Esse tipo de experiência mostra que o refúgio que buscamos pode estar mais perto do que imaginamos. Uma ida à praia, uma chácara, um sítio ou alguns dias em uma cabana já são capazes de nos tirar da rotina e oferecer o descanso que precisamos. Às vezes, só é preciso olhar com outros olhos para o que já nos cerca.
Viajar expande horizontes externos e internos
Para o criador de conteúdo Lucas Estevam, fazer as malas e conhecer lugares e países é um jeito de se reconectar com a vida, o presente e o processo de autoconhecimento
30/5/2025
6 min de leitura
Neste artigo:
Quem nunca viajou para colecionar paisagens e fotos bonitas, não é mesmo? Mas mais do que isso, viajar pode ser um ponto de virada na forma como enxergamos o mundo e a nós mesmos. Para o criador de conteúdo sobre viagens, Lucas Estevam, as experiências que mais o marcaram foram justamente aquelas que mexeram com sua perspectiva do mundo, com suas emoções e sua própria identidade. Conta o influenciador em entrevista à Vida Simples:
“Viajar é como se eu estivesse preso em uma caixa e, de repente, essa caixa se abre e me dá asas para voar.”
Ao sair de um lugar conhecido e se lançar no desconhecido, ele descobriu algo maior: novas culturas, identidades e paixões que só cresceram em 89 países visitados.
Memórias que permanecem durante as viagens
Entre tantos destinos ao redor do mundo, alguns tocaram Lucas de maneira especial. A Islândia, por exemplo, deu aquela sensação de ter pousado em outro planeta. “Tenho memórias emocionais muito fortes desse país. Foi quando eu também comecei a namorar o meu marido”, relembra.
Já o Japão provocou uma mudança interna ainda mais sutil. “Fez eu enxergar o mundo de uma outra forma, com muito positivismo. Enxergar como pessoas tão diferentes, ao mesmo tempo, são tão iguais à gente.”
Essas experiências mostram que o verdadeiro impacto da viagem nem sempre está nos pontos turísticos, mas nas entrelinhas do que se vive longe de casa, muitas vezes no estranhamento, na beleza do novo e na simplicidade das trocas humanas.
Sozinho, mas em boa companhia para viajar
Uma parte importante dessa jornada de transformação, segundo Estevam, passa pelo ato de estar sem companhia. “A gente tem, às vezes, um medo de viajar sozinho, mas pode ser a coisa mais transformadora”. Ele relembra seus primeiros mochilões e intercâmbios, quando se surpreendeu ao perceber o quanto poderia se reconectar consigo mesmo longe da rotina.
“Meu primeiro intercâmbio foi de um ano e eu só pensava ‘nossa, um ano, parece uma eternidade’. E quando eu pisquei, percebi que eu poderia ter ficado muito mais, que eu tinha muito ainda pra descobrir e conhecer.”
Além disso, viajar sozinho pode trazer uma certa liberdade para escolher o que deseja fazer e quando fazer. Geralmente, quando estamos acompanhados, o destino, a data, o itinerário, os restaurantes e até o ritmo, depende dos demais viajantes. Mas quando se está sozinho, nada disso precisa passar por uma aprovação, o ritmo da viagem até muda pois tudo gira em torno do que faz sentido para você.
Essa experiência transformadora também fortalece a autoconfiança, pois a cada decisão, o modo de falar e agir mostra o quanto você é capaz de fazer as coisas sozinho. Claro, nem sempre é fácil como navegar pelo transporte público ou andar pelas ruas de um lugar desconhecido, mas ter a intenção e começar a fazer já é uma grande maneira de adaptação.
Menos checklists, mais presença
A forma de viajar também faz diferença. O criador de conteúdo nota uma mudança importante em sua própria maneira de se deslocar: do ritmo acelerado de quem quer ver tudo, para uma escolha mais lenta e consciente. “Nas minhas viagens atuais, se eu tiver 15 dias na Europa, prefiro conhecer só dois países, mas pelo menos me conecto com aquela cidade para que, de fato, eu consiga curtir o momento.”
O turismo de wellness cresce justamente nessa direção: viagens que priorizam a saúde emocional, a alimentação equilibrada, o contato com a natureza e o silêncio interior. Em vez de acumular locais visitados, a ideia é somar experiências significativas, que alimentem o corpo e a alma.
“Hoje cada vez mais as viagens são formadas por bem-estar. Não para de crescer as pessoas preocupadas em ter experiências saudáveis durante as viagens. Eu mesmo sou uma pessoa que mesmo viajando, me preocupo em praticar a meditação, ter uma boa qualidade de sono e uma alimentação saudável.”
Viajar impõe outro ritmo. Ou, pelo menos, deveria. Lucas observa que muitas pessoas hoje viajam no piloto automático, em que o ritmo frenético toma conta e só o que importa é a selfie tirada, a postagem de estar naquele lugar que fulana gravou um vídeo. “É triste ver tantas pessoas que viajam e já não voltam mais transformadas. Algumas não se permitem ter essa transformação.”
Desacelerar, estar presente, se permitir sentir cada lugar com todos os sentidos: é isso que transforma o tempo da viagem num tempo expandido. “Viajar é aquele momento em que a gente realmente se lembra de estar vivo, de voltar com memórias que vão ficar guardadas para sempre nos vínculos e nas vivências”, relata.
O melhor momento para viajar é viver o agora
Nem sempre é preciso atravessar oceanos para se transformar. Às vezes, a viagem mais potente está a poucas horas de casa. “Fui para uma cabana com meu marido em Gonçalves, Minas Gerais, e foi incrível. Não precisou de muito, somente o silêncio e o contato com a natureza já deixou o cenário perfeito para um descanso verdadeiro, que não exige performance.”
Por fim, Lucas deixa um conselho para quem vive adiando o desejo de viajar: comece pequeno, mas comece.
“Não fique esperando o momento perfeito. Se não dá pra fazer a viagem dos sonhos agora, faça uma menor. Busque conhecimento e se planeje. Não adianta viajar de forma impulsiva, pois pode dar problema. Então busque conhecimento e se planeje, mas não fique nessa de esperar o momento perfeito. Se você acha que o seu momento financeiro não está ideal para fazer aquela viagem dos sonhos, comece menor. Mas não adie o que pode ser o começo de uma transformação.”
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