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Um paraíso para chamar de seu
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O jornalista, escritor, músico e compositor Beto Pacheco (@betopacheco) é autor do livro de contos e crônicas “O Fantástico Mundo das Quinquilharias”.

Com exclusividade tivemos acesso a uma das crônicas de seu novo livro que será lançado em Outubro, “O riso, o raso e a reza”. O livro contará com 36 crônicas e está em pré-venda no modelo crowfunding. Você pode adquirir clicando aqui.

Contos: Um paraíso para chamar de seu

A pergunta veio com o vento: como seria o Paraíso? Ela então foi seguida de outros questionamentos: será o Paraíso comum a todos? E, se não for, cada um terá o seu próprio Paraíso? Portanto, qual será o seu Paraíso individual ideal? 

Eu diria: John Lennon.  

Se eu acreditasse em Paraíso, o que não é o caso, e pudesse definir, hoje, o meu ideal por definição, pensaria em John. Ou seja, se tivesse eu a opção de escolher como seria o meu Paraíso, assim seria: encontraria com o líder dos Fab Fourpor lá, sentaríamos a uma mesa à beira da Praia de Ipanema, pediríamos uma cerveja puro malte isenta de glúten (aceite, o Paraíso é meu) – e bateríamos papo. Horas e horas. E ele estaria tão empolgado quanto eu. Feliz mesmo. Estaríamos no mesmo tom, na mesma frequência. Ele na língua dele, eu na minha. Entenderíamos perfeitamente um ao outro, Google Translate embutido.   

Falaríamos dos Beatles, evidentemente. “E o Paul, pegava todas?, hein, hein, conta aí, John” e ele se lembraria de histórias, riria, pediria mais uma gelada, arrotaria e depois, por um motivo qualquer, xingaria. Em dado momento, ficaria sério, olharia para o horizonte e mudaria de assunto. Então, falaríamos de guerras, de eleições bizarras, de quadros famosos, de Yoko, de Nova York, de guitarras, de futebol, de bundas, de aros de óculos, de Tom Jobim e Los Hermanos, de religião, do Brasil (teria a eternidade pra explicar a ele, mas mesmo assim haveria dificuldades), do Pantanal, do Dalai Lama… 

contos

– Encontrei com ele ontem. 

– Com quem? – Pergunto.   

– Com o Lama. Cruzei com ele perto do Paraíso do King. – John responde.  

– King? 

– Sim, sim, Martin. São muito amigos eles. Tomam chá às quintas.  

– Ah! 

E então, do nada, John puxaria um violão, que apareceria como por milagre (algo um tanto quanto natural em nível de paraísos, você sabe) e tocaríamos juntos. Sim, eu e John Lennon. Tocaríamos por uma, duas, três, doze horas. Não cansaríamos, pois é o Éden. Tocaríamos alguns blues clássicos, rocks ingleses, Legião Urbana, bossa nova, Cartola, além de algumas baladas do U2. John gosta muito do U2. Aliás, todo mundo por lá gosta. Do U2, do Chico Buarque e do Tatára.  

– Vamos compor uma? – John proporia. Meu queixo cairia à meio-mastro e eu o olharia incrédulo. Em outra situação, eu é que teria feito a ele tal proposta descabida. Mas o Paraíso é meu, lembre-se. Por isso mesmo, John, ele em pessoa, ou melhor, em espírito, John Lennon, gostaria muito, pra valer, muito mesmo, de fazer uma música comigo.  

Ainda meio tonto, eu responderia como novas perguntas:  

– Como assim?! Uma música? Música mesmo, você está dizendo? 

– Sim. Vamos? Eu e você.  

– Você, John Lennon, está querendo compor comigo, é isso? 

– É. Topa ou não? 

E a eternidade seguiria como uma melodia, daquelas que se assovia durante o banho, que todos cantam, que o mundo aplaude. Uma canção, letra e música, cujo final se veria assinado Lennon & Pacheco. Ai, ai!

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