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Entediado no trabalho? Pode ser Síndrome de Boreout
(Foto: Johnny Cohen/Unsplash) os perfis mais atingidos pelo boreout são de pessoas com grande necessidade de desafio
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Neste artigo:

Se você se sente desmotivado e com tédio no expediente de trabalho, isso tem nome – e não, não é preguiça. É a Síndrome de Boreout, a antagonista do Burnout. A condição é marcada pela falta de motivação e propósito e traz impactos na saúde mental e ambição profissional.

Acontece com muitas pessoas, que nem sabem que isso é uma condição real. Com tarefas abaixo do potencial do trabalhador, serviços repetitivos, falta de reconhecimento e ambiente estagnado, de repente o trabalho fica tedioso.

O que é a Síndrome de Boreout?

Também conhecido como síndrome do tédio no trabalho, esse conceito é discutido desde 2007. O quadro é marcado pela inexistência ou pouca atribuição de tarefas no dia a dia dos trabalhadores, que causa tédio crônico no ambiente organizacional.

À primeira vista, o tédio não parece ser um problema, mas essa sensação tem grandes impactos na saúde mental, como o sentimento de desvalorização, ausência de sentido na vida, desmotivação e falta de estímulo no trabalho. A Síndrome de Boreout tem relação direta com a falta de desafios, oportunidades e novas responsabilidades que, em uma rotina repetitiva, leva ao esgotamento físico e mental.

Isso porque, para algumas pessoas, um ambiente sem desafios pode ser sinônimo de um lugar sem motivação. Administrados na medida certa, os desafios aumentam a produtividade, a sensação de satisfação e previnem contra o próprio boreout.

“O tédio e a sobrecarga podem causar desmotivação, isso é um fator em comum. Além disso, causa alteração no humor ao pensar em ir trabalhar ou já no ambiente de trabalho. A percepção diminuída de si com ausência de propósito na organização causa baixo autoestima e um processo ansioso com excesso de pensamentos”, aponta Lucas Tavares Dias, psicólogo e professor da UNISUAM.

Apesar do termo ter ganhado destaque recentemente nas redes sociais, o boreout  é um problema observado na força de trabalho há bastante tempo. De acordo com dados da Gallup, entre 2022 e 2024, 57% dos brasileiros empregados não estavam engajados com o trabalho e 10% estavam ativamente não-engajados. No cenário global, os números são de 62% e 17%, respectivamente.

Além disso, o relatório “State of the Global Workplace” – “Estado do ambiente de trabalho global”, na tradução livre –, publicado este ano, registrou as emoções sentidas pelos trabalhadores durante um dia de expediente. O estresse lidera a lista, com 44% dos resultados, seguido por tristeza (23%), solidão (22%) e raiva (21%).

Segundo Lucas, os perfis mais atingidos pela síndrome de boreout são de pessoas com grande necessidade de desafio, quem tem baixa tolerância à monotonia e desconforto, quem tem necessidade de reconhecimento e pessoas com baixa autoestima.

Como superar o tédio

Sair do tédio não significa pular direto para um tsunami de tarefas. Afinal, dessa forma, as pessoas podem sair do Boreout e ir direto para um caso de Burnout. Há formas muito mais simples e saudáveis de lidar com essa síndrome sem arranjar outro problema.

“Nesse caso, a comunicação é tudo: pedir por feedbacks, falar para os superiores como se sente e buscar novas atividades e desafios. Isso demonstra interesse e desejo de crescimento”, indica o psicólogo.

Também é importante traçar metas profissionais para entender os seus desejos, dar mais sentido para o ambiente de trabalho e analisar se o seu lugar é ali mesmo. Buscar ajuda de um psicólogo pode auxiliar nos problemas de saúde mental causados pela síndrome e construir autoconhecimento e acolhimento.

“Se dedique a atividades prazerosas, trazendo, então, satisfação para si. Como uma última alternativa, procure um novo emprego.”

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