveis porque neles são depositadas muitas das esperanças da família (que eles procuram corresponder, inclusive). E justamente porque é depositada muita confiança neles, esses homens e mulheres terão a tendência de se tornarem mais confiantes, bem-sucedidos e assertivos, embora sempre carreguem uma incrível necessidade de aprovação.

Em outra direção

Por outro lado, os irmãos que nascerão a seguir poderão se tornar mais competitivos e, talvez, mais individualistas e independentes. Agora, coloque dois filhos mais velhos juntos numa relação amorosa… Eles poderão começar a competir entre si pelo que deve ou não ser feito em primeiro lugar (escala de prioridades) ou como as coisas devem ser conduzidas (modos de gerenciamento). Essa condição pode ser agravada pelo temperamento de cada um. Se os dois forem impulsivos e agressivos, por exemplo, é plausível esperar por muitos conflitos. Porém, a união pode se tornar proveitosa e rica se ambos tiverem um espírito mais conciliador e forem capazes de aprender um com o outro.

Ainda de acordo com esse estudo, as pressões da família já serão bem menores com relação ao filho (ou filhos) do meio, que tendem a ser mais relaxados, não convencionais e socialmente simpáticos (embora eles tenham a necessidade de chamar a atenção), e são quase nulas com relação ao caçula, que tende a ser mais poupado, mimado e dependente (um pouco como o filho único).

Coloque agora dois caçulas juntos como marido e mulher, e será possível assistir a um eterno jogo de empurra-empurra de responsabilidades. Portanto, de acordo com as conclusões de Blair, filhos mais velhos tendem a se dar melhor com caçulas (e vice-versa), pois são complementares nos seus anseios, e filhos do meio terão melhores chances de se dar bem com todos, porque têm mais abertura e flexibilidade, pois deles não se esperam papéis muito definidos (isso para resumir bem a história, quem quiser se aprofundar nesse assunto pode ler o livro Birth Order: What Your Position In The Familly Really Tells About Your Character (ainda sem edição em português).

Como saber o melhor encaixe?

A antropóloga americana Helen Fisher também tem lá sua teoria sobre os melhores encaixes entre as diversas parcerias. No livro Why Him? Why Her? (Por que ele? Por que ela?, também sem edição no Brasil), ela define o que seriam os quatro perfis básicos comportamentais dos seres humanos: exploradores (gente criativa, não conformista, otimista e corajosa), construtores (mais conservadores, confiáveis e rígidos), dirigentes (ambiciosos, persistentes, dinâmicos e estrategistas) e negociadores (éticos, flexíveis, afetuosos e generosos).

Fisher afirma que esses tipos geralmente não são puros e que são constituídos aos pares: uma pessoa pode ser exploradora/negociadora, outra construtora/dirigente, e assim por diante. Conclusão fácil de adivinhar: a relação é mais fácil entre pares semelhantes.

Mas relacionamentos mutuamente mais ricos e interessantes podem ser alicerçados em opostos complementares. Num relacionamento a longo prazo, por exemplo, uma negociadora/exploradora pode precisar da persistência e da firmeza de um negociador/construtor, assim como ele pode se beneficiar da ousadia, flexibilidade e criatividade de sua parceira. Além disso, segundo Helen Fisher, a troca pode ser facilitada porque eles têm uma base comum – são ambos negociadores.

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Temperamentos

Também há os terapeutas, como os antroposóficos, que se baseiam nos temperamentos definidos por Hipócrates, na Grécia Clássica (sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático) e outros pelos seus equivalentes indianos (pitta, vata e kapha), estabelecidos pela medicina ayurvédica.

Esses temperamentos, chamados de gunas, ou energias de base, também estão presentes, de certa forma, na astrologia ocidental. Eles são definidos pelos quatro elementos que dividem os 12 signos astrológicos em grupos de três (terra, fogo, ar e água). Como sempre, para os astrólogos, os pares que pertencem ao mesmo elemento têm chances maiores de formar um casal equilibrado.

Portanto, há todo o tipo de combinações possíveis que podem orientar quem vai se dar melhor (ou pior) com quem. Mas a questão é: as afinidades vão mesmo definir um bom relacionamento? Ou vão torná-lo mais morno e previsível? E a pergunta que não quer calar: será que a alma gêmea existe? (por favor, não descarte essa possibilidade antes de chegar ao final do texto).

Antes do amor chegar

Idealizações excessivas podem fazer mal para quem ainda não encontrou seu par. O preciosismo dessas resistências pré-concebidas chega a ser engraçado, e até mesmo bizarro: ah, ele não é legal porque usa meia branca; ah, ela não serve porque gosta de drops de eucalipto… O ideal é não se apoiar demais numa lista de qualidades ou defeitos. Nesse terreno das preferências, muita coisa pode ser ultrapassada quando existe amor e química sexual recíprocos.

O mais comum nessa história é que o outro esteja distante de nossas expectativas – e esse golpe tem de ser assimilado. “Gosto muito de lembrar o poeta Mário Quintana, que dizia que para ser feliz com uma pessoa, você, em primeiro lugar, precisa não precisar dela. Não há necessidade do outro cobrir toda nossa lista de carências ou exigências”, diz a psicanalista e psicoterapeuta paulista Irene Cardotti.

“Acho mais importante a pessoa perguntar para si mesma: o que tenho a oferecer para o meu parceiro? E aplicar a energia em se conhecer, cuidar e sobretudo gostar mais de si, sem pensar exclusivamente em exigir ou em agradar alguém”, diz ela. “Além de começar a apreciar quem você é, também é aconselhável aprender a gostar de quem gosta de você. Muitos relacionamentos patológicos podem começar com uma pessoa querendo manipular a outra para forçá-la a amar. Isso não é bom, nem para o manipulador, nem para o manipulado”, conta Irene.

Dessa maneira, a expressão de um encantamento natural transforma-se apenas em sedução e tentativa de controle, um jogo doloroso. É mais sábio se preparar melhor para o encontro amoroso do que entrar nessa disputa frenética.

Esteja aberto à diversidade

Outra boa ideia é se abrir para as diferenças que o outro vai trazer como algo natural. “Elas podem enriquecer e despertar outros interesses. Podemos acolher e agregar o que é diferente e nos transformar com essas novas possibilidades”, afirma a terapeuta, que faz um curso sobre a construção do amor maduro.

“Toda pessoa traz um pacote pronto para a relação: sua ancestralidade, sua herança familiar, seu temperamento e personalidade. Isso tudo pode ser um estímulo e um desafio, ou um grande empecilho. Amar é sempre uma escolha”, diz ela.

Fazer planos juntos e não ficar apenas na contabilização dos defeitos também fortalece a relação. “É bom quando se baseia principalmente no respeito e na admiração mútuas. E não só apenas nas semelhanças”, finaliza.

A construção da relação madura

Ninguém discorda até aqui que um maior número de afinidades entre o casal pode favorecer o relacionamento. Mas, como dissemos há pouco, os dois não precisam ser exatamente iguais em termos de temperamento, personalidade ou ritmo. O mais importante é que compartilhem os mesmos sonhos, que olhem na mesma direção.

Porém, e se não for assim?

Vamos nos lembrar novamente de que o amor é uma escolha. No momento em que decidimos estar ao lado de um parceiro, automaticamente vamos ter de admitir que teremos um trabalho a fazer pela frente, sobretudo interno. Não é mudar o outro que vai contar nessa história, mas sim mudar a si mesmo. “Essa conversa de príncipe ou princesa prontos não passa de um mito que prejudica demais as relações.

Acredita-se assim que nada precisa ser feito para que a harmonia seja predominante no relacionamento”, diz a psicoterapeuta paulista Sandra Taiar. “A perfeição não compõe com o encontro humano. No começo pode haver um encantamento, e a ilusão da perfeição, mas é na aspereza da realidade que vai se dar o verdadeiro encontro entre dois seres que se amam. É nesse momento em que você se despe de suas fantasias para escolher uma relação mais real”, diz.

Vale a pena?

Portanto, há de se arregaçar as mangas, se o relacionamento valer a pena e não for abusivo. “O amor é um caminho de autoconhecimento. Você será capaz de enxergar melhor seus limites e dificuldades, e o quanto é capaz de compreender, tolerar, ter paciência e se colocar no lugar do outro quando amar profundamente”, diz Sandra.

Ao enfrentar as diferenças, há um grande potencial para mudanças internas duradouras. “Não é mais querer que o outro seja quem você quer, o que é uma grande ilusão, mas se exercitar na arte de conviver com a diferença trazida pelo outro. Em vez de se queixar, se decepcionar e até se afastar do parceiro por ele não ser quem você deseja, você torna-se capaz de sair de si mesmo e dos seus limites para acolher o outro. Com esse movimento, será capaz de enxergar muito melhor a si mesmo”, diz. 

O que o amor quer ensinar

Vimos então que caminhamos em direção ao amor como se ele fosse uma resposta pronta para solucionar grande parte de nossos problemas. Ou como se ele fosse absolutamente necessário apenas para suportar uma existência insípida e vazia. Inconscientemente, esperamos que a pessoa certa vá chegar para colocar um The End em nossos conflitos, dificuldades e carências.

O amor de nossas vidas, a realização dos nossos sonhos. Aquela pessoa gloriosa que vai incendiar nossa alma e atiçar nossa paixão pela vida. Acordamos de manhã ao som da canção dessa promessa no rádio e adormecemos à noite com romances e filmes sobre duas pessoas des-conhecidas que finalmente se encontram”, escreveu a autora americana Kathy Freston no livro A Pessoa Certa (Fontanar).

Quem lá bem no fundinho do coração não quer ser esse protagonista dessa feliz história de amor? “Depositamos toda nossa esperança no dia em que essa será nossa história. Ansiamos por essa conexão de que ouvimos falar, com toda sua magia, seu mistério e encantamento; queremos ser iluminados e transformados simplesmente por estar na presença daquele ‘único e verdadeiro amor’”, diz Kathy no ínício do seu livro. Mas será que é isso mesmo? Existe esse par perfeito?

Quando o amor te chamar

Um trecho de O Profeta, escrito por um dos poetas que mais entendeu do amor, Kahlil Gibran, recoloca de uma maneira completamente diferente a questão. “Quando o Amor te chamar, segue-o, ainda que seus caminhos sejam árduos e íngremes. E quando suas asas te envolverem, rende-te a ele, ainda que a espada escondida entre suas plumas te possa ferir. E quando ele te falar, acredita nele, ainda que sua voz possa despedaçar seus sonhos como o vento Norte devasta o jardim… Todas essas coisas o Amor te fará, para que conheças os segredos do teu coração e, com esse conhecimento, te tornes um fragmento do coração da Vida.”

Aí está. Além de saber que certos pares podem, sim, facilitar o relacionamento, de que o amor é uma construção consciente a dois e que as diferenças podem ser acolhidas mais generosamente, é preciso saber incluir um terceiro aspecto desse sentimento: o seu poder de catalisar e desenvolver velozmente o lado espiritual dos parceiros.

“Você não alcança o sucesso no amor simplesmente porque encontra um companheiro e fica com ele pelo resto da vida; você alcança o sucesso no amor quando ele lhe proporciona uma maneira de continuar aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo à sua volta, tornando-se mais conectado com a unidade de toda a vida, de modo que cada experiência que você tenha – seja ela gloriosa, triste ou frustrante – torne-se um fio na teia de sua evolução. É o modo como você navega pelas rotas do amor que confere um propósito à sua estadia na Terra”, escreveu a americana Kathy Preston.

Relações mais  verdadeiras

O desejo de viver um amor de uma forma densa e profunda pode instigá-lo a abrir cada vez mais o coração e, dessa maneira, levá-lo a um despertar espiritual. Isso pode ser incrível, mas também estarrecedor. “O amor o leva até ao seu limite – sua sensação de limitação – e então o empurra para ir mais além. Às vezes de uma forma delicada, gentil e generosa. Às vezes, de uma forma simplesmente enlouquecedora”, afirma a autora americana. É essa abertura que pode levá-lo a outro estágio espiritual.

Isso quer dizer que toda forma de amor vale a pena, como canta Milton Nascimento na música Paula e Bebeto? De certa forma, sim. Os diversos amores, se vividos de uma forma consciente, podem nos tornar mais humanos e nos conduzir a relações mais verdadeiras. Até que, quem sabe um dia, chegue o parceiro que nos completará em mais aspectos.

Talvez não exatamente por ele ser nossa alma gêmea, ou par perfeito, mas por estarmos mais preparados para amar. Seja como for, as linhas de pensamento orientais afirmam que essa relação só chegará se tivermos o merecimento cármico para isso. Se não, continuaremos a aprender com as diferenças. Segundo essa visão, aprender a amar faz parte do nosso aprendizado aqui na Terra. E estamos aqui justamente para isso.

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