COMPARTILHE
APRESENTADO POR ESTHELA OLIVEIRA
Como você se vê no espelho? Entenda a distorção da autoimagem
Unsplash
Siga-nos no Seguir no Google News

Na era digital, com as redes sociais cada vez mais presentes no nosso dia a dia, a evolução de tecnologias de edição de fotos teve um impacto direto no dito padrão de beleza imposto pelas grandes mídias. O culto à aparência parece massacrar toda a peculiaridade de corpos reais, vidas reais, de pessoas reais. O novo normal parece um filtro de Instagram, no qual todos precisam se encaixar e se tornarem muito parecidos.

Então, quando a vida real destoa desse filtro cibernético, não apenas o corpo sofre as consequências, mas a mente começa a pregar peças, deturpando o seu olhar sobre si mesmo. Não à toa, estima-se que no Brasil, mais de 4 milhões de pessoas, principalmente na faixa etária dos 15 aos 30 anos, sejam afetadas por distúrbios como o Transtorno Dismórfico Corporal, mais conhecido como distorção de autoimagem.

Nesta condição, a pessoa passa a ter um foco obsessivo em características consideradas inadequadas para a sua aparência. Consequentemente, perde a capacidade de reconhecer de forma realista o formato real e a beleza de seu corpo, por exemplo.

É cada vez mais comum nos consultórios médicos a presença de pacientes jovens que utilizam fotos e vídeos retirados das redes como referência estética, especialmente quando o assunto é emagrecimento. Como reflexo dessa distorção de imagem, podemos observar um aumento nos casos de depressão, transtornos de ansiedade, distúrbios alimentares e comportamentos compulsivos.

Como você se vê X Como você realmente é

Aproveito e deixo aqui a seguinte pergunta: como você se vê? É importante refletir a respeito, compreender se estamos nos enxergando com uma percepção totalmente singular e pessoal de nós mesmos ou com os olhos da comunidade digital, que idealiza pessoas, vidas e corpos perfeitos e irreais, projetando-os como um sonho de consumo quase inalcançável. Reforço sempre que o ideal não é real, é apenas fruto da mente.

Marcas de expressão, cicatrizes, manchas na pele, gordurinhas localizadas, ter seios pequenos ou grandes, ser baixinho ou muito alto… Essas são características de pessoas de verdade e pessoas de verdade se depararão com coisas do tipo inevitavelmente durante diferentes fases da vida.

O grande desafio aqui é aprender a acolher cada mudança do seu corpo e, quando necessário, investir não na aparência, mas sim em saúde do corpo e da mente.

Sempre encontraremos algo em nós para melhorar. A verdade é que nunca estamos completamente satisfeitos e tudo bem por isso. Querer melhorar também pode ser positivo, pois isso impulsiona nossa busca por mais qualidade de vida, autocuidado e satisfação pessoal. No entanto, o risco é quando a saúde deixa de ser o principal foco e passamos a viver como reféns da aprovação do outro, sem perceber a beleza das nossas singularidades.

VOCÊ PODE GOSTAR

Relato de uma jornada de autoconhecimento

Escutar e dialogar com as dores é autoconhecimento

Abra a janela: olhe um mundo mais bonito

Como mudar de ótica

Práticas da medicina integrativa como yoga, meditação e diversas outras atividades físicas podem promover bem-estar e autoconhecimento, necessários nessa jornada rumo ao equilíbrio da saúde do corpo e da mente.

Dedicar tempo para o autocuidado pode ser o primeiro passo para aprender a apurar melhor seu olhar de si mesmo. Liste coisas das quais gosta em você, seja fisicamente, no comportamento, personalidade, habilidades e foque em evidenciá-las.

A relação que criamos com a comida também pode estar diretamente ligada a percepção que temos da nossa aparência. Vale ressaltar que alimentos não são vilões, uma alimentação desequilibrada e irresponsável é. O cérebro, quando condicionado positivamente, modifica naturalmente o comportamento do apetite, trazendo a sensação de saciedade e prazer ao comer. Já quando associamos a comida ao aumento de peso, por exemplo, as refeições se tornam um martírio.

Da mesma forma, quando passamos horas consumindo conteúdos nas redes sociais, que ditam um padrão de beleza específico, acabamos condicionando o nosso cérebro a entender aquilo como o único padrão aceitável, rejeitando qualquer característica que seja diferente em nós.

Por isso, deixo aqui um exercício ao leitor: substitua as horas de tela por mais tempo de qualidade para você e aqueles que ama. Sempre que possível pratique atividades que te tragam prazer e entenda que quando falamos de pessoas, os padrões simplesmente não existem!


*ESTHELA OLIVEIRA (@draesthelaoliveira) é médica do esporte (RQE 76855), membro titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e médica do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É pós-graduada em Nutrologia e em Medicina Integrativa. Em 2019, realizou o curso de Mind Body Medicine na Universidade de Harvard e fundou a Side Clinic (@sideclinic), espaço que busca trazer uma visão mais ampla no cuidado com os pacientes, acompanhando-os em todas as etapas da vida e em todas as suas esferas: físico, emocional e mental, por meio da associação de técnicas integrativas como ferramenta para complementar a medicina tradicional.

A vida pode ser simples, comece hoje mesmo a viver a sua.

Vida Simples transforma vidas há 20 anos. Queremos te acompanhar na sua jornada de autoconhecimento e evolução.

Assine agora e junte-se à nossa comunidade.

0 comentários
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

Deixe seu comentário