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O lugar da tristeza
Pierre Bamin | Unsplash
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Neste artigo:

Este sentimento nos proporciona a melhor vista de nós mesmos. E merece também ser vivenciado sem pressa.

A gente costuma chamar de fundo do poço. Aquele espaço da tristeza profunda, que dói e parece sufocar o coração, impedindo-o de bater como de costume. Entretanto, nem sempre você tem ideia de como foi parar ali, naquele espaço fundo e escuro. Não parece haver nesse lugar paisagens interessantes. E tudo indica que não vai render boas fotos. Estar no fundo do poço costuma ser motivo para se sentir ainda mais no fundo do poço. O único desejo é sair rápido dali. 

Dessa maneira, o lugar da tristeza assusta. Ninguém traz bons relatos de lá. Até porque poucos admitem ter estado ali. De modo que você nem pensa na possibilidade de observar o que está em volta, sair para passear um pouco e, quem sabe, apreciar a estada. Você se concentra em descobrir como sair de lá. Por fim, o lugar da tristeza costuma ser também o lugar da culpa. Não aprendemos a aceitar que o lado triste da vida merece um pouso e um tempo.

tristeza profunda Crédito: Kinga Cichewicz | Unsplash

Uma zona de conforto

Silencioso e solitário, sim. Mas com uma vista incrível para o céu. Esse lugar quer algo de nós. Melhor respirar fundo e não ter pressa. Trocar de roupa, calçar um tênis e sair para conhecer os arredores. O lugar da tristeza tem vista privilegiada para dentro de nós mesmos. Foi lá que aprendi a olhar para a vida com poesia. Descobri que a beleza pede um pouco de introspecção. Apurei meu senso de humor e fiz dele uma ótima companhia.

Tem gente que faz do lugar da tristeza uma zona de conforto. Fica, mas se recusa a conhecer. Passa anos no fundo, trancado no hotel assistindo TV. Enquanto o sucesso nos arremessa para fora, os momentos difíceis nos voltam para dentro. E nos ensinam silêncio, paciência, resiliência. Dão lições sobre respeito e tempo. Da próxima vez que você passar por lá, não deixe de aproveitar. Entregue-se. E volte melhor da viagem.


CRIS GUERRA é autora do livro Procurava o Amor em Jardins de Cactos (Gulliver Editora). Escritora, acha que até as palavras servem para vestir. @eucrisguerra

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