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Quando escola e sociedade caminham juntas
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O Quero na Escola é um projeto que conecta estudantes, professores e voluntários para atender às demandas que estão fora do currículo nos colégios públicos

Como é o dia a dia de um veterinário? Qual a melhor forma de guardar dinheiro? O que é preciso saber sobre o atual cenário político do país? Como lidar com transtornos mentais? Meditação é para todo mundo? Essas são algumas das dúvidas frequentemente levantadas por alunos brasileiros, mas que não são contempladas dentro das salas de aula. Atentas a tais demandas, Cinthia Rodrigues, Luísa Pécora, Luciana Alvarez e Tatiana Klix, todas jornalistas, fundaram o Quero na Escola, uma plataforma digital que atravessa os muros das escolas públicas para conectá-las com a sociedade.

Tudo começou quando Cinthia, também filha de professora da rede municipal, chegou à fase de colocar os filhos no colégio. Como defensora da educação pública, matriculou-os na creche. “Achei que, uma vez mãe de aluno e parte do conselho escolar, conseguiria ajudar a transformar, de forma efetiva, contextos tão cheios de questões. Mas tudo é muito burocrático por essa via. Então, pensei: e enquanto cidadã, o que posso fazer?”, conta.

O foco, desde o início, foram os mais velhos, estudantes nos anos finais do ensino fundamental e médio. Isso porque, conforme as séries vão avançando, aulas mais criativas e de movimento, como artes e educação física, ficam para trás, dando lugar a calendários mais rígidos, limitados ao espaço formal das salas, devido à proximidade dos vestibulares.

Um outro fator foi importante na escolha do público alvo. Conversando com os professores, embora existissem queixas relacionadas a discussões governamentais, como o piso salarial e a quantidade de alunos por sala, os docentes também apontavam o desinteresse dos jovens, como se nenhum conteúdo fosse relevante para eles.

As quatro amigas foram, então, ouvi-los. “É claro que eles possuem interesses. E são muitos! O que acontece é que, muitas vezes, eles não coincidem com os contemplados pelo currículo escolar tradicional”. Daí a impressão de que nada os agrada. A partir dessa constatação, a solução pareceu óbvia: perguntar aos adolescentes o que gostariam de aprender, sem juízos de bom ou ruim, necessário ou não.

Cinthia compartilha que a ideia foi criar uma plataforma que proporcionasse um espaço no qual alunos e comunidade se conectassem e criassem vínculos. O Quero na Escola funciona da seguinte forma: um jovem envia o pedido de uma aula que gostaria de ter e um voluntário, que esteja próximo à escola, se oferece para ministrá-la. Depois dessa primeira experiência, eles são incentivados a manter contato para outras oficinas e atividades.

“Em todas as conversas que temos para apresentar o projeto, 100% do público acha a iniciativa incrível. Mas uma parte muito pequena dele envia, efetivamente, algum pedido na plataforma”, diz a fundadora. “Fomos estudar o porquê disso e chegamos à conclusão de que o jovem não aprendeu a ter autonomia sobre o próprio processo de aprendizado. Então, eles não sabem dizer o que gostariam de aprender, porque não existe o parar para refletir sobre quais são os seus reais desejos e necessidades. Isso diz muito sobre o nosso sistema educacional”.

Uma segunda etapa, em parceria com a Fundação SM, foi dar a oportunidade aos docentes de manifestarem suas carências com o Especial Professor. Entre as solicitações, apareceram questionamentos como de que forma aplicar a comunicação não violenta em espaços educativos? Como reunir os textos dos alunos em um livro? Qual a melhor maneira de abordar assuntos delicados? Em uma nova rodada do projeto, até 10 de setembro, educadores de escolas públicas de todo o Brasil podem enviar pedidos pelo site.

Em quatro anos de existência da iniciativa, mais de 25 mil estudantes já foram atendidos. “Tão importante quanto a pessoa que vai até a escola e proporciona esses debates, são aqueles que indicam voluntários, que veem uma solicitação e encaminham para um conhecido que mora perto de determinado colégio e pode ajudar. Todos eles estão fazendo o projeto diariamente. Essa é a força do colaborativo”, finaliza Cinthia.

Quero na Escola: https://queronaescola.com.br/

Especial Professor: https://queronaescola.com.br/professor/

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