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Acolha seus medos
Verne Ho (Unsplash)
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Maria Luísa, minha filha de olhos inquietos, tem 5 anos. E tem também mais medos que dedos em suas mãos pequeninas. Quando vê um cachorro na rua — por mais que seja daqueles fofos com que toda criança se encanta — ela se aconchega ao meu corpo e, dependendo da proximidade da “fera”, pede meu colo. Bruxas de contos de fadas, a escuridão do quarto, a Cuca, a sombra do ventilador, a porta aberta do armário, uma mariposa e uma lagartixa… Seus pequenos e grandes terrores fazem piruetas entre ameaças potenciais e o mundo mágico da infância. Ela agora acha que a árvore que caiu na última tempestade e esmagou um carro na rua poderia derrubar o nosso prédio. Eu explico que um prédio é muito mais forte que um carro e que uma árvore. Mas a pequena fica desconfiada.

De vez em quando, acorda tarde da noite e pede que eu segure sua mão. E na manhã seguinte me fala de um sonho ruim. Peço sempre que ela me diga, se souber, se lembrar, o motivo do susto. Ela, então, devolve a pergunta: “e você, papai, tem medo de alguma coisa?”. Malu só se lembra de uma fobia minha, que acha engraçada: tenho medo de pombas. Aliás, aves em geral ­­— galinhas, pavões, tucanos… (“Ornitofobia” é o termo técnico.) E tudo bem. Não há galinhas ciscando por onde moro. O mais comum é cruzar com pombas na calçada. E a Malu ri com meus ziguezagues para driblar esses pássaros. Mas, voltando à pergunta dela, minha resposta é sempre a mesma: “meu amorzinho, o maior medo do papai é que você se machuque”. Ela logo saca do que estou falando: uns pulos para lá de ousados que ela gosta de dar entre os móveis, e deles para o chão, numa mistura arriscada de balé, salto ornamental e parkour.

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