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Quantas decisões você toma por dia?
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Uma vez, conversando com o fundador de uma grande empresa de tecnologia, ele me disse que certa vez parou e fez essa conta. Durante as horas que estava trabalhando, tomou duzentos e trinta decisões relativas ao negócio. Um estudo da Cornell University aponta que só em relação a alimentação, são cerca de duzentas e vinte seis. E diferentes fontes na internet concordam com um mesmo número relativo ao total de decisões que um adulto toma em um dia: 35.0000. Mas qual a importância disso?

São os sins e os nãos que você disse, os caminhos que você escolheu ou desprezou que te trouxeram até aqui. Estamos satisfeitos com esse resultado? Talvez não. Porque nem sempre o que desejamos está alinhado com as decisões que tomamos. Tem coisa que a gente quer, mas não prioriza ou na hora da verdade, não tem segurança para decidir. E para aumentar nossa angústia, quanto maior o número de opções, mais frustrados ficamos com o resultado final. Quem diz isso é o psicólogo norte-americano Barry Schwartz, criador do conceito e autor do livro “Paradoxo da Escolha”.

Assim, das menores escolhas, como a bola de sorvete na sorveteria com 120 sabores ou das maiores, como pedir ou não demissão, abrir ou não um negócio; tomar decisões pode ser sofrido. Aliás, você, eu e a pessoa aí do seu lado sofremos com isso. É humano e natural, porque nossas vidas são formadas por esses pequenos e valiosos instantes. Se você olhar pra trás, vai perceber que imediatamente antes dos momentos mais importantes da sua jornada foram suas decisões.

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Ida ao WebSummit e mais decisões

Na última semana, estive no WebSummit, a maior conferência de inovação e tecnologia do mundo, que acontece em Lisboa. E foi lá que Yancey Strickler, fundador do Kickstarter (maior plataforma de crowdfunding do mundo) lançou seu livro “This Could Be Our Future: A Manifesto for a More Generous World” ou em tradução livre, “Esse poderia ser nosso futuro: um manifesto para um mundo mais generoso”.

No livro, Yancey explora um conceito criado por ele, o bentoísmo. O nome é inspirado no bentô, uma espécie de marmita japonesa toda compartimentada, que tem como princípio satisfazer 80% da sua fome. Dessa forma, fica um espaço para seu apetite crescer até a próxima refeição, você não prejudica sua saúde, nem corre o risco de desperdiçar alimentos e impactar negativamente a vida de outras pessoas.

Yancey propõe que levemos o método bentô para a vida, e acredita que o bentoismo é capaz de ajudar pessoas e negócios a tomarem decisões mais coerentes consigo mesmos. O processo de tomada decisão no método é baseado na ideia que ao tomarmos uma decisão, precisamos levar em consideração quatro diferentes dimensões: o eu-agora, o eu-futuro, o nós-agora e o nós-futuro.

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A divisão das diferentes dimensões

O eu agora é a dimensão relativa ao que me preocupa e quero no hoje. É o nosso protetor, que nos mantém seguros e nos confere autonomia. O eu-futuro é nosso guia para o longo prazo e tem estreita relação com nosso propósito e a coragem de buscar nossos grandes sonhos. Já o nós-agora, segundo o fundador do Kickstarter, é a dimensão “das pessoas em que confiamos e que confiam em nós. Nossas famílias, vizinhos, colegas de trabalho, pessoas com quem compartilhamos nacionalidade, etnia, gênero, religião, fãs de esportes e que possuem conosco outras formas de afinidade e conexão”.

Por fim, o futuro-nós é a próxima geração, nossos filhos e os filhos de todas as outras pessoas do mundo. Nessa nossa dimensão, as preocupações são com as questões de longo prazo que dizem respeito ao coletivo.

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Implementação do método

decisões

De acordo com Yancey, toda vez que tivermos uma decisão do tipo “Eu deveria”, podemos usar o método. Assim, tomaríamos decisões mais coerentes conosco, em todas as dimensões que interessam. O que nos preocupa agora e como impacta minha vida hoje. Quais são as consequências dessa escolha na minha história, como em uma autobiografia que quero ter orgulho de ler. O que ela implica na vida das pessoas que estão conectadas a mim e, finalmente, se existe algum reflexo da minha escolha no agora para a vida das minhas próximas gerações.

Por ora tomei a decisão de experimentar o método, sabendo que se desejo construir um futuro diferente e melhor, preciso optar por ele todos os dias de forma consciente e coerente no agora.

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Tiago Belotte é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas  e no Uni-BH. Seu instagram é @tiago_belotte. Escreve nesta coluna quinzenalmente, aos sábados.

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