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Meditando com as aparências
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Corpo estável e ereto, mente serena. Inspirando e expirando… inspirando e expirando. Calma e lentamente. Em um certo momento, você verá, atrás da respiração que ondula, há algo estável, sereno, vivo. Sua natureza viva e lúcida, brilhando. Com os olhos abertos à frente, sem fixá-los em algo de fato, você observa a respiração, de forma lúcida e presente. Pratique assim por uma semana, por um mês, por um ano, por seis anos… Em certo momento você ampliará a meditação. Tranquilo, sem se mover e nem perder a consciência da respiração, observará o aspecto sutil de cada um dos cinco elementos em seu corpo, energia e mente: a estabilidade é o elemento terra. A ausência de tensão ou rigidez é o elemento água. O calor natural é o elemento fogo. Sua respiração fluindo sem esforço é o elemento ar. A presença livre da mente, capaz de se deslocar em qualquer direção, é o elemento éter. Sereno, você poderá contemplar os elementos um a um, ciclicamente. Quando surgir a sonolência, repare, a energia (os tibetanos chamam “lung”, na cultura védica seria “prana”, os chineses e japoneses diriam “chi”) do elemento terra entrou em colapso. Você está sentado em meditação, mas seu corpo perde energia e amolece. Você quer deitar, sente cansaço. É o lung desaparecendo. Se for hábil, a partir de sua natureza viva e lúcida, sempre presente, você pode simplesmente ampliar novamente o lung do elemento terra e verá a força ressurgir. Isso é muito profundo; a energia é dirigida pela mente! Observe! Não retomando o elemento éter, a sonolência se ampliará para a água. Você perderá a posição ereta e deitará. Sentirá seu corpo muito pesado se espalhando no tapete. Nesse momento, se estiver atento, poderá também reverter o curso e ativar a energia da água e da terra, retomando a meditação. É como acordar em meio a um sonho. Se isso não for feito, sentirá frio, buscará uma coberta para manter a temperatura do corpo. Isso mostra o elemento fogo se dissolvendo. Na sequência, sua respiração se tornará longa, lenta, compassada. É a dissolução do elemento ar. Quando surgirem imagens atrás de seus olhos cerrados e você começar a reagir a elas, é o sonho que se inicia, acionado pela energia do éter agora conduzido pelas imagens e aparências internas e sucessivas da mente. Você se entregou ao movimento das bolhas. Mas, em certo momento, sua mente naturalmente presente e livre brilhará de novo, retomando a lucidez. Seus olhos abrirão à frente, você verá que o lung do elemento éter está novamente ativado. Sua respiração ressurge intensa, vem calor ao corpo, movimento e força. Você acordou do sonho. Ou saiu do transitar de pensamentos e bolhas. Sem esforço, sem tensão, sem artificialidade sua natureza brilha lúcida e viva. Pratique a meditação da mente desperta por uma semana, um mês, um ano, seis anos, seis vidas… O Sol dissipa a névoa fria do inverno. As aparências ? bolhas de sonolência, raivas, medos, apegos e carências – se desfazem no espaço sempre presente, luminoso e lúcido. Coração aquecido, olhos úmidos.

PADMA SAMTEN é lama budista. Fundou e dirige o Centro de Estudos Budistas Bodisatva, em Viamão, RS.

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