
Obrigada, minhas bichinhas
Com seu envelhecimento e os problemas que vieram com a idade, me ensinaram ainda mais sobre cuidado, sobre coragem e sobre a impermanência de tudo
Viver significa presenciar inícios e fins. E, à medida que envelhecemos, acabamos por perder muitas coisas que amamos. Perderemos pessoas queridas, amizades, empregos, oportunidades, amores, animais de estimação, saúde, sonhos, esperanças e, algumas vezes, até a nós mesmos.
Para sobreviver, precisamos encontrar formas de lidar com o pesar. É muito natural que, durante algum tempo, fiquemos presos ao pensamento daquela situação, às emoções vividas. E, apesar de difícil, isso não é ruim. Esse tipo de sofrimento começa com o amor de alguém ou algo, ou algum lugar onde já estivemos, e de onde temos boas lembranças. Então, a tristeza que sentimos é um sinal de amor.
Mas, como sabiamente ouvimos, o tempo é o único remédio para amenizar esses pensamentos. Ele pode não apagar nossa dor, mas vai amolecer. E o que fica são as boas memórias, uma coleção de momentos chamada “vida”. Perdi minhas duas cachorrinhas, a Preta e a Branca, recentemente. Quando ainda derramava lágrimas pela perda de uma, a outra decidiu se juntar à irmãzinha com três dias de diferença. Eu não sabia se chorava ainda mais ou se achava aquilo uma prova de amor, algo divino, sem explicação racional. Embora de raças diferentes, elas nasceram praticamente juntas e foram minhas companheiras por 16 anos. Ensinaram-me sobre amor, sobre cuidar, deram-me a chance de testar meus primeiros passos como mãe. Quando Erik nasceu, há quatro anos, elas ficavam ao meu lado o tempo todo.
Companheirismo
Foram duas perdas difíceis de lidar, não apenas pelo fim em si, mas pela comoção geral da minha família: Eugênio, meu marido, que me ajudou a cuidar delas nestes anos todos, estava inconsolável. Erik, ainda pequenino, chorou muito quando soube que elas viraram estrelinhas. Bento, nosso felino, ficou transtornado.
Essas bichinhas me ensinaram sobre adaptação, sobre resignação, sobre viver junto com alguém. Quando as adotei, não foi apenas para me fazer companhia ou para me fazer feliz. Foi também para aprender a cuidar de alguém, a abrir mão de meu egoísmo e entender aos poucos o que é o altruísmo e a compaixão. Com seu envelhecimento e os problemas que vieram com a idade, me ensinaram ainda mais sobre cuidado, sobre coragem e sobre a impermanência de tudo. E, no fim do ciclo, me deram uma demonstração ainda mais linda de companheirismo e amor. Obrigada, minhas bichinhas, foi um privilégio ter tido vocês ao meu lado estes anos todos. Obrigada por tanto ensinamento e por tanto amor! ❤
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