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Saúde, ficção, poesia: 7 livros para embarcar em uma viagem rumo à Índia
Billeasy | Unsplash
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É muito difícil ter uma visão real da Índia, ou pelo menos diferente da que estamos acostumados no Ocidente: cores quentes, barulho, trânsito e o Ganges. Em meio a um universo de estereótipos, existe uma Índia dos livros que permite ao leitor pintar o país com as próprias cores: as da imaginação.

Eu não sei quando foi que o meu fascínio por esse canto do mundo começou, mas é fato que basta uma mínima sugestão a Ganesha, a um autor com nome diferente ou a uma capa mais colorida para que o livro vá diretinho para a lista de desejados.

E foi assim que, mesmo sem nunca ter posto os pés ao menos perto de território indiano, eu fui colecionando histórias e recortes de um país que parece mais uma galáxia. Sério, como uma brasileira que mal sabe lidar com uma língua unificada e algumas religiões, quase todas de matriz cristãs, ousaria adentrar o místico mágico universo de um país com 20 idiomas oficiais, mais de 1,6 mil dialetos e um sistema de segregação institucionalizado, as castas?

Só mesmo com a ajuda de muitos, muitos, muitos livros. Alguns já lidos, outros que ao longo da vida vão chegar e quem sabe um dia até conhecer de perto a terra da Ayurveda e dos mais loucos longos e dançantes filmes produzidos em Bollywood.

Confira a seleção de livros sobre a Índia:

1) Mude seus horários, mude sua vida – Dr. Suhas Kshirsagar (Editora‏‎ Sextante, 240 páginas)

Quando a tradição milenar da Ayurveda se encontra aos mais recentes estudos da medicina ocidental, o resultado é um livro repleto de exemplos que poderiam ser meus ou seus. Sono desregulado, alimentação desbalanceada, excesso de estresse e tantas outras anomalias tidas como perfeitamente aceitáveis na contemporaneidade são debatidas pelo Dr. Suhas Kshirsagar , que busca de forma leve e prática ajudar o leitor a mudar de vida fazendo pequenos ajustes na rotina.

2) Poemas escritos na Índia – Cecília Meireles (Editora Global, 168 páginas)

Lugares, aromas, pessoas e paisagens se fundem no mosaico cultural da Índia sob o olhar poético de Cecília Meireles. A obra foi publicada em 1953, um ano após a vigem da autora à Índia. É uma verdadeira declaração de amor ao país e à alma do povo indiano. Uma coisa é certa, até quem não gosta de poesia, ou jamais teve vontade de conhecer a Índia, vai sentir aquele frio na espinha que só um belo poema consegue trazer.

3) Todas as cores do céu – Amita Trasi (Editora Harper Collins, 384 páginas)

A realidade do sistema de castas e os seus reflexos na Índia moderna são a estrutura desse romance que tem tons de suspense, pitadas de amor e uma amizade que desconhece limites geográficos e temporais. O mais curioso é perceber que, embora a cultura indiana seja extremamente diferente em muitos pontos, o ser humano em sua essência — no Brasil ou na Índia— , segue sendo uma colcha de retalhos dos mais variados sentimentos. Intenso, um tanto triste e até perturbador, dificilmente o leitor vai conseguir se desprender das páginas até descobrir se a protagonista e sua melhor amigas foram enfim “felizes para sempre”, na medida em que é possível ser feliz após viver a realidade do mercado de crianças e o lado nada colorido das grandes cidades indianas.

4) A Viagem de cem passos – Richard C. Morais (Editora Record, 304 páginas)

Uma história que começa na Índia e termina em Paris não tem como dar errado, não é mesmo? A história da família de Hassan Haji mostra os bastidores políticos de uma Índia pobre e estado permanente de conflito. O detalhe é que essa visão é contada na perspectiva de um Hassan ainda criança, antes de vivenciar uma grande tragédia e mudar com o clã para a Europa. Um livro ainda pouco conhecido no Brasil, mas que merece ser lido, apreciado e sentido como um bom prato de comida indiana. Ou francesa. É apaixonante!

5) A pintora de Henna – Alka Joshi (Editora Verus, 1ª edição, 350 páginas)

Uma aldeia pobre regida pelo sistema de castas e por um intrincado conjunto de crenças e superstições deixa desamparada, ou melhor, persegue uma órfã que precisa fugir para sobreviver. Ajudada por um dos aldeões ela parte em busca de uma irmã que jamais soube existir. Achou com cara de dramalhão? Pois é aí que mora a magia do livro. Em meio a um mar de reviravoltas é possível conhecer múltiplas “índias”, se apaixonar por personagens fortes, determinados, resilientes e cheios de nuances, sendo quase impossível separar vilões de mocinhos. Quer um motivo extra para se jogar nessa leitura? A “pintora de henna” aplica vários conceitos da ayurveda para cuidar, e muitas vezes curar, suas clientes.

6) A distância entre nós – Thrity Umrigar (Editora Globo Livros, 336 páginas)

O que dizer da autora indiana mais famosa no Brasil e muito possivelmente no Ocidente? Nada. Vou deixar os números falarem: 300 mil exemplares vendidos no Brasil. Eu não sei a qual deus da escrita ela foi consagrada ao nascer, mas eu, uma fã de carteirinha posso afirmar que nunca li nada da autora que não fosse delicioso, viciante e com fortes chances de render umas lágrimas (de alegria, emoção, raiva ou tristeza). A autobiografia da Thrity, umas das últimas que li ainda ano passado, explica um pouco o que é possível ver em cada uma das obras da autora: ela não tem só um jeito especial de escrever, mas de ver as coisas e sentir o mundo.

7) O Ministério da felicidade absoluta – Arundhati Roy (Editora Companhia das Letras, 496 páginas)

Sabe aquele livro que encanta na capa, no título, na sinopse? Aí a expectativa, antes mesmo do prefácio, já está nas alturas. Como muito bem dizem por aí, melhor criar galinhas do expectativas, certo? Pois eu comprei “O ministério da felicidade” e trêmula ao abrir as primeiras páginas, fui tomada por uma decepção profunda e abandonei o livro sem nem sair dos primeiros capítulos. Meses se passaram, decidi dar mais uma chance, mas algum romance policial, se não estou enganada um daquela série que a autora do Harry Potter escrever com pseudônimo, roubou o lugar da antiga decepção. O sol deu voltas e voltas ao redor da Terra e um belo dia eu decidi dar a última chance. E sou grata eternamente por insistir: a história de Aftab, que mais tarde se torna a bela Anjum, jamais saiu do meu coração. Eu vi nesse romance uma Índia de preconceito, de conflito, mas também de resistência e de esperança. Vida longa aos livros que têm a hora e lugar certo de serem lidos, não importa o quanto a gente insista no momento errado.

Conto com você para compartilhar a sua história com a Índia, mesmo que ela não tenha ido muito além de uma certa novela famosa pelo casal Maya e Bahuan.

Conhece algum livro indiano ou sobre assuntos relacionados à Índia? Compartilha com a gente! Dica de filme? Oba! Juntos, mesmo sem sair do Brasil, a gente explora mais um pedacinho de lá.


RAYZA FONTES (@rayzagfontesé uma jornalista capixaba, mãe de pet, de planta e de muitos livros. Casada com o seu melhor amigo, sonhadora compulsiva, leitora crônica, fã de café para acordar e champanhe para relaxar. Descobriu muito cedo que ler é a prevenção e a cura para todos os males.

Leia todos os textos da coluna de Rayza Fontes em Vida Simples.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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