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Sobre a sabedoria de existir
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Em seu novo livro, “Coragem de existir”, Matheus Jacob, de Homem que Sente, divide reflexões filosóficas sobre a nossa existência

Matheus Jacob ficou conhecido nas redes sociais por compartilhar, em seu perfil no Instagram (@homemquesente), pílulas e crônicas sobre os sentimentos. Quando começou, ainda de forma anônima, o intuito foi mostrar que as emoções são parte da natureza humana. Logo, homens também as têm – e externá-las não é sinal de fraqueza ou falta de masculinidade, como muitos ainda acreditam. As pensatas alcançaram um grande número de pessoas e suscitou discussões importantes sobre a forma como lidamos com o sentir e a necessidade de incluirmos todos os gêneros nessa conversa. Em 2016, Homem que Sente tornou-se também um livro. 

Três anos depois, ele acaba de lançar Coragem de Existir, que reúne ensaios, apoiados na filosofia, sobre questões comuns a todos nós. Segundo Matheus, existe uma vida digna de ser vivida, e precisamos ir em busca dela. O primeiro passo é refletir sobre aspectos importantes da existência comuns a todas as pessoas, como a liberdade, o tempo, o amor, o eu e o outro.

Para iniciar o caminho de reflexões, o escritor nos convida a pensar sobre o medo de viver. Ao olharmos para a morte, por mais que, por vezes, possamos temê-la, existe um elemento confortador: sabemos que, quando ela chegar, as nossas inquietações e conflitos terrenos estarão terminados. 

Por isso, Jacob considera que a grande questão é o temor relacionado à vida. “Pelo medo de viver, nós morremos aos poucos”, diz. “Desistimos dela de formas tão sutis que sequer percebemos. São vidas inteiras preenchidas somente por ausências, por automatismos e pelo estranho gesto de negarmos a própria existência.” É justamente por esse medo que deixamos de arriscar, de encarar nossos reais desejos, de testar algo novo.

Ao falar sobre a liberdade, por exemplo, ele pontua a importância dos limites. A gente tende a pensar que eles são negativos, que tolhem nossa capacidade de superação e aperfeiçoamento. Ao esbarrarmos em alguma limitação própria, desanimamos, pensando haver, ali, uma falha. O filósofo lembra, no entanto, que os limites são os contornos pelos quais podemos existir. “O fato de sermos restritos é a maneira pela qual nos reconhecemos todos os dias diante do espelho. É a nossa própria forma. Precisamos amar nossa finitude”, declara. 

Por outro lado, é dentro dessa demarcação que precisamos exercer a liberdade. Buscar transformar a nossa potência (aquilo que pode vir a ser) em ato (o que é), como diz Aristóteles. “Nós não podemos escapar das circunstâncias ao nosso redor”, afirma Matheus. “Mas, ainda assim, cada um de nós é livre para decidir o que deseja ser. Dentro de nossos deveres e direitos, somos responsáveis pela nossa construção. E ela acontece de dentro para fora”, completa.

O livro ainda traz à tona temas como o outro – que não é necessariamente uma pessoa, mas qualquer fator que seja externo a nós mesmos, como o tempo e a gravidade. Nós dependemos dele para existir, porque só sabemos quem somos ao reconhecer aquilo que não somos – ou seja, o outro. 

Da mesma forma, por não dizer respeito a nós, não temos o controle sobre ele. E, nesse ponto, Jacob adverte: todas as crenças que carregamos são importantes, mas elas só são capazes de gerar alguma transformação ao sair do campo das ideias e ir para o da ação. Sabe aquela história de que não basta acreditar que a fome no mundo será erradicada, é preciso fazer algo para que o alimento chegue ao prato de todas as pessoas? Exatamente isso. Acontece que, a partir do momento em que agimos, lidamos com as reações alheias. Por isso, apesar do pensamento carregar certa força, ele não é capaz de transformar realidades sozinho. “Se conseguíssemos construir o universo pelo simples gesto no nosso querer, precisaríamos aceitar a ausência de outros seres livres”, completa. 

Depois de navegar, ao longo de nove capítulos, pelas mais frequentes angústias humanas com respaldo na filosofia, Matheus retoma ao título escolhido e adverte: coragem não é sinônimo de ausência de receios. Ao contrário, ela é a virtude pela qual os vencemos, não os excluímos. É quando lidamos com nossas questões, especialmente as que nos assombram, que encontramos, nas palavras do escritor, a sabedoria do existir – e é ela que nos coloca no caminho da felicidade como algo contínuo, um bem viver presente também nos momentos de dores e tristezas. “Se a vida é um convite ao ato, a felicidade é a própria ação. Um agir”, finaliza.

Coragem de Existir
Buzz Editora
103 páginas
R$ 34,90

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