
Acredito que foi pelo melhor!
- TEXTOS Andrea Ferrara @andreafferrara
- FOTOGRAFIA Mayur Gala | Unsplash
- 26
- 3
Quem já não se pegou agradecendo pelo tabefe que levou da mãe, do pai ou até mesmo da professora? Quem já não achou que foi exatamente aquela situação ruim que o tornou uma boa pessoa? Quando pensamos sobre a educação que tivemos, é comum nos lembramos de punições. Com frequência, ouvimos afirmações como: “no primeiro palavrão que falei, levei um tapa bem dado na boca e nunca mais me atrevi a dizer outro”; ou “não fiquei traumatizado e por isso virei gente”.
Afinal, será que nos tornamos pessoas respeitosas exatamente por causa daquele castigo exemplar? Então, somos bons pelo pior que recebemos algum dia? De certa forma, sem percebermos, acabamos subestimando a capacidade de aprendermos e de ensinarmos a fazer o que deve ser feito sem ser pela via da recompensa, da ameaça e do castigo.
Eu acredito que o que forma um bom cidadão é um conjunto de vivências e de exemplos melhores e mais felizes do que aquele tapa, vergonha, cintada, culpa, choro, angústia, escândalo, medo, humilhação ou punição.
O que faz a criança se tornar um adulto socialmente e emocionalmente saudável é o equilíbrio, o tempo junto com os pais, avós, tios, primos, irmãos, amigos, vizinhos, professores ou cuidadores, a música, as brincadeiras, o ambiente, a paz, a calma, o lápis, o papel, os livros, as histórias, a dança, a fruta, os alimentos, o afeto, a atenção, a casa, a natureza, o grupo de apoio, a oportunidade de estudo, o encorajamento, o treinamento, o amor e todo saldo positivo da infância e da adolescência.
Também não nos tornamos respeitosos pela permissividade ou porque passaram a mão na nossa cabeça diante de uma falha, mas sim porque nos guiaram e nos ofereceram margens para agirmos diferente. Somos bons pelo limite gentil e pelo respeito que recebemos de alguém em algum momento. O bem que recebemos é que nos permite oferecer o bem também aos outros. Não foi pelo pior, foi pela chance que tivemos de sermos nossa melhor versão.
ANDREA FERRARA é advogada, pedagoga e consultora em educação.
COMENTÁRIOS
TAMBÉM QUERO COMENTAR
VEJA TAMBÉM
-
Como usar a bike no dia a dia
Além de ser um jeito mais econômico e saudável de chegar ao seu destino, pedalar lhe traz uma sensação nostálgica de infância e de liberdade e muda (para melhor) sua relação com a cidade
-
O poder da alegria
Ela fornece força para realizar projetos e mudanças. E o melhor: pode florescer em plena tristeza, quando o horizonte está repleto de nuvens e a gente acha que não existe mais saída
-
Como lidar com a ansiedade
Entender esse sentimento é o melhor caminho para ter mais sabedoria e equilíbrio nas decisões e mais dias de paz com você mesmo
-
Faça as pazes com seu corpo
Acolher nossas formas com mais carinho e enxergar a beleza que existe em nós para além dos padrões e estereótipos melhora a autoestima e nos permite aproveitar a vida com mais alegria – e a honrar quem a gente é
-
Como montar sua biblioteca
Quem ama livros costuma também ter cuidado com seus títulos para que eles se preservem por bastante tempo. Aqui, selecionamos algumas dicas para você cuidar do seu acervo – e encontrar rapidamente os exemplares que precisa
-
Como sobreviver ao péssimo, horrível, terrível, pior dia de todos os tempos
Um manual de sobrevivência para enfrentar, com alguma dignidade, aqueles dias em que tudo parece dar errado
Jessé de Araújo
Acreditar, sempre! Acreditar é fundamental
LílIan Miranda
Perfeito! 👏
Maria Helena
Seu texto, excelente por sinal, vem de encontro com o que eu acredito. Uma educação ressignificada cria nossos cidadãos pata um novo mundo. Parabéns amiga!