Mais afeto, por favor

Por que escrever sobre pais e filhos adultos?

Para fechar um ciclo que começou há 25 anos, quando lancei meu primeiro livro. Durante todo esse período, vim fazendo uma espécie de linha do tempo, publicando várias obras, frutos dos estudos e pesquisas a respeito do tema educação. Primeiramente, publiquei dois que eram voltados para a educação na infância (Sem Padecer no Paraíso e Educar sem Culpa). Ambos chamaram a atenção sobre o equilíbrio entre liberdade, responsabilidade e limites. Tempos depois, escrevi sobre educação na adolescência (Limites sem Trauma, Construindo Cidadãos).

O que per demos quando negligenciam os essa relação?

Quem se acostuma a pensar só em si, torna-se incapaz de perceber ou mesmo de ouvir ou ver os sinais que os outros lhes enviam ? mesmo que esses outros sejam seus pais idosos. Nos primeiros depoimentos que ouvi, fiquei alerta para a quase unanimidade dos sentimentos, que denotavam tristeza e perplexidade com o rumo que as relações tomaram. Os pais, cujos filhos já estão adultos, percebem na prole um enorme nível de egoísmo e, em alguns casos, de negligência, especialmente no que se refere às necessidades que sentem nesta fase da vida, quando estão mais frágeis.

O que tudo isso diz sobre nós mesmos?

Jovens criados pensando apenas em si, que têm muitos desejos atendidos prontamente, crescem sem visão ampla do mundo, tornando-se imediatistas e com dificuldades de autoavaliação. Viver olhando apenas para o próprio umbigo nos apequena e incapacita a desenvolver e ampliar a própria humanidade. Se desejamos um mundo melhor e relações mais verdadeiras e duradouras, é preciso reverter essa tendência que começou nos anos 1970 e que, agora, começa a nos apresentar sua feição desagradável: a negligência de filhos com seus pais idosos; o descompromisso com o outro no trabalho e no relacionamento de modo geral.

Filhos Adultos Mimados, Pais Neglicenciados
Tania Zagury, Editora Record,  R$ 35