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Mulheres do Século 20, de Mike Mills
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No filme do diretor americano Mike Mills, três mulheres protagonistas nascidas nos anos 1920, 50 e 60, olham pro mundo com lentes nem sempre compatíveis.

O diálogo entre as gerações, inegavelmente, não é fácil, muito menos óbvio. Muitas vezes, nem acontece. Fico pensando no desafio que as pessoas nascidas nos anos 1940 e 50 enfrentam pra lidar com essa dinâmica maluca da vida digital, imediatista e global de hoje. Avós e netos que vivem o mesmo momento, mas entendem a sexualidade, a comunicação, o emprego, a educação, o meio ambiente, os relacionamentos de forma distintas – às vezes até antagônicas. Admiro o vínculo de afeto e respeito que meus filhos e primos têm com os avós – é sinal dessa escuta, da vontade de encontrar um lugar comum de entendimento e aprendizado, mesmo tendo vivido em tempos tão diferentes.

Essencialmente feminino e intimista, Mulheres do Século 20 traz essa reflexão sobre o encontro das gerações – algo com potencial de fazer as pessoas serem mais tolerantes e a convivência, mais amigável. No filme do diretor americano Mike Mills, estamos em 1979, com três mulheres protagonistas nascidas nos anos 1920, 50 e 60, que olham pro mundo com lentes nem sempre compatíveis.

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As personagens

Dorothea (Annette Bening) tem 55 anos, é mulher de vanguarda, espontânea e espirituosa, que não depende do posicionamento masculino pra se reinventar; Abbie (Greta Gerwig) tem quase 30, carrega a cultura punk, feminista, arrojada, corporal; Julie (Elle Fanning), de 17, acredita na psicanálise, é rígida e analítica, trabalha mais no mental. Com a presença masculina de William (Billy Crudup) e Jamie (Lucas Jade Zumann), a vida das três vai se descortinando com humor e casualidade, sem lição de moral ou julgamento. Um elegante exercício de observação, que nos convida a embarcar na história.

E imaginar o futuro dessas mulheres. Quem assistir verá que, no final, cada uma delas narra quais foram suas escolhas. Contam o que aconteceu no seu futuro – como se fosse possível se afastar, olhar de fora e antever a própria história de vida. Uma sacada, porque fortalece ainda mais essa vivência complexa e rica que tiveram juntas, que viria a moldar quem elas seriam no futuro.

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Gosto de imaginar isso também. Como seria frutífero se fosse possível olhar pro hoje com olhos de amanhã, analisar nossos acertos e erros num mundo tão voraz e inconsequente! Afinal, quem sabe o que será de nós? Como os historiadores chamarão os nossos tempos? Contratempos, talvez. Bom exercício, minimizaria alguns erros no presente. Seriamos homens e mulheres mais complementares neste fragmentado século 21.

Onde assistir: Netflix

Suzana Vidigal é tradutora, jornalista e cinéfila. Gosta de pensar que cada filme combina com um estado de espírito, mas gosta ainda mais de compartilhar com as pessoas a experiência que cada filme desperta na mente e na alma. Em 2009 criou o blog Cine Garimpo (www.cinegarimpo.com.br e @cinegarimpo) e traz, quinzenalmente, dicas de filmes pra saborear e refletir. 

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