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Brincar é coisa séria
RafaPress | iStock Boy playing soap bubbles.
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Em documentário, educadora mostra a importância das brincadeiras para o desenvolvimento e autoconfiança das crianças

Durante dois anos a educadora Renata Meirelles, junto com o marido, David Reeks, viajou pelo país visitando comunidades rurais, indígenas e quilombolas, para retratar as brincadeiras das nossas crianças. O marido filmava, ela fotografava e conversava com as pessoas. O projeto acaba de virar um lindo documentário, “Território do Brincar”. “Por meio dos gestos das crianças conseguimos fazer um retrato de nós mesmos”, conta Renata, que estuda o universo das brincadeiras há quase duas décadas.

Como foi registrar tantas brincadeiras?

Ficávamos de um a três meses em cada comunidade. O objetivo era se aproximar das pessoas, das crianças, conviver com todos e mergulhar naquela infância. Levamos nossos dois filhos, que na época tinham 2 e 4 anos. Percorremos 9 estados e 14 comunidades. E priorizamos lugares onde não havia muito a influência do mundo contemporâneo. Queríamos saber o que elas tinham de mais genuíno na hora de se divertir. E também o que no brincar se relaciona a todos nós.

Quais as brincadeiras mais comuns?

Meninos e carrinhos, a gente vê em todos os lugares. Eles gostam de qualquer meio de transporte. Alguns são construtores e se colocam nesse papel, que provavelmente vão levar para toda a vida. Outros, são inventores. E gostam de fazer coisas a partir do zero. As meninas preferem as atividades que envolvam o corpo ou a casa. Pode ser amarelinha, pular corda, elástico. Mas quando elas brincam de casinha, não é só uma cópia do mundo adulto, é uma recriação da vida. Ela está ali criando um espaço, um mundo próprio que ninguém a ensinou.

O que você descobriu sobre a relação entre a brincadeira e a vida adulta?

O brincar começa quando você deseja alguma coisa. É a diferença entre a criança falar ‘vamos brincar de casinha’ e alguém montar um espaço desses e dizer ‘venha se divertir aqui’. Tem que respeitar o que é espontâneo. Só que, às vezes, queremos oferecer experiências prontas para os filhos. E isso gera seres humanos enfraquecidos daquilo que desejam.

Se você não faz isso na infância e tem alguém sempre dando algo pronto, acaba se acostumando apenas com o que é de fora para dentro. Quando adulto, você se torna uma pessoa mais suscetível ao patrão, ao político, ao companheiro. A brincadeira é um exercício pleno da vontade e do desejo, do qual, aliás, o ócio também faz parte.

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