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Sobre tomar as melhores decisões
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Receber as cartas tem sido uma alegria para mim. Sinto-me mais conectada com os leitores, com o mundo e com as questões que me cercam, que nem sempre se mostram na totalidade num primeiro momento. Por isso, agradeço quem usa seu tempo para se comunicar comigo.

Percebi que um tema aparece constantemente nas falas das pessoas, como se fosse um “subtema”: são as escolhas, o modo como decidimos tomar nossas decisões.

Escolher é sempre difícil, porque enquanto escolhemos o que ganhamos, também escolhemos o que perdemos. E é aí que a gente se perde, porque vivemos num mundo onde a tônica é: não perca nada, não abra mão de nada, você pode ter tudo agora mesmo.

Esse imperativo é uma boa armadilha, porque como estamos sempre com a sensação de que damos mais do que recebemos na maioria das relações – especialmente nas familiares e nas de trabalho – fica aquela sensação de crédito, de que podemos cobrar essa dívida a qualquer momento.

Nesse cenário, não faz sentido escolher o que se perde. Não faz sentido aceitar que para ganhar, é preciso perder. Mas é assim que é.

E todos nós sabemos disso. No fundo todo mundo sabe que precisa escolher o que quer perder para poder ganhar algo. O escolher está sempre nessa encruzilhada.

Parece-me que uma escolha se anuncia sempre ao fim de um caminho. A estrada onde estávamos caminhando, e já familiarizados, acabou. Ela se “bifurca”.

Encontramo-nos numa ilhota, a famosa encruzilhada, tendo que decidir para onde seguir. Claro que a melhor decisão é a que vem do coração, mas quem consegue ouvi-lo, ainda mais quando se está com medo?

Essas “ilhotas decisórias” são campos profícuos para a perpetuação do medo. Lá, produzimos diálogos mentais que insistem na existência de argumentos que nos ajudarão a tomar a melhor decisão, a decisão “certa”.

Vejo muitos acontecimentos nessas ilhotas. Às vezes a gente que fica se sacudindo de ansiedade, com pressa, esperando ser convencido por algum argumento.

Outras vezes fazemos listas, estudamos pormenorizadamente os prós e os contras, porque isso nos empresta um selo de razão (que contém o auto-engano do controle). As possibilidades são inúmeras.

A gente ama imaginar que é possível ter algum tipo de controle nessa vida.

Eu tenho percebido que, no final das contas, a “boa” decisão, ou seja, aquela que realmente “me cai bem”, é aquela que a gente escuta depois que assume a coragem de sentar e esperar.

De silenciar na ilhota até que venha algo, até que essa conexão delicada entre “coração e mente” ocorra. Nessa espera, muita coisa pode ajudar, especialmente para calar as vozes do medo. Mas, sem dúvidas, o silêncio é o melhor conselheiro…

Myrna Coelho é psicóloga clínica, professora e doutora pela USP. Decidiu recomeçar a vida do outro lado do oceano, onde segue atendendo seus pacientes e dando supervisão online. Por aqui, semanalmente, reflete sobre como podemos viver com mais liberdade de ser. Mande sua mensagem para: [email protected].

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