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Miguel Monti, o não-artista
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A pintura social e a visão livre e libertária do pintor argentino que usa a arte como ferramenta de expressão do mundo espiritual

“Sou de San Miguel de Tucumán. Sim, eu sou dono da cidade”. O bom humor de Miguel Monti já se mostra na primeira resposta.

O argentino de sorriso fácil e semblante feliz conta que sempre desenhou. “nas minhas primeiras lembranças já estava desenhando”, diz.

Sempre teve incentivo dos pais nas artes mas ainda hoje, aos 36 anos, Miguel não se enxerga como artista. E no decorrer do texto você vai entender o porquê.

Com seis anos, a família toda se mudou para Madrid, na Espanha, onde passou a ter aulas em uma escola de Belas Artes.  “Eu tinha uns oito anos quando comecei a desenhar rostos e corpos de esculturas a carvão. Meus professores insistiam em me ensinar sobre luz e sombra e isto me ajudou a desenvolver um olhar sensível”, revela Miguel.

A mudança de continente aliada à educação politizada que teve em casa, fizeram com que Miguel amadurecesse mais cedo e isto de alguma forma abriu espaço para o encontro com as artes, para poder expressar suas vivencias internas.

Foi quando o desenho se tornou mais do que uma maneira de expressão, virou uma forma de revolução e conexão com a existência.

Aos 10 anos, o garoto participava de todos os concursos de desenho que apareciam. E ganhou vários. “As crianças da mesma categoria que eu, desenhavam super-heróis, princesas, personagens de desenhos animados. Eu desenhava as pessoas no seu cotidiano, os trabalhadores em suas atividades, com uma visão poética”.

Miguel não ganhava porque seu desenho era o mais técnico, mas por causa da expressão do todo social. De fato, é assim que ele define seu trabalho: como ‘muito social’.

Miguel não se vê como “artista”. Para ele, a arte é algo sutil e inexplicável. “A sociedade imposta e hegemônica pondera o intelecto em detrimento da nossa intuição. Ao nos desvincularmos de nós mesmos, estamos mais suscetíveis de sermos arrastados nesse todo alienante que nos quer adormecidos”.

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A pintura de Miguel Monti tem muito das experiências de mochilão que fez pela América do Sul, Europa e Índia.

“Tudo que expresso de alguma forma nasce do silêncio. Assim como a música em um todo intuitivo, brinco com várias linguagens. Sigo meu Guia interno, o divino manifesto como ato criativo”, comenta. “Somos espírito acima de tudo, mas não somos ensinados a nos perceber assim, pois não faz sentido ao sistema, que quer sujeitos alienados, desconectados de si, debilitados e fáceis de serem manipulados através do entretenimento”.

Por isso, Miguel conta que faz um exercício de imersão no gelo, que aprendeu no sagrado Rio Ganges durante o inverno indiano. “Nos ensinaram que o frio adoece, que temos que evitá-lo. O encontro com o gelo te mostra um poder interno sobrenatural, adormecido, que expande tua visão. Minha primeira experiência com o frio foi como renascer, uma experiência de purificação. Quando voltei ao Brasil continuei este ritual. O frio é um lindo Guru, além de uma enorme inspiração para minha expressão artística”, fala.

Inspirado na fotografia e na street art, e com telas vendidas em Portugal, Índia, Estados Unidos, Argentina e, claro no Brasil, Miguel não define arte, ele simplesmente a usa, como via de acesso às profundezas do ser. “A linha que está muito presente em meu trabalho é a arte sumi-ê (forma de expressão dos mestres zen) em que são usadas as pinturas de um traço só, com a característica principal de não corrigir os “erros. De fato, não existem erros e sim uma forma de expressão da consciência do momento presente. Através da “não-mente” acessando o silêncio puro, completo, sem história, sem conteúdo. Vazio. Antes de ser artista prefiro ser ‘nada’”, revela.

Ele sente que a arte é uma enorme ferramenta de poder. Que possibilita acessar a consciência da unidade e, assim iluminar o que ignoramos de nós mesmos. Para ele, no exercício nos tornamos mais conectados e abertos a enxergar as sutilezas do ‘estar aqui’. “Todos temos o potencial de usar essa ferramenta, ela existe dentro de cada um, não é exclusividade minha ou de um grupo seleto”, pondera.

Miguel finaliza dizendo que não acredita que existam ‘seres artistas’, mas uma série de combinações que fazem com que alguém se conecte com a ferramenta-arte já latente dentro de cada um. “A arte é liberdade, é a criança sendo ela mesma, sem conceitos, em unidade. Minha pintura vem daí, meu processo criativo é muito intuitivo, vem do cotidiano, da troca de ideias, das experiências das viagens, mas sobretudo e principalmente do silêncio. De alguma forma, o exercício da criatividade vai construindo uma inteligência cada vez mais criativa e conectada em mim”.


@migue.monti

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