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Um presente para si
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Com o Corpo relaxado, inspire e expire suavemente. Inspire e expire, inspire e expire… sem parar, de um jeito bem leve. Agora veja, com sutileza, que enquanto você respira, há algo consciente em você, leve, parado, lúcido, silencioso, além da inspiração e da expiração. Observe. Siga inspirando e expirando, mas a partir desse lugar leve, lúcido. Pratique assim. Você está meditando. Quando sua mente se distrai, veja, é como se surgisse uma bolha de realidade ? essa bolha é uma espécie de sonho com caminhar próprio e com um momento final. Nesse sonho surgem visões, emoções, pensamentos e também urgências… é assim mesmo. Agora você volta à respiração. Perceba, a presença serena e lúcida está lá. A mente se distrai novamente, e novamente, e novamente. Faz parte do processo. As bolhas de realidade e de sonhos surgem e vão embora. Mas a presença lúcida pode seguir imóvel, igual. É a partir dessa condição estável, mesmo apesar das distrações, que você vê a ação da sua mente; ela cria mundos de significados e pensamentos em bolhas que surgem e se desfazem. A esse infindável saltar de bolha em bolha da nossa mente, Buda deu o nome de transmigração. É como um pássaro que, pousado em um galho, sempre termina por esvoaçar para outro galho.  Se você reparar, nossas vidas se resumem a isso: transmigrar infindavelmente entre pensamentos. É como respirar; acontece o tempo todo. Ainda assim, há algo leve, estável e lúcido além desses ciclos. Algo que não muda, não flutua, não envelhece. Sempre vivo e presente. Consegue sentir? Está aí, presente:  a lucidez da mente. Em qualquer momento, dentro de qualquer experiência ? seja de sonho em meio ao dia ou à noite, seja de meditação, de trabalho ou de estresse ? está essa presença lúcida, serena e silenciosa. E você pode acessá-la para viver melhor. Depois de algum tempo de treino (persista!) e com a capacidade de olhar a partir dessa condição de lucidez, observe os que vivem próximos a você, as pessoas que encontra a cada dia. Veja, eles flutuam e agem por dentro de suas próprias bolhas de realidade, por vezes animados, sorrindo, outras vezes depressivos, em sofrimento. Suas visões da vida, do presente, do passado e do futuro mudam constantemente junto com as bolhas. Percebe? Se você, vendo isso, não se assustar e nem se perturbar, mas ver surgir em si uma energia disposta a ajudá-las nessa circunstância que vivem, você recebeu o presente de enxergar a compaixão surgir em seu coração. Agora, retorne à lucidez serena e leve. Olhe novamente os seres ao seu redor. Veja, eles têm brilho, amorosidade, inteligência, energia de ação, beleza e outras tantas qualidades e virtudes. Caso seus olhos brilhem com as virtudes que encontra neles, alegre-se, você recebeu o presente do amor estável. Com o treino e a prática da meditação, sua visão irá além das bolhas. Você encontrará na lucidez silenciosa uma fonte inesgotável de tesouros de felicidade para si mesmo e para todos ao redor.

PADMA SAMTEN é lama budista. Fundou e dirige o Centro de Estudos Budistas Bodisatva, em Viamão, RS.

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