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Guerra de narrativas
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As mudanças, dentro e fora da gente, acontecem a partir da nossa capacidade de ouvir, de refletir e de espalhar as histórias por aí

Quem conta uma história tece um encantamento: palavras, ritmos e imagens que conduzem nossa atenção e riscam realidades. Se, dentro das histórias, o diálogo dos personagens entretece os conceitos contraditórios e conflitos que são a própria origem da linguagem, fora delas a disputa é pela atenção dos ouvintes. Uma narrativa torna-se aceita à medida que é recontada. É na interação e na transmissão que ela respira e estabelece-se. Dessa forma, somos a narrativa que repetimos.

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Quando o sol parte e ficamos entretidos ao redor da fogueira ou de frente à telinha, passamos a uma dimensão em que é tênue a fronteira entre o real e o imaginário, o território dos mitos, as sutis engrenagens do nosso modelo social. Esse ritual repete-se há pelo menos 50 mil anos. E, como é da natureza do que é fundamental, histórias são simples. Todas têm começo, meio e fim; personagens e protagonistas; um cenário e um tempo. E mais: toda trama possui um narrador, alguém que escolhe que causo contar, onde o enredo começa e onde termina, o que entra e o que sai. Esse narrador nem sempre é visível, não há como apontar o autor de um mito ou do que entendemos como senso comum.

Repetimos a balela do descobrimento da América sem pensar que aqui já viviam pessoas antes da invasão europeia. Se o uso da linguagem amplifica a capacidade de colaboração histórias determinam e influenciam o comportamento social. Se repetimos a narrativa de opressão, perpetuamos sua essência.

Narrações isentas

A habilidade narrativa determina quem tem voz. A tensão entre grupos em disputa pela narrativa é tão velha quanto a linguagem. Religiões e impérios espalham suas falas e disputam a atenção. Identificar essas narrativas e a quem servem é o caminho para delimitar quem nos fala e inferir o que nos isola ou ajuda a colaborar.

Não existe narrador isento. Por mais cuidadoso que seja, cada um carrega seu conjunto de valores e é perpassado pelos julgamentos e assunções que vêm com a cultura do grupo. Mesmo que não tenha mensagem específica, o contador de histórias sempre parte de sua visão de mundo. Dos mitos invisíveis, o que mais me assusta é o que prega que estamos em guerra contra a natureza. A quem serve o cenário de escassez e a narrativa de medo e violência? Serviços de informação servem o privilégio com eficácia cirúrgica. Por sorte, o bolso cheio de um criativo não inspira como o peito trincado de um artista.

Ouvir uns aos outros e as histórias que nos chegam de forma profunda e atenta está na raiz da mudança de paradigma da qual depende nossa sobrevivência. Intuo que nos aproximamos de um divisor de águas: ou vamos disseminar uma prática viral de colaboração e escuta ou nos estatelar no muro de nossa ganância.

Lucas Tauil de Freitas ouve e conta histórias, aprende encantamentos.

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