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Sobre asas e raízes
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Neste artigo:

Viajar junto é uma experiência rica, mas é preciso entender que cada um enxerga o trajeto de uma maneira própria

Minha família tem elos fortes. Somos um quarteto de irmãos apoiados no amor um pelo outro. Mas somos tradicionais. Então, quando voei de casa para o mundo sem data para voltar, um padrão foi quebrado. Retornei cinco anos depois. Encontrei meu pessoal mais calejado e a casa conquistada por sobrinhos.

Nos anos seguintes, após esse período de peregrinação, fui juntando meus pedaços para ser alguém entre aquela de casa e a nômade. E descobri ter as raízes tão potentes quanto as asas. Parece bom, mas é exaustivo servir a duas forças contrárias. Vivo tomada por apegos ao mesmo tempo em que desejo explorar outras fronteiras. 

Um dia achei boa ideia levar meus pais e namorado aos lugares onde vivi. Por 32 dias, conduzi-os numa jornada pelo meu mundo: pouca bagagem, rumo livre, vida nos levando. Fomos aos confins dos Países Bálticos, atravessamos a Rússia, subimos aos vilarejos mais altos das montanhas suíças, entramos na Escandinávia pelo mar gelado…

Apresentei-lhes velhos amigos, chorei em segredo ao reconhecer lugares e pessoas já mudados e, muitas vezes, tive vontade de ficar lá, no passado.

Honrando minhas raízes

No trajeto, descobri que cada um faz o caminho a seu modo. Meu pai se embaraçou no obstáculo de abandonar seus hábitos diários. E eu me enrosquei na luta por conquistar sua admiração. Meu companheiro pareceu não digerir meu passado. E minha mãe, a versão mais linda e madura de mim, foi feliz o percurso inteiro.  

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Mas, depois dessa viagem, descobri que tem um lado da gente que nem sempre precisa ser revelado. Na volta, meu companheiro seguiu sem mim. Ao contrário do que aconteceu com meu pai, que retornou para casa feliz por haver voado um pouco nas asas da filha. Senti o privilégio. E honrei minhas raízes.


JULIANA REIS é uma viajante em busca de histórias, pessoas, lugares e experiências que a modifiquem.
@viagenstransformadoras

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