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Brigas com os sogros são muito comuns, mas não precisavam
Foto: Freepik
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“Quais são suas intenções com minha filha?”, os sogros perguntam, desconfiados. E mesmo com a melhor das respostas, o genro se sente julgado, como em uma entrevista de emprego que, antes mesmo de começar, já parece não requer mais predicados do que o pretendente pode oferecer. É bem verdade que a situação, desse jeito que foi descrita, já ganhou contornos caricatos hoje em dia. Mas a chegada de um novo membro à família costuma gerar aos pais muitas emoções.

A desconfiança, o medo da perda, a dificuldade de aceitar mudanças e até mesmo o ciúme são algumas emoções que podem surgir dessa dinâmica. E é claro que essa resistência e a maneira de agir de cada peça do quebra-cabeças pode levar ao afastamento dos indivíduos.

A Netflix aproveitou essa relação com alto poder de conflito e trouxe reality show dedicado a isso. “Ilhados com a Sogra” deu o que falar com a chegada da sua segunda temporada, que simplesmente alcançou o quinto lugar da lista de 10 produções em língua não inglesa mais assistidas da plataforma.

O programa prende o público ao. buscar mostrar de forma honesta esse problema que faz parte da vida familiar de tanta gente.

O novo membro da família

Diversos motivos levam a conflitos entre sogros com seus genros e noras. O principal, talvez, seja um velho conhecido do repertório de emoções humanas. “O ciúme dos pais em relação aos filhos é, de fato, uma causa frequente desses atritos, pois muitos sogros têm dificuldade em lidar com a nova dinâmica, sentindo-se excluídos ou substituídos”, explica a psicanalista Elainne Ourives.

Segundo a especialista, essa sensação pode gerar comportamentos superprotetores ou interferências excessivas na vida do casal, levando a desentendimentos na família e no relacionamento.

Isso ocorre porque a entrada de um novo parceiro na família representa uma reconfiguração das relações. É natural que os pais sintam que precisam compartilhar a atenção e o tempo do filho ou filha, o que pode gerar sentimentos de perda ou afastamento”, aponta a profissional.

Por outro lado, lembra Elainne, o parceiro também precisa encontrar seu espaço na família, o que pode causar uma tensão: “Além disso, questões como diferenças culturais, divergências na criação dos netos e falta de limites claros também contribuem para esses conflitos.”

Comunicação é a chave

Evitando as conversas difíceis, ignorando os comentários atravessados e fugindo da sinceridade, os pais e o casal podem começar a se sentirem cada vez mais frustrados, o que leva ao começo dos desentendimentos e brigas.

“A comunicação é sempre o melhor caminho. Conversar de forma aberta e respeitosa, sem apontar culpados, é uma ótima forma de criar empatia”, ressalta Helena Mariane, psicanalista especializada em relacionamento. Segundo ela, muitas vezes os conflitos acontecem justamente porque ninguém diz o que está sentindo e as coisas vão se acumulando.

Às vezes, só o fato de incluir os sogros em algumas conversas ou decisões já alivia a tensão, porque os ajuda a se sentirem ouvidos e valorizados.

Dicas para melhorar a convivência

Os conflitos geralmente ocorrem por conta de diferenças de expectativas, valores e hábitos de convivência. Essa é a conclusão da psicóloga Mariane Pires Marchetti.

Buscando mudar esse quadro, Mariane lista pontos de atenção que podem melhorar a convivência:

  • Empatia: tentar compreender o ponto de vista do outro pode reduzir julgamentos e facilitar o diálogo;
  • Momentos de convivência: investir em encontros descontraídos, sem a pressão de resolver problemas, pode ajudar a construir um relacionamento mais leve e natural;
  • Evitar triangulações: conflitos devem ser resolvidos diretamente entre as partes envolvidas, evitando que o filho ou filha sirva de intermediário;
  • Valorizar os pontos positivos: demonstrar gratidão e reconhecer o apoio dos sogros é uma maneira eficaz de fortalecer os laços;
  • Terapia individual: quando os conflitos são mais complexos ou envolvem mágoas profundas, a terapia individual pode ser uma excelente alternativa. Ela possibilita que cada pessoa trabalhe suas questões emocionais e comportamentais de forma personalizada, ajudando a criar ferramentas internas para lidar com as situações.

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