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Astrologia sem preconceitos
Nastya Dulhiier
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Os conhecimentos astrológicos – milenares, diga-se de passagem – foram fundamentais para a constituição das culturas humanas e das principais tentativas de explicação dos fenômenos terrestres a partir da orientação guiada pelo posicionamento dos corpos celestes no universo.

A perda de importância da astrologia para a explicação do mundo só veio acontecer no século XVIII, quando a cisão com a astronomia ocorreu e a disciplina foi formalmente excluída dos ambientes universitários. A partir daí, os conhecimentos passaram a ser utilizados principalmente para finalidades relacionadas ao autoconhecimento, como para descrever nossa personalidade e comportamentos.

Kya Mesquita, astróloga, fundadora e professora do Insituto Solare (@institutosolare), resume que “a astrologia é literalmente padrões de significados simbólicos que foram criados ou interpretados pelos seres humanos desde a antiguidade e que, de alguma forma, esse padrão que foi criado consegue monitorar a relação entre as pessoas, os ciclos e as coisas como elas acontecem.”

Popularização da astrologia

A astrologia sempre ganhou espaço nas revistas e jornais brasileiros, mas sua demanda nunca foi suprida nos pequenos espaços fornecidos nas páginas de papel veiculadas diária ou semanalmente. Com o surgimento da internet e das redes sociais, foi possível uma maior circulação dos conhecimentos astrológicos.

Hoje, não há só profissionais especializados no assunto que divulgam seus conhecimentos nesses espaços, como também páginas de memes e outras relacionadas, que contribuem para o crescimento dos debates. Ainda assim, os estigmas relacionados à astrologia e a quem é adepto existem e com frequência circulam informações pejorativas.

Para Luisa Nucada, astróloga e professora da Nux Astrologia (nux.astrologia), “a astrologia não se pretende ciência, não se afirma enquanto saber científico, e apesar disso é pejorativamente etiquetada como pseudociência por pessoas que querem desqualificá-la.” Ela acrescenta que é “é um saber filosófico, metafísico, simbólico e oracular que, quando bem aplicado por profissionais qualificados, funciona, tem validade prática, oferece aos que a ele recorrem orientações, acolhimento, sentido, estimula reflexões profundas sobre a vida, sobre momentos difíceis, auxilia no processo de autoconhecimento e ajuda a ampliar a percepção das sincronicidades.”

Luisa destaca ainda que o fato da astrologia trabalhar com um olhar não científico sobre questões relacionadas à vida é o fator que gera “esse efeito mágico, [que] encanta as pessoas e conquista adeptos.”

A astrologia nas nossas vidas

Você, assim como eu, já deve ter acordado pela manhã e lido quais as previsões do seu signo para um determinado dia, ou o que diz sobre o amor, finanças ou trabalho para o mês. Isso se tornou tão comum que eu e alguns amigos adotamos o costume de passar rapidamente pelo horóscopo sempre que almoçamos juntos.

O astrólogo Filipe Oliveira de Carvalho (@alnilam_astro) explica que a astrologia “surge não como uma tentativa de ditar a vida, mas de tentar prever o que pode ser o fluxo dela, além de medir a qualidade desse tempo.” “Mais do que prever o que vai acontecer, ela orienta sobre qual a qualidade desse tempo, quais as temáticas que vão ser tocadas”, acrescenta. 

Isso porque a relação existente entre os corpos celestes e o planeta Terra provoca uma relação de correspondência, e não de causa e efeito. Luisa Nucada exemplifica que “por exemplo, um período em que há tensão envolvendo o planeta Marte, que é associado à guerra, corresponde a mais eventos relacionados a conflitos, acidentes, cortes, raiva, violência. A tensão com Marte não causa brigas, mas corresponde a brigas. Não se afirma que os planetas influenciem, causem, estimulem nada.” Ela defende ainda que “por isso podemos fazer previsões com a Astrologia. Ao anteciparmos um evento astrológico, podemos prever que algo a ele análogo ocorrerá na Terra.”

Filipe de Carvalho mostra ainda que os conhecimentos astrológicos são apenas uma das ferramentas que explicam os fenômenos que ocorrem nas nossas vidas. “A astrologia pode ajudar a nossa identidade, a se entender, mas a gente precisa de muitos outros elementos para se constituir”, afirma.

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A astrologia pode ser uma crença?

Os conhecimentos da astrologia estão presentes nas nossas vidas em diferentes momentos do dia, isso já vimos, mas ela pode vir a ser uma crença, ou ainda mais, uma religião? Essa pergunta pode parecer estranha, mas muitos de nós acabamos recorrendo às explicações dos signos para descrever comportamentos e ações que estão para além da relação de correspondência existente com os astros.

Há inclusive o ramo conhecido como astrologia védica que é bem mais próxima dessa descrição, embora não seja tão popular no Brasil. Para Filipe de Carvalho, “ela não pode ser um lugar estagnante, porque a astrologia trabalha com trânsitos, movimentos. Mesmo seu mapa natal sendo fixo, cada movimento celeste ativa novas ações ali dentro, dentro da própria astrologia, existe um movimento inerente a ela.”

Kya defende que muitas pessoas acabam por utilizar as descrições do horóscopo para explicar pequenos hábitos  e aflições do cotidiano – aqui paro o texto para uma pequena anotação mental: interromper isso, pois me identifiquei bastante com a descrição. Seguindo com a explicação, a professora do Insituto Solare afirma que a “identificação que as pessoas têm com o que elas leem no horóscopo e o que elas acham que é o signo dela, é uma forma delas descreverem pequenos hábitos e aflições que têm todos os dias.”

Luisa Nucada é mais enfática ao defender que “a astrologia não é uma religião, e não pretende ser. Astrólogos não possuem isenção de impostos, como as igrejas têm, nem compõem uma bancada astrológica no Congresso, diferentemente dos evangélicos.” “Agora, se há pessoas que usam a astrologia para justificar suas ações, comportamentos e decisões, ou ‘culpam’ a astrologia por seus defeitos, aí o problema está nessas pessoas, não na astrologia”, conclui. 

Todos os meus comportamentos são por causa do meu mapa astral?

Bom, se você pensa ou já pensou dessa maneira, saiba que a resposta é não. Todos os especialistas ouvidos pela Vida Simples afirmaram que há muitos outros elementos que estão presentes no nosso cotidiano e influenciam nossas vidas e comportamentos.

Luisa Nucada nos explica que “as ações de uma pessoa são sempre responsabilidade dessa pessoa, nunca do seu mapa astral. Seu mapa pode indicar, por exemplo, que você tende a ser uma pessoa rígida e autoritária, adjetivos associados ao planeta Saturno. Essa informação pode te ajudar a observar seu comportamento, reconhecer se há ou não esses traços, ampliar sua autoconsciência.”

Kya vai além e mostra que “quando a gente usa um conhecimento popular para aproximar as pessoas de algo que elas não estavam refletindo antes é muito positivo, mas quando a gente começa a misturar nossa ideia do que foram as pessoas e as nossas relações com os signos delas, isso com certeza vai ser nocivo à nossa convivência.”

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