Adoção responsável: como escolher o pet ideal para você?
Adotar um animal de estimação é um gesto de amor que exige planejamento, cuidado e a certeza de que você está pronto para uma convivência duradoura

Tem quem goste mais de gatos, outros se dão melhor com cachorros. É um match de personalidade entre tutor e pet que diz muito sobre independência, apego e disponibilidade de cada um. Além disso, essas preferências podem ajudar muito na hora da adoção – afinal, a fofura não deve ser o único fator para levar um animal de estimação para casa. Será que tem como escolher o pet ideal para cada tipo de pessoa?
Como escolher?
Cada espécie tem necessidades e jeitos específicos e, ainda assim, cada animalzinho é único e terá uma personalidade diferente. Por isso, esse não é um guia absoluto, mas já ajuda a imaginar a sua rotina com ele.
“A chave é sempre o planejamento e a honestidade consigo mesmo sobre o que você pode oferecer. Um animal feliz é aquele cujas necessidades são atendidas dentro da rotina de sua família”, destaca o veterinário.
- Gatos
São animais mais independentes, se dão bem em ambientes menores e se adaptam de forma magistral à rotina dos cuidadores. Eles dormem bastante e tem higiene autônoma, precisam de atenção e brincadeiras, mas não exigem passeios diários e níveis altos de socialização.
Os gatinhos adoram rotinas de alimentação e brincadeiras, já momentos de carinho dependem muito de cada indivíduo.
Podem ser uma boa escolha para pessoas mais ocupadas, de rotina um pouco mais cheia, e para quem mora em apartamentos e casas pequenas. “Um casal de gatos pode ser ainda melhor, pois fazem companhia um ao outro enquanto você está fora”, indica Raphael.
- Cães
São ótimos em se adaptar à rotina humana, mas também precisam que a rotina se adapte a eles. Os cães precisam de passeios regulares para fazer necessidades, gastar energia e socializar, além de tempo para brincadeiras e interações. “A socialização e o treinamento são contínuos, o que exige tempo e dedicação para ensinar comandos básicos e boa convivência.”
Para quem é apegado e tem mais tempo, adotar um cachorro é uma boa opção. Mas, para quem não tem muito tempo, contratar um dog walker ou ter dois cães pode ser uma saída para o animal não se sentir sozinho.
Raças como Golden Retriever, Labrador, Beagle ou muitos cães sem raça definida (SRD) vão amar te fazer companhia e provar na prática que o melhor amigo do homem é o cachorro. Claro, a intensidade do apego depende da personalidade de cada cachorro, mas geralmente eles amam receber carinho e atenção.
“Se você está disposto a retribuir todo esse amor com passeios, brincadeiras e muito afeto, um cão será seu melhor amigo.”
Agora, quem quer um desafio ou uma companhia para atividades físicas, raças como Border Collies, Pastores Alemães ou até alguns SRDs são ideais. Eles têm muita energia para gastar e adoram sair de casa para caminhar, correr e brincar. Esses cães precisam de estímulo mental e físico constante.
- Pássaros
Para pessoas mais tranquilas e que buscam uma companhia discreta, além dos gatos, algumas aves como calopsitas, se bem socializadas, podem oferecer uma companhia leve e interativa. Elas cantam, interagem e podem até aprender a falar.
Eles exigem dos cuidadores uma rotina mais focada na limpeza das gaiolas e na alimentação regrada. Para quem deseja ter mais interações, é possível dedicar um tempo fora da gaiola e deixá-los voar em ambientes seguros.
“Eles podem ser bons companheiros para quem tem um ritmo de vida mais tranquilo e busca uma presença mais sonora e visual”, diz Raphael.
- Peixes
Os peixinhos são os pets de menor demanda de interação direta, com uma presença calma e contemplativa. Esses animais são uma alternativa para quem busca companhia e tranquilidade.
O cuidado com eles é mais focado na manutenção do aquário (limpeza, testes de água) e na alimentação diária.
Considere a adoção
É importante entender que adotar um animal de estimação é um ato de amor, mas também de responsabilidade e dedicação de tempo. Por isso, é necessário considerar alguns aspectos para tomar essa decisão.
“Eu diria que o primeiro e mais fundamental aspecto é a consciência do compromisso a longo prazo. Isso significa considerar seu estilo de vida atual e futuro: você planeja mudanças, viagens, ter filhos? O pet se encaixará nessas fases?”, aponta Raphael Chiarelo Zero, coordenador de medicina veterinária da Universidade Brasil.
Depois disso, considere os fatores práticos da adoção. O financeiro é o primeiro, já que para o animal ter uma boa qualidade de vida, algum dinheiro deve ser aplicado para o seu bem-estar. São muitos os custos envolvidos, como alimentação, vacinas, remédios, brinquedos, visitas ao veterinário e eventuais emergências. Assim, é preciso ter uma reserva financeira dedicada ao animal de estimação. De acordo com Raphael, outros pontos práticos são o espaço e a rotina.
“Um cão de grande porte que mora em um apartamento e sem passeios diários sofrerá. Um gato, embora mais independente, precisa de um ambiente enriquecido com arranhadores e lugares para escalar. Pense em quantas horas o animal ficará sozinho, se você tem tempo para passeios, brincadeiras e carinho. Animais precisam de atenção, não são objetos de decoração.”
Por isso, pesquisar sobre a espécie que pretende adotar é essencial para entender as necessidades específicas e garantir a compatibilidade entre o você e seu novo companheiro de vida.
“Quando você se sentir preparado para os desafios, como xixi fora do lugar, sapatos roídos, noites em claro se for um filhote, ou a adaptação de um animal mais velho. Se você está ciente de que esses percalços fazem parte do processo e que o amor e a paciência serão suas ferramentas, então, provavelmente, essa é a hora certa. É um chamado que vem do coração, mas que a razão precisa validar.”
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